Testamos: Fiat Toro Ranch agrada pelo visual e surpreende ao volante

A Fiat Toro é um dos maiores cases de sucesso do mercado brasileiro recente. Lançada em 2016, a picape chegou para cobrir a lacuna que havia entre as compactas (que inclui a Fiat Strada) e médias (como Chevrolet S10, Toyota Hilux e Ford Ranger). Ela não foi a primeira no mercado, já que a Renault Duster Oroch chegou antes, mas se destacou mais que a rival por ser maior, mais refinada e ainda ter a opção diesel com tração integral, ideal para quem precisa carregar bastante peso.

Com todos esses atributos, a Toro dominou completamente o mercado e só não vende mais que a irmã Strada – outro fenômeno da marca italiana. Por isso, como ainda não havia andando no modelo diesel da picape, solicitei à Fiat uma opção com este motor para os testes do Garagem360. E após uma semana e mais de 300 km rodados com a versão Ranch de R$ 182 mil, chegou a hora de revelar tudo o que a picape apresentou durante o período de análise.

Fiat Toro Ranch: pacote completo

A Fiat Toro Ranch é a segunda mais cara da linha, só perdendo para a Ultra. Entretanto, o pacote de equipamentos das duas é bem semelhante. A principal diferença entre elas é que na mais cara há uma tampa em fibra para a caçamba, transformando a Toro em uma espécie de sedã. Na Ranch a cobertura é feita pela tradicional capota marítima, que cumpre bem sua função e acaba sendo mais prática na remoção.

E por falar na caçamba da picape – que é capaz de levar 1 tonelada de carga –, é justamente nela que fica um dos diferenciais mais marcantes do modelo, já que a tampa abre para os lados, sendo dividida no meio, e não para baixo, como acontece normalmente. A vantagem desse sistema é proporcionar uma abertura simples e leve. Além disso, é possível alcançar o fundo do compartimento com maior facilidade. Entretanto, esse estilo da porta impede que ela seja usada aberta e com um extensor de caçamba.

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Ao deixar o exterior do carro e abrir a porta do motorista, a sensação é agradável, já que o interior do modelo Ranch é bem acabado e bonito. Há revestimento em couro marrom claro nos bancos e laterais das portas dianteiras. O condutor conta com a sempre bem-vinda regularem elétrica de seu assento. Na frente, o espaço é bom e o os ocupantes dispõe de bons bancos, que acomodam bem o corpo. No painel há a nova central multimídia de sete polegadas e que faz o espelhamento sem fio de dispositivos Android e iOS, além do ar-condicionado digital de duas zonas. Mais abaixo, em frente à alavanca do câmbio automático de nove marchas, está o seletor de tração que conta com três funções: auto, 4WD e 4WD Low (reduzida). Nos testes, a picape utilizou o modo automático do sistema, já que não foi necessário o uso mais severo em uma estrada de terra.

No uso

Ao volante, a Toro com motor diesel se sai bem melhor que a versão 1.8 flex. Há muito torque disponível em baixas rotações e os 170 cv dão conta do recado sem nenhuma dificuldade. É curioso notar que a picape arranca em segunda marcha, já que a primeira cumpre a função de reduzida. E como a transmissão tem nove velocidades, o que não falta é marcha para a Toro, que mantém o giro baixo sempre que possível.

Baixo também é o ruído do motor diesel. Em rodovias, o motorista até esquece que está em um veículo com esse combustível. Apenas nas paradas em semáforos é que se nota uma vibração um pouco maior.

Porém, talvez o maior trunfo da picape seja o conjunto de suspensão. Por ser independente e com multi-braços na traseira, o comportamento dinâmico da picape é semelhante ao de um carro de passeio. Em rodovias, ela faz curvas em velocidade de cruzeiro sem reclamar. Evidentemente que, por ser um veículo alto, o ideal é não abusar.

Além de ir bem em curvas, o conjunto de suspensão consegue proporcionar um bom conforto para quem vai a bordo. Não é nem dura e nem macia demais. Está em um bom ponto, principalmente porque o propósito dessa versão é justamente ser mais voltada ao conforto.

Vale a compra?

Quem procura uma picape com bom nível de recursos, pode achar na Fiat Toro Ranch uma boa alternativa. Principalmente para quem não tem a necessidade de carregar muita carga e acha que as picapes médias ficaram grandes demais.

Há diversas boas qualidades na picape, como o conforto dos bancos e a boa posição de dirigir. Em termos de equipamentos, a picape vai bem, mas poderia ter um alerta de ponto cego nos retrovisores externos, uma saída de ar para quem vai atrás, mais portas USB para os ocupantes e mais alguns porta-objetos no interior, já que é difícil achar um lugar para deixar o celular. Felizmente, a nova central multimídia faz o espelhamento sem fio, mas se precisar carregar a bateria do aparelho, é preciso ser criativo para achar um local que possa acomodá-lo.

Os mais de R$ 182 mil cobrados pela picape são altos. Entretanto, todos os carros novos estão com preços absurdos. E uma picape média na mesma faixa de preço costuma ter bem menos equipamentos.

Dessa forma, quem está disposto a gastar toda essa quantia em uma picape, deve olhar com atenção para a Toro Ranch. Mas antes de assinar o cheque, não esqueça que a picape deve receber uma atualização visual em breve. Será discreta por fora, mas tende a trazer boas novidades no interior. Além disso, os novos motores turbo flex devem chegar junto com as mudanças no estilo, deixando as versões diesel para quem realmente precisa transportar bastante carga.

Como por enquanto este é o melhor conjunto mecânico da Toro, a versão Ranch diesel certamente merece ser considerada por quem procura uma picape nessa faixa de preço.

Ficha técnica

Fiat Toro Ranch

Motorização: 2,0l turbo diesel 4 cilindros em linha de 170 cavalos a 3.750 rpm

Torque máximo líquido: 35,7 kgfm a 1.750 rpm

Transmissão: automática de 9 velocidades

Tanque de combustível: 60 L

Consumo: 10,4 km/l cidade/estrada (pelo computador de bordo)

Dimensões: 4,94 m (comprimento); 1,84 m (largura carroceria); 1,74 m (altura)

Entre-eixos: 2,99 m

Capacidade máxima da caçamba: 1.000 kg

Peso: 1.871 kg

Preço sugerido: R$ 182.559 (R$ 185.102 como a testada, de acordo com o site da Fiat)

Pontos positivos: conforto a bordo, posição de dirigir e silêncio do motor diesel

Pontos negativos: ausência de saída de ar para a traseira, poucos porta-objetos no interior e falta do aviso de ponto cego

Leo Alves
Leo AlvesJornalista formado na Universidade Metodista de São Paulo e participante do curso livre de Jornalismo Automotivo da Faculdade Cásper Líbero, sou apaixonado por carros desde que me conheço por gente. Já escrevi sobre tecnologia, turismo e futebol, mas o meu coração é impulsionado por motores e quatro rodas (embora goste muito de aviação também). Já estive na mesma sala que Lewis Hamilton, conversei com Rubens Barrichello e entrevistei Christian Fittipaldi.
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