Obrigatoriedade de ligar o farol baixo durante o dia está perto de se tornar realidade
Esqueça a regra de que os faróis foram feitos para serem usados apenas durante à noite, em locais escuros ou em momentos de chuva ou neblina. Ao que tudo indica, o seu uso será necessário também durante o dia. Isso porque um projeto de lei que obriga o motorista a acender o farol baixo em estradas já foi aprovado pela Câmara dos Deputados, e agora, deve passar por uma revisão no Senado.
Criada pelo deputado Rubens Bueno (PPS-PR) em 2013, a proposta 5070/13 indica que o uso da luz diurna nas rodovias ajuda a reduzir os riscos no trânsito. “Os condutores envolvidos em acidentes nas vias rápidas continuam relatando que não visualizaram o outro veículo a tempo para tentar uma manobra e evitar a colisão”, disse Bueno à Agência Câmara de Notícias. A justificativa do documento também indica que “os designs modernos dos veículos e as novas cores utilizadas vem contribuindo para ofuscá-los no meio ambiente mesmo durante o dia”.
A infração para quem não cumprir a regra será considerada média. O motorista receberá uma multa de R$ 85,13 e terá quatro pontos retirados da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Antes do projeto de lei ter sido colocado em prática, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) já havia se manifestado sobre o assunto. Com a intenção de conscientizar os motoristas sobre a importância do uso do farol baixo nas estradas, o órgão passou a recomendar a utilização do equipamento mesmo durante o dia. Ainda assim, poucos adotaram a prática, e os acidentes causados pela falta de visibilidade continuaram.
“A implantação dessa obrigatoriedade ajuda na sinalização para outros motoristas e pedestres. Assim, o carro passa a se destacar e ser mais visto. Essa prática pode auxiliar bastante, principalmente em pistas de mão dupla”, explica Vilson Tolfo, diretor de Segurança Veicular da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA).
Segundo a Administração Nacional de Segurança de Tráfego em Rodovias (NHTSA), órgão dos Estados Unidos, o uso dos faróis baixos durante o dia ajudam a reduzir os acidentes com pedestres e ciclistas em 12%, e as colisões entre veículos em 5%. Aqui no Brasil ainda não existem muitos resultados, mas baseada em estudos, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) indica que o uso das luzes diurnas aumenta a visibilidade em 60%.
Apesar do benefício, Tolfo ressalta que a mudança pode impactar no bolso do motorista. “É importante lembrar que, se o condutor pega muito a estrada, ele vai usar o farol constantemente. Com isso, as lâmpadas, que não foram planejadas para uso contínuo, terão de ser trocadas com mais frequência. Outro ponto negativo é que o processo também aumenta o consumo de energia do carro.”
DRL (Daytime Running Light)
Para o engenheiro, o sistema DRL (Daytime Running Light) é mais eficiente do que os faróis baixos. Já presente em uma série de automóveis vendidos no Brasil (Fiat 500, Citröen C3 e Peugeot 208, por exemplo), e obrigatória nos Estados Unidos e em uma série de países da Europa, ele tem o mesmo propósito do uso dos faróis baixos durante o dia.
As luzes de led, localizadas na parte dianteira dos veículos, ajudam a ampliar a visibilidade dos motoristas e dispensam que se ligue os faróis quando está claro. “Por ter sido projetado exclusivamente para uso diurno, o DRL se mostra mais perceptivo e chamativo”, afirma Tolfo.
Leonardo Figueiredo, gerente de Produto da Philips Automotiva, concorda. “O DRL é mais eficiente porque foi desenvolvido para tal finalidade, sem contar com a tecnologia led, que oferece mais durabilidade, economia de energia e luminosidade.”. Outra vantagem é que as lâmpadas são ativadas no momento em que o motorista liga o carro, evitando eventuais esquecimentos,
Motocicletas
No caso dos motociclistas, segundo o artigo 244 do Código Brasileiro de Trânsito (CTB), eles devem rodar sempre com os faróis ligados, independentemente do horário. A medida também serve para aumentar a visibilidade e reduzir o número de acidentes. Quem não cumprir a obrigatoriedade, fica sujeito a uma multa de R$ 191,54 e suspensão da (CNH) durante um período que pode variar de um a três meses.
