Trabalhadores aprovam proposta da Caoa Chery e receberão até 15 salários

Os trabalhadores da fábrica da Caoa Chery em Jacareí (SP) aprovaram em assembleia, nesta sexta-feira (10), o plano de indenização social para aqueles que vierem a ser demitidos com o fechamento da fábrica. A proposta havia sido apresentada pela empresa em audiência ocorrida ontem no Ministério Público do Trabalho (MPF).

Fechamento da fábrica da Caoa Chery

A votação foi realizada na subsede do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região (SindMetal). No pacote aprovado, os 489 trabalhadores que serão desligados da fábrica receberão indenização de nove a 15 salários nominais (com teto de R$ 5 mil por salário).

O valor irá variar de acordo com o tempo de serviço de cada um. O desligamento acontecerá no dia 1º de julho.

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A Caoa Chery também se comprometeu a estender o convênio médico, o plano odontológico e o vale-alimentação por 12 meses, contados a partir da data de demissão.

A direção da fábrica assinou compromisso de dar prioridade aos atuais dispensados nas contratações relacionadas à reinauguração da fábrica quando modernizada, o que está previsto para até 2025.

Segundo a direção da montadora, 100 trabalhadores permanecerão empregados em setores de vendas, pós-venda, manutenção, qualidade e logística. 

Dentro desse grupo estão integrantes da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), acidentados e outros que têm estabilidade no trabalho. Aqueles que não quiserem ficar terão direito à indenização.

Fábrica não será fechada em definitivo

Caoa Chery – fábrica em Jacareí (Foto: Divulgação)

Nas negociações com o SindMetal e o MPF, os representantes da montadora reiteraram que em 2025, ou até mesmo antes, a fábrica de Jacareí será reaberta.

O sindicato vai cobrar esse compromisso e exigir que os governos federal, estadual e municipal também façam essa cobrança”, afirma o SindMetal em seu site. “Até agora, o poder público não fez sua parte na luta contra o fechamento de mais uma fábrica na região e a desindustrialização pela qual passa o país”.

“Não vamos aceitar o fechamento da fábrica. A empresa foi beneficiada com incentivos fiscais e obras públicas, portanto tem de assumir sua responsabilidade com a cidade e os trabalhadores”, afirma o diretor Guirá Borba Guimarães. “O acordo aprovado hoje não significa o fim da guerra. Continuaremos juntos, organizados, para que a fábrica volte a operar em Jacareí”, ressalta.

(Foto: Roosevelt Cássio / Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região)

O fechamento da fábrica

No dia 5 de maio, a Caoa Chery anunciou o fechamento da fábrica de Jacareí e a demissão de cerca de 480 trabalhadores. Na ocasião, a empresa explicou que faria o reposicionamento da sua gama de produtos no mercado nacional, prometendo eletrificar todos os modelos de seu portfólio até o fim de 2023. 

A montadora informou ainda que essa readequação tinha por objetivo aumentar sua competitividade no âmbito nacional e internacional, seguindo os movimentos tecnológicos da indústria automotiva mundial. 

A adaptação da unidade de Jacareí, de acordo com a montadora, teria como parâmetro os processos produtivos adotados na fábrica da Caoa em Anápolis (GO), que deve receber novos lançamentos no segundo semestre deste ano. 

A fábrica em Jacareí era responsável pela produção dos modelos Tiggo 3 e Arizzo 6. Com a desmobilização, a empresa demitiu toda a equipe de produção e metade dos funcionários do setor administrativo.

Paulo Silveira LimaJornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.
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