Testamos: Nissan Leaf comprova a evolução dos elétricos

Quando penso no Nissan Leaf, a primeira lembrança que tenho é de um episódio do Top Gear, apresentado na época pelo trio Jeremy Clarkson, James May e Richard Hammond, que hoje comandam o Grand Tour, no Prime Video. No episódio em questão, Clarkson e May testam o Leaf e o Peugeot iON, enquanto buscam novas formas mais rápidas de carregamento para os veículos.

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Na ocasião, há quase 10 anos, a dupla foi cruel com os elétricos, criticando praticamente tudo neles, em especial a baixa autonomia. Eis que o tempo passou, o Leaf ganhou uma segunda geração e, hoje, consegue até mesmo fazer uma viagem curta sem precisar ficar espertado em uma tomada. Tive um breve contato com o modelo (apenas dois dias), mas foi o suficiente para perceber que a lembrança que tive ao volante foi mais marcante que a memória como espectador do programa britânico.

Nissan Leaf: como anda

O silêncio a bordo do Leaf impressiona. A ausência de ruído é natural em um carro movido a eletricidade, mas é um tanto quanto estranho ganhar velocidade sem ouvir nada. Na verdade, escuta-se o barulho do vento passando pela carroceria do hatch, principalmente em trechos de rodovias. O propulsor, por sua vez, emite apenas um discreto zumbido.

Ao sair com o carro, o desempenho não empolgou. Ele se locomovia bem, mas não apresentava nenhum vigor. Foi quando notei que o botão Eco estava acionado. Assim que desativei a opção econômica, o carro se transformou. Tive que aliviar o pedal do acelerador pois o Leaf deu um salto para a frente, como se fosse um atleta em uma prova de 100 metros rasos. Foi impressionante como o elétrico mudou de comportamento, tornando-se um carro mais agradável ao volante.

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Nissan Leaf

Motorização: elétrico 110 W – kW de 149 cv (a 9.795 rpm)

Bateria: íon de lítio laminada (40 kWh)

Torque máximo líquido: 32,6 kgfm a 3.283 rpm

Transmissão: automática

Peso: 1.580 kg

Porta-malas: 435 L

Consumo médio: 16.3 kWh a cada 100 km

Preço: R$ 195 mil (inclui o wallbox)

Pontos positivos: desempenho, conforto a bordo, dirigibilidade

Pontos negativos: preço alto, autonomia razoável e acabamento simples

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Inclusive, é preciso destacar os diferentes modos de condução do carro. Com o e-pedal ativado, não é necessário nem pisar no freio. Ao tirar o pé do acelerador, a redução é tão brusca que pode parar completamente o veículo sem dificuldades. Entretanto, achei melhor conduzi-lo da maneira tradicional, na função drive. Há também o modo B, que é bem similar ao e-pedal, mas um pouco menos bruto nas reduções, que ajudam a recarregar a bateria.

Autonomia e recarga

Se em um carro a combustão é praticamente impossível realizar um abastecimento na garagem (exceto em emergências), em um elétrico isso é comum e necessário. Quem compra um Leaf, leva um carregador de parede (wallbox) e o cabo de emergência – este, presente na unidade testada. Mesmo sem haver a necessidade efetiva de uma recarga, ela foi feita por conta do teste. Só havia tomadas 110V na garagem, o que não é o ideal, já que demanda mais tempo.

Como a bateria estava praticamente cheia no momento da recarga (90%), não foi possível calcular quanto tempo demorou para ela ser completada. Segundo a Nissan, a recarga com o cabo de emergência o é recomendada apenas quando não há pressa, já que demoraria a noite toda para carregar a bateria completamente. Com o wallbox, o tempo estimado é de 8h. Já o carregador rápido pode carregar 80% da bateria em menos de uma hora.

Realizar a recarga no Leaf é simples. Basta apertar um botão no painel do veículo para abrir o acesso ao conector. Com ele aberto, basta plugar o cabo, que é travado automaticamente e só pode ser destravado pelo botão de abertura das portas na chave. Ao ligar o carro na tomada, três luzes azuis se acendem no painel, de modo que elas podem ser vistas tanto internamente quanto externamente. Quando as três ficam estáticas, a carga está completa.

Nissan Leaf sendo recarregado com o cabo de emergência |Foto: Leo Alves

De acordo com o computador de bordo, a autonomia máxima do carro testado era de pouco mais de 200 km. É curioso o quanto o ar-condicionado interfere no consumo, já que bastava desligá-lo para a distância aumentar em 20 km.

Compra e mercado

Em termos de espaço e conforto, o Leaf se assemelha a um hatch médio. Ele tem espaço para quatro adultos e um bom porta-malas de 435 litros. A posição de dirigir é agradável, os instrumentos tem leitura fácil e o carro oferece um bom acabamento interno. Entretanto, seu preço é alto. É necessário desembolsar R$ 195 mil para levar o elétrico para a garagem. A economia e o desempenho agradam, mas o Leaf não foi feito para custar o mesmo que carros premium. Seu acabamento é bom, porém simples. Por ser um dos poucos elétricos disponíveis no mercado nacional, vale a pena conhecer o modelo.

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O carro da Nissan é a prova de evolução dos elétricos, sendo mais atraente e eficiente que o modelo anterior. Não deve demorar muito para que eles recebam baterias ainda melhores, o que deve aumentar em muito a autonomia.

 

 

 

Leo Alves
Leo AlvesJornalista formado na Universidade Metodista de São Paulo e participante do curso livre de Jornalismo Automotivo da Faculdade Cásper Líbero, sou apaixonado por carros desde que me conheço por gente. Já escrevi sobre tecnologia, turismo e futebol, mas o meu coração é impulsionado por motores e quatro rodas (embora goste muito de aviação também). Já estive na mesma sala que Lewis Hamilton, conversei com Rubens Barrichello e entrevistei Christian Fittipaldi.
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