Torque e potência: entenda como funcionam e qual a verdadeira função de ambos em seu carro

Qualquer ficha técnica (que se preze) sobre motores informa dois dados em destaque: o torque e a potência. Ao longo dos anos, diversos mitos – e algumas informações desencontradas – surgiram. O objetivo dessa reportagem do Garagem360 é explicar como cada uma dessas grandezas funciona e o que elas representam no uso diário dos motoristas.

Primeiro, é preciso entender melhor o que elas são. “O torque basicamente é uma força aplicada a algo”, afirma o engenheiro mecânico e professor na FEI Rafael Serralvo. Ao apertar um parafuso, por exemplo, é aplicado um torque para fazê-lo girar.

Quer ganhar um e-book exclusivo com dicas para cuidar melhor de seu veículo? Assine nossa newsletter neste link.

Em um motor, é ele obtido após a explosão no interior do cilindro. Essa força pressiona o pistão para baixo, que move o virabrequim e faz com que as rodas girem. Embora esteja diretamente ligado à potência, já que ela nada mais que é o resultado entre a multiplicação entre o torque e a rotação, o mais importante é a forma como essa força é transferida para as rodas do carro.

Chefe da divisão de motores e veículos do Centro de Pesquisas do Instituto Mauá de Tecnologia, Renato Romio diz que essa situação pode ser comparada a uma bicicleta. “Uma pessoa muito forte consegue mover um peso grande, mas a uma velocidade baixa, pois não consegue girar os pedais muito rapidamente”, explica. “Por outro lado, uma pessoa mais fraca não vai conseguir mover o mesmo peso, mas consegue ir mais rápido porque consegue mover o pedal mais facilmente.”

Na prática

O torque máximo é alcançado sempre em rotações mais baixas, enquanto a potência total só chega nos giros mais altos. Para um propulsor ser utilizável em veículos de passeio o ideal é que essa distância entre o ápice de ambas seja o menor possível. “Isso faz com que o rodar seja mais confortável e sem exigir tantas trocas de marcha, porque quando se enfrenta uma subida, a potência cai e o torque aparece. Para vencê-la, é preciso reduzir a marcha e com isso também se perde velocidade.” Se essa distância entre ambos for muito grande, um carro até conseguirá encarar um aclive, mas em uma velocidade baixa.

O fato é que as duas grandezas são importantes para um veículo. Nos últimos meses, a Volkswagen mudou a nomenclatura de seus modelos. O Polo foi o responsável por inaugurar essa nova filosofia, estampando em sua traseira o logo 200TSI. O numeral faz referência aos 200 Nm de torque que o motor 1.0 turbo de três cilindros é capaz de gerar. A potência máxima é de 128 cv.

Pegando o hatch como exemplo, sua faixa ideal de torque é entre as 2 mil e 3.500 rpm. Já a potência total só aparece em 5.500 rpm. Com dois mil giros, seu motor produz 57,1 cv, quase a metade de sua capacidade total.

LEIA MAIS: Gasolina, etanol, eletricidade: conheça prós e contras dos combustíveis automotivos

Dicas para se dar bem na prova da CNH

Para efeito de comparação, o propulsor 1,6l Gamma do Hyundai HB20 gera os mesmos 128 cv de potência, mas a 6 mil rpm. Já o torque máximo é de 161,80 Nm a 4 mil rpm. Nos mesmos 2 mil giros do 1,0l turbo da VW o propulsor de origem coreana entrega 36,2 cv e 127,48 Nm de torque. Retornando ao exemplo da subida, ambos os carros conseguem vencê-la, mas o modelo alemão faria isso mais rápido e podendo carregar mais peso que o popular da marca asiática. Para que o HB20 consiga acompanhá-lo, é necessário pisar mais no acelerador para compensar essa diferença entre os dois motores.

“O mais importante ao avaliar um propulsor não é nem o número final, mas como isso é entregue ao longo das rotações”, explica Rafael Serralvo. No caso do TSI da Volkswagen, e de muitos outros turbinados, o torque máximo vem assim que o veículo começa a andar. Isso não significa que esse tipo de propulsor seja melhor do que os aspirados, apenas que são mais eficientes nessas rotações mais baixas.

No fim o que vale mesmo é como o carro consegue transformar esse torque do motor em potência para as rodas. Para o uso urbano não adianta um grande número se ele só for obtido em altas rotações. O fundamental é que o propulsor seja elástico, que é quando essa distribuição entre os dois é feita de maneira equilibrada conforme o motor sobre o giro.

Testados

Agora que ficou mais claro o que cada um representa, confira na galeria todos os modelos testados pelo Garagem360 em 2017. Para treinar, em todas as avaliações há uma ficha técnica completa, inclusive com os dados de potência e torque.

 

Leo Alves
Leo AlvesJornalista formado na Universidade Metodista de São Paulo e participante do curso livre de Jornalismo Automotivo da Faculdade Cásper Líbero, sou apaixonado por carros desde que me conheço por gente. Já escrevi sobre tecnologia, turismo e futebol, mas o meu coração é impulsionado por motores e quatro rodas (embora goste muito de aviação também). Já estive na mesma sala que Lewis Hamilton, conversei com Rubens Barrichello e entrevistei Christian Fittipaldi.
ASSISTA AGORA
Veja mais ›
Fechar