Vale a pena comprar carro na Black Friday? Veja opinião de especialistas

O mercado brasileiro já se prepara para a Black Friday 2021, incluindo o setor automotivo. A data oficial é 26 de novembro, mas o “show de promoções” pode começar antes ou mesmo se prolongar, sempre prometendo descontos e condições imperdíveis para os consumidores.

Porém, será que realmente vale a pena comprar carro na Black Friday 2021? Para esclarecer, o Garagem360 consultou fontes. Também conversamos com o economista Marcio Falcão, atual gerente de projetos do instituto de pesquisas Data Popular e mestrado em Economia.

Afinal, vale comprar carro na Black Friday?

Primeiramente, comprar um carro aproveitando promoções e condições da Black Friday é uma decisão cuja resposta imediata é: Depende!

Isso porque se por um lado podemos conseguir um excelente negócio, por outro não podemos desconsiderar demais custos que um automóvel demanda. Além disso, temos de levar em conta o momento atual – tanto no que diz respeito à economia quanto ao mercado automotivo em geral.

Dessa forma, antes de tomar a decisão de comprar carro na Black Friday, vale ponderar alguns pontos que o economista Marcio Falcão pontuou ao Garagem360. Vamos lá!

Impulso x Necessidade

Todas as ações de marketing usadas de forma estratégica na Black Friday, muitas vezes, resultam na empolgação do consumidor. Assim, quem se empolga pode acabar agindo por impulso… E, devido aos altos valores dos carros em geral, esse impulso pode terminar em frustração ou transtornos ainda piores.

De acordo com o especialista, a aquisição de um automóvel inclui diversas outras despesas. Por exemplo: IPVA, seguro, manutenção e outros gastos. “Ao comprar por impulso, essas despesas acabam sendo ignoradas pelo consumidor”, aponta o economista.

Também, o Projeto Cidadania Financeira do Banco Central do Brasil alerta que a prática de diferenciar as compras por impulso das por necessidade é fundamental para o não endividamento e o não arrependimento. Além disso, não se trata de desistir de um desejo, mas de realizá-lo conforme um planejamento de possibilidades financeiras.

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Como andam as suas finanças?

Uma questão não separada da relação impulso x necessidade, comprar um carro é uma decisão que requer também uma análise minuciosa da sua vida financeira.

Por exemplo, de acordo com economista Marcio Falcão, os juros no Brasil, mesmo que ainda não sejam os maiores dos últimos dois, estão altos e devem seguir essa tendência. No dia 27/10, de acordo com o economista, a taxa Selic básica de juros – que rege a economia do país – fechou em 7,75 ao ano.

Assim, levando em conta os juros atuais e a tendência de alta, vale sentar e fazer as contas de quanto um produto irá lhe custar no final e do quanto irá comprometer as suas finanças.

Até mesmo porque, de acordo com Falcão, o carro compreende custos como seguro, estacionamento, manutenção. Além, é claro, dos combustíveis, que vêm sofrendo alta todos os meses.

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Dessa forma, pode ser que valha a pena comprar carro na Black Friday. Ou, então, é preferível abrir mão das condições especiais e adquirir bem em outro momento.

De acordo com o economista, talvez, alguns dos maiores problemas que costumam confundir os consumidores é que na compra de automóveis não tem uma “fórmula” em relação respeito ao comprometimento do orçamento. Por exemplo, como há com o financiamento de imóveis (que, em geral, recomenda-se não ultrapassar o 30% do orçamento). Assim, os consumidores ficam carecendo de “parâmetros” para fazer as contas.

“Comprar um carro, então, compreende um estudo por parte do consumidor. Por exemplo, é importante verificar se a já há comprometimento da renda com outros financiamentos. Além de sempre levar em consideração os demais gastos que um automóvel acarreta “, explica Marcio Falcão.

E a entrega, como fica?

Por fim, mas não menos importante, não se esqueça de que desde o início de 2021, o mercado automotivo vem, com frequência, demonstrando demora e atrasos nas entregas de veículos.

O problema acontece, em especial, devido à crise global da falta de componentes, como os semicondutores. Por exemplo, o tempo médio de entrega pode chegar a 150 dias, de acordo com apuração do jornal O Estado de Minas no último mês de agosto.

Além disso, no último mês de setembro, conforme com dados Anfavea, a produção de carros no Brasil teve leve alta de 5,6% em relação a agosto – o que não basta para mudar o tempo de entrega.

Isso porque, por outro lado, comparando setembro de 2021 com o do ano anterior, a queda na produção foi de mais de 20%. Dessa forma, os estoques, até agora, continuam em falta – mais um dos motivos que explicam a demora na entrega.

Portanto, além das observações feitas pelo economista Marcio Falcão, é preciso estar atento ao prazo de entrega do carro adquirido, em especial, na Black Friday 2021 – já que a ação promocional tende a vender mais do que no decorrer do ano, assim, atrasando ainda mais a chegada do bem.

Ainda em relação aos prazos de entrega, de acordo com o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, a situação não deve mudar até 2022.

“A expectativa da indústria é que o problema (escassez de chips) comece a ser resolvido a partir do segundo semestre de 2022. Estamos tentando mitigar o risco, mas é muito difícil afirmar que esse tema vai ser resolvido (esse ano)”, disse Moraes, em entrevista à imprensa, no inicio do mês desse mês”

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Escrito por

Erica Franco

Jornalista por formação com mais de 15 anos de experiência em redação geral e automobilística. Passagens pelo caderno "Máquina e Moto" do Jornal Agora São Paulo, Folha online, Jovem Pan, Uol, Mil Milhas, Revista Consumidor Moderno, Portal No Varejo, entre outros. Atualmente dedica-se a função de editora do portal Garagem360, apurando notícias do universo automotivo e garantindo o padrão de qualidade dos conteúdos veiculados.