Transporte público: Curitiba inicia testes com ônibus movido a GNV

Em parceria a Companhia Paranaense de Gás (Compagas) e a montadora Scania, a prefeitura de Curitiba iniciou, na segunda-feira (17) testes com ônibus 100% movido a gás natural veicular (GNV) no transporte coletivo da capital paranaense. A ação faz parte de um projeto ligado à mobilidade urbana sustentável.

Saiba mais sobre os testes com ônibus movido a GNV em Curitiba

O projeto da prefeitura tem por objetivo certificar os indicadores de eficiência, em especial, a redução nas emissões de poluentes na utilização do veículo durante o período de 30 dias.

Presente no lançamento da ação, o prefeito da cidade, Rafael Greca (PSD), destaca ser mais um passo que a cidade avança na busca por uma mobilidade mais inteligente e menos poluidora: “A ideia é, com esses ônibus a gás, conquistar a eficiência energética, transporte inteligente e seguro com combustíveis renováveis até chegarmos à completa renovação da nossa frota com eletrificação. Essa solução é mais imediata, é feita em casa, pois usa o gás da Compagas.”

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Transporte público: Curitiba inicia testes com ônibus movido a GNV
Teste será realizado em linha de grande movimento (Foto: Ricardo Marajó/SMCS)

O ônibus da Scania fará a linha Cabral-Portão. Nesse trajeto, são transportadas mais de 10 mil pessoas por dia útil, em uma frota de 12 veículos que percorrem 26 quilômetros de itinerário. O ônibus a gás se somará a essa frota e vai funcionar entre os horários dos ônibus convencionais da linha. 

O veículo movido 100% a gás já vinha sendo testado na Região Metropolitana de Curitiba. “Escolhemos uma linha com grande movimento para esse teste que permitirá que a Urbs verifique indicadores de eficiência do modelo movido a gás natural e também a redução de poluentes”, diz Ogeny Pedro Maia Neto, presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs).

Segundo destaca a Compagas, o gás natural, mesmo sendo de origem fóssil, é menos poluente que os combustíveis líquidos em razão de sua queima mais limpa, com menos fuligem e menor geração de dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases do efeito estufa. Em comparação com o diesel, o veículo movido a gás natural pode emitir até 20% menos CO2 – já a redução de óxidos de nitrogênio (NOx) é de quase 90% e a de material particulado chega a 85%.

De acordo com o presidente da Compagas, Rafael Lamastra Jr, o uso do GNV em veículos do transporte coletivo e de cargas é uma realidade em diversas cidades do mundo, como Madri (Espanha), Los Angeles (Estados Unidos) e Bogotá (Colômbia).

“A substituição de veículos movidos a diesel por gás natural contribui não apenas com o meio ambiente e com a saúde da população, mas também com a economia, visto a menor dependência do diesel importado, proporcionando um melhor custo operacional para frotas e empresas”, aponta Lamastra.

Além do GNV, ônibus da Scania pode rodar com biometano

O modelo utilizado no projeto é o Padrón Scania K280, com 14 metros de comprimento e capacidade para 86 passageiros. O ônibus é equipado com elevador para acessibilidade e espaço interno para cadeirantes. 

O modelo K 280 tem propulsor de 280 cv de potência. Seu motor é Ciclo Otto (o mesmo conceito dos automóveis) é movido 100% a GNV ou biometano, ou mistura de ambos. A montadora destaca que não se trata de um veículo convertido do diesel para o gás. Em função disso, tem garantia de fábrica, tecnologia confiável e segura, desempenho consistente e força semelhante ao similar a diesel, além de ser mais silencioso. 

Transporte público: Curitiba inicia testes com ônibus movido a GNV
Prefeito Greca revela o compartimento do cilindro que abastece o ônibus (Foto: Ricardo Marajó/SMCS)

Para o ônibus em teste, foram instalados oito cilindros de gás na lateral dianteira com uma autonomia de 300 km. Tanto os cilindros como as válvulas são certificados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). 

São três válvulas (vazão, pressão e temperatura) que liberam o gás em caso de anomalia em um destes três quesitos. Os cilindros são extremamente robustos (o material é de ogivas de mísseis). Em caso de incêndio ou batida o gás é liberado para a atmosfera e se dissolve sem perigo de explosão – ao contrário de um veículo similar abastecido a diesel que é mais perigoso, pois o líquido fica no chão ou pode se espalhar ao longo da carroceria.

O motorista Juarez Junior Silva Gonçalves, da empresa Auto Viação Redentor, que conduziu o ônibus até a sede da prefeitura de Curitiba, afirma estar empolgado para começar a operar o veículo. “O ônibus é muito silencioso e mais confortável tanto para nós motoristas quanto para os passageiros. Estou animado em começar a trabalhar. Isso é algo novo, o transporte precisa evoluir para poluir menos”, destaca Gonçalves.

Paulo Silveira Lima
Paulo Silveira LimaJornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.
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