Testamos: Chevrolet S10 LTZ flex com câmbio automático agrada tanto na cidade como no campo
Embora já tenha sido maior no passado, a Chevrolet continua oferecendo diversas versões para a S10 no Brasil. Veja a análise completa da nova versão.
Até o ano passado, a única picape média flex com câmbio automático do mercado brasileiro era a Toyota Hilux. Agora, ela ganha a concorrência da Chevrolet S10 de cabine dupla – que foi avaliada por uma semana pela reportagem do Garagem360 (a equipe testou um exemplar da versão LTZ 4X4) .
A principal novidade da linha 2018 da picape agradou. A transmissão automática de seis marchas é a mesma que equipa as versões diesel da S10, mas recalibrada para o propulsor bicombustível. As trocas são suaves e quase imperceptíveis – mas algumas reduções resultaram em trancos mais bruscos.
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Além disso, ele se mostrou um pouco “indeciso” em algumas situações, reduzindo marchas sem necessidade alguma. Em outros momentos, a S10 as mantinha por tempo demais, fazendo a picape ficar “chocha” em subidas e retomadas. Apesar desses detalhes, o desempenho em geral da caixa automática foi satisfatório.
Motor forte
Com 2,5 litros e rendendo até 206 cv com etanol e 197 cv com gasolina, fôlego não falta ao motor flex da S10. O propulsor é forte: tem 27,3 kgfm de torque com etanol e 26,3 kgfm com gasolina. Entretanto, talvez por conta do peso de quase 2 toneladas do utilitário, não é muito esperto. Isso não quer dizer que a picape seja lerda, pelo contrário. Ela anda bem e não bebe muito (média de 8,4 km/l), mas não dá para esperar uma arrancada forte neste tipo de veículo.
O peso da S10 é aliviado pela direção elétrica precisa e muito leve em manobras. Fazer uma baliza com um carro que passa dos 5,3 metros de comprimento não é simples, mas a câmera de ré e os sensores de estacionamento (traseiros e dianteiros) facilitam bastante o serviço. Eles, inclusive, são essenciais para quem quer dirigir um carro do tamanho da S10.
O porte da S10 é perfeito para quem anda no interior ou pega estrada constantemente e precisa de um veículo grande para levar muita carga. Na cidade, o bicho pega. Além de não caber em algumas faixas das vias, estacionar é uma tarefa complicadíssima. A maioria das vagas de mercados e shoppings, por exemplo, não comporta o tamanho do carro da Chevrolet.
Embora seja um veículo alto, com mais de 1,80 m de altura nesta versão, a estabilidade da picape na estrada é um ponto positivo. A carroceria rola um pouco mais nas curvas de alta, mas sem transmitir instabilidade.
Chevrolet S10 LTZ 4X4 Flex
Motorização: 2.5 Ecotec aspirado 4 cilindros em linha de 206/197 cavalos (etanol/gasolina)
Torque máximo líquido: gasolina: 26,3 kgfm (258 Nm) @4400 rpm / Etanol: 27,3 kgfm (268 Nm) @4400 rpm
Transmissão: automática de 6 velocidades
Tanque de combustível: 76 L
Dimensões: 5,36 m (comprimento); 1,87 m (largura carroceria); 1,83 m (altura)
Entre-eixos: 3,09 m
Caçamba: 1,48 m (comprimento); 1,53 m (largura); 816 kg (capacidade máxima)
Peso: 1934 kg
Preço: R$ 130 mil (LTZ 4×4)
Pontos positivos: motor forte, amplo espaço interno, design imponente
Pontos negativos: tamanho desproporcional para as cidades, falta do ajuste de profundidade do volante, câmbio indeciso em algumas trocas
[/info_box]Na terra, a S10 se mostrou estar em seu habitat natural. Mesmo que não tenha sido possível realizar um teste off-road mais aprofundado, em vias esburacadas de terra o desempenho do utilitário foi bom. A picape não reclama de passar em buracos e, mesmo com a caçamba vazia, não pulou e nem ficou com a traseira solta. A tração 4×4 ajuda muito neste tipo de pista, transmitindo mais segurança ao condutor.
O seletor de marchas eletrônico é muito prático, mas vale lembrar que, por recomendação no manual, não é aconselhável utilizar a tração 4×4 no asfalto com piso seco.
Vida a bordo
Um dos trunfos da S10 é o conforto sem frescura. Por dentro, o carro não tem muitos detalhes, mas conta com uma aparência bonita e digna de uma boa picape. Os bancos são confortáveis e altos, proporcionando uma visão bem ampla da via. O acabamento é muito bom, com peças encaixadas e sem rebarbas. Mesmo sem ser extremamente luxuoso, conta com detalhes em couro e plásticos de boa qualidade.
A tela multimídia conta com GPS integrado, que não funcionou bem no primeiro teste, mas depois rodou normalmente. Também é possível conectar smartphones por meio dos sistemas Android Auto e Apple Car Play. Durante os testes, tanto celulares com o sistema operacional do Google, quanto da marca de Steve Jobs, funcionaram sem problemas com a central.
O ar-condicionado digital também funciona bem, principalmente a função automática, que regula a intensidade e temperatura. Outro item que merece destaque é o ajuste elétrico do banco do motorista, que é muito preciso e ajuda o condutor a encontrar uma boa posição de direção.
Um ponto que a S10 peca é não ter ajuste de profundidade do volante. É possível regular somente a altura.
Compensa?
A Chevrolet acertou em cheio ao lançar a S10 flex com opção de câmbio automático. Antes, somente a Toyota tinha essa opção, o que fazia a Hilux nadar de braçada. Agora, a picape japonesa tem pela frente uma rival à altura, e que além do mais custa R$ 4 mil a menos – a Hilux SRV 4×4 tem preço sugerido de R$ 134.410, enquanto que a S10 LTZ sai por R$ 130 mil.
Além disso, o design da picape segue atualizado. As linhas são imponentes e têm aquele tom “pau para toda obra” misturado com uma pitada de agressividade. Espaço também não é problema para a S10. A cabine dupla é enorme. Dá para carregar três pessoas com folga. O único problema é que ela balança bastante, principalmente para quem vai atrás, mas espaço tem de sobra.
A briga no segmento, e principalmente entre S10 e Hilux, tende a esquentar, e deve fazer com que outras montadoras também disponibilizem versões flex automáticas para suas picapes. Quem ganha com isso é sempre o consumidor, que passa a ter mais opções nesta faixa de preço, sem a necessidade de recorrer às versões diesel.