Veículo blindado é realmente seguro?

Serviço mal feito pode deixar pontos vulneráveis e colocar a vida dos passageiros em risco

O Brasil conta com uma frota de aproximadamente 160 mi veículos blindados, segundo dados da Associação Brasileira de Blindados (Abrablin). Essa é a opção que alguns condutores encontram para conseguir, de certa forma, se proteger da violência do País. Entretanto, ter este tipo de carro não significa estar 100% seguro, já que eles podem apresentar falhas que, muitas vezes, colocam o motorista e os passageiros em perigo.

Atenção: nem sempre o automóvel blindado é 100% seguro | Foto: Divulgação

Hoje, o cliente conta com certificações dos materiais utilizados durante a blindagem, como a concedida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a vidros automotivos, a ABNT NBR 15000, que mede o nível de proteção do sistema de blindagem quanto ao impacto balístico. Esta certificação, entretanto, não é estendida à prestação de serviços, o que deve aumentar a atenção no momento da escolha da empresa que fará a blindagem.

Além disso, Vicente Ancona, diretor da TAE Consultoria e Assessoria em Segurança, informa que os principais erros cometidos durante a blindagem de um veículo estão relacionados à seleção dos recursos materiais de proteção balística e a falhas no processo de montagem, gerando áreas desprotegidas para os usuários. “Mesmo quando um material é certificado, temos que lembrar que a avaliação foi feita apenas com um lote específico. Não existe garantia que as demais séries produzidas, pelo mesmo fornecedor, seguem o padrão daquela que foi certificada”, alerta.

Veículo com proteção balística pode apresentar falhas de proteção | Foto: Divulgação

De acordo com o executivo, a única maneira de ter certeza absoluta se o automóvel está realmente seguro é por meio de uma auditoria. “É preciso analisar toda a estrutura e as instalações da prestadora de serviços, bem como a tecnologia empregada. Também se faz necessário testar os materiais balísticos, tendo como referência as normas nacionais já existentes e as internacionais”, explica.

A TAE Consultoria e Assessoria em Segurança realiza este tipo de trabalho, e ele abrange desde a verificação dos pontos críticos e vulneráveis e o desenvolvimento de soluções, até a análise dos métodos de fixação dos produtos de proteção balística, de montagens dos materiais e de conformidade dos dispositivos empregados na roda.

Ainda segundo Ancona, em seus 15 anos de atividade no ramo, ele conta que nunca pegou um veículo que não tivesse, pelo menos, uma área vulnerável. E quando as falhas são encontradas, é preciso achar soluções o mais rápido possível para minimizá-las e garantir a segurança dos passageiros. “O principal problema é que o proprietário seja induzido a ter uma conduta que coloque ele ou sua família em risco diante de uma situação de emergência. Fazendo uma análise, seria a mesma coisa que saltar de um avião de paraquedas e ele não funcionar”, afirma o especialista.

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Tipos de blindagem

Na blindagem, a carroceria recebe aplicação de manta balística e reforços de aço | Foto: Divulgação

Ancona destaca que nos anos 1990 e 2000, o serviço de blindagem era usado para evitar casos de sequestro, e estava restrito às classes sociais mais elevadas. Depois, ele se popularizau graças às opções de usados, à queda nos preços e também ao aumento da violência urbana.

Atualmente, existem quatro tipos de blindagem para uso civil. São as seguintes: Nível I (é o nível mais baixo de proteção e oferece segurança aos passageiros caso o automóvel seja alvejado com tiros de armas calibres 32 e 38), Nível II e Nível II-A (os dois são são resistentes a armas de calibre 9 mm e também Revólver Magnum 357) e Nível III-A (mais utilizado no Brasil, é resistente contra armas de fogo mais pesadas, como submetralhadoras 9mm e revólver Magnum .44).

Há ainda a blindagem Nível III, mas ela tem uso restrito, já que depende da autorização da Diretoria Federal de Produtos Controlados, ligada ao Exército Brasileiro, e as Nível IV e Nível V, só que estas são utilizadas apenas em veículos de guerra.

O processo para blindar um veículo é dividido em quatro etapas. Na primeira delas, o carro é desmontado, e em seguida, remontado com a manta balística e as partes de proteção em aço. A terceira fase é a montagem dos vidros. Depois são feitos os acabamentos.

Carro precisa ser totalmente desmontado para receber a blindagem | Foto: Divulgação

Apesar das proteções poderem ser aplicadas em qualquer veículo, o diretor da TAE indica o serviço apenas para os modelos com motor acima de duas mil cilindradas, como sedãs de grande porte e SUVs. Ele informa que um zero-quilômetro blindado pode ser encontrado na faixa de R$ 45 mil a R$ 60 mil, para nível 3A. “Mas, no mercado de revenda de usados, este custo cai cerca de 30% a 40% a cada ano de uso, pois o automóvel perde seu valor como negócio”, finaliza Ancona.

 

Escrito por

Maria Beatriz Vaccari

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