Uber nos anos 60? Jornalista nos conta essa história

Imagine estar parado no trânsito e do nada alguém entrar no seu carro e indiciar o trajeto desejado. A realidade até parece comum, mas quando se trata de motoristas de transporte por aplicativo ou táxi. No entanto, nos anos 60 a realidade era diferente.

Conheça a história da viagem de uber a bordo de um fusca durante os anos 60
Conheça a história da viagem de uber a bordo de um fusca durante os anos 60 (Foto: Divulgação)

Passageira inusitada já idealizava as corridas de Uber nos anos 60

Qual seria a sua reação se enquanto estiver parado no trânsito ou em qualquer outro lugar, alguém entrasse no seu carro e solicitar uma viagem até determinado local?

Provavelmente seria de estranhamento em um primeiro momento, porém, até compreensível, tendo em vista a quantidade de carros de motoristas parceiros de empresas de transporte por aplicativo. No entanto, nos 60 anos a história era diferente.

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No entanto, o fato realmente aconteceu com o jornalista Luiz Carlos Secco. Ele relata que em um sábado à tarde, quando deixou o apartamento em que residia no bairro de Vila Romana e saiu para o trabalho no jornal, localizado na antiga sede da Rua Major Quedinho, onde depois funcionou o Diário Popular.

Uma das opções de seu itinerário era usar a Avenida Pacaembu, até chegar à rotatória em frente ao estádio e tomar a esquerda em direção à Praça Buenos Aires, com passagem em frente da FAAP e pela praça de Vila Boím.

Depois, descer a rua em frente ao Mackenzie e usar a Major Sertório para, um pouco à frente, cruzar a Avenida Ipiranga e chegar ao jornal pela Rua ou Avenida São Luiz.

No entanto, ao se aproximar da rotatória em frente ao estádio, em seu primeiro carro, um DKW Vemag cinza-chumbo e teto branco, que segundo ele, estava muito bem-cuidado, ele parou no semáforo que estava fechado à espera da luz verde.

“De repente a porta traseira foi aberta por uma elegante senhora e sem me dar tempo de perguntar o que desejava, ajeitou-se e, de forma simpática, mas firme, me transmitiu: “por favor, me leve até a Aclimação”.” Comenta Secco.

Conheça a história da viagem de uber a bordo de um fusca durante os anos 60
A senhora havia confundido o carro com um táxi (Foto: Divulgação)

Ele explica que naturalmente, entendeu que ela havia o confundido com um taxista e como estava adiantado em seu horário para início do trabalho no jornal, decidiu obedecer a ordem da simpática senhora.

“Fiz exatamente o caminho que cumpria diariamente para chegar ao jornal, mas passei por ele seguindo pelo Viaduto Maria Paula e Rua Conselheiro Furtado, caminho de acesso à Aclimação. Embora silenciosa, durante a viagem a mulher comentou que meu carro estava muito novo e soltou o tradicional “o senhor cuida dele muito bem”.

Após cruzar a Rua Tamandaré, a senhora pediu para estacionar em frente a uma residência. Antes de descer, perguntou para o mais recente motorista pelo valor da corrida.

Porém, ele explicou que não poderia cobrar porque não era um taxista, que ela entrara no carro por engano e ele não quis deixá-la envergonhada ou preocupada.

“Inicialmente, a mulher não entendeu e voltou a perguntar o valor da corrida. Reforcei que não poderia cobrar e que a acolhi no automóvel para vivenciar uma experiência de vida. Expliquei que era jornalista, onde trabalhava e que havia gostado da oportunidade de ter tido o meu dia de motorista.”

Claramente envergonhada, a mulher pediu desculpas, e ainda tentou convencer Luiz Carlos a receber algum valor pela corrida e, ao final, levou pelo lado esportivo a confusão estabelecida.

“Depois desses momentos de diversão e experiência inusitada, retomei o meu caminho para o jornal para mais um dia de trabalho.

E pensar que aquela elegante senhora nem imaginava que, nas horas vagas, o seu motorista se aventura atrás dos segredos da indústria automotiva brasileira, muitas vezes dirigindo em fugas para salvar as fotos de imagens que, com a ajuda de fotógrafos, já estavam registradas.”

Conheça a história da viagem de uber a bordo de um fusca durante os anos 60
Hoje, a história seria um tanto quanto diferente (Foto: Divulgação)

 

Nicole Santana
Nicole SantanaJornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.
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