Tendência mundial: conheça o carsharing
Serviço de compartilhamento de carros tem ganhado cada vez mais adeptos, inclusive no Brasil
Em tempos de crise, dividir pode ser a solução para economizar. O carsharing, processo de compartilhamento de veículos, consiste em “alugar” um carro para pessoas que precisam dele, sendo que elas só pagam pelo período usado. E têm até empresas aderindo a este tipo de serviço. Por unir o útil ao agradável – e também ao sustentável -, o sistema já é considerado uma tendência mundial.
Segundo a consultoria Frost & Sullivan, o mercado de carsharing da América do Norte e da Europa deve alcançar 9,8 milhões de usuários até 2025. Comparado com os números de 2014 (1,3 milhões), isso representa um crescimento de 19,9% ao ano.
“O compartilhamento já é uma tendência geral. Esta é uma forma de equilibrar despesas e lidar com a crise de modo inteligente”, explica Guilherme Nagüeva, responsável pelas estratégias digitais do Fleety, empresa que atua com serviços de carros compartilhados no Brasil.
Para o profissional, ainda existe uma barreira cultural no País. “O pessoal da Europa já está muito acostumado com o compartilhamento de veículos, e dá super certo. Aqui sentimos que ainda há uma resistência cultural. Entretanto, isso acaba quando as pessoas usam pela primeira vez e percebem todos os benefícios que esse sistema consegue proporcionar”, afirma.
Um estudo realizado em dezembro pela WRI Ross Center of Sustainable Cities, organização norte-americana de pesquisas globais, indica que os serviços de carsharing não são tendências só nos países desenvolvidos, já que estão crescendo em mercados emergentes. Atualmente, Brasil, China, Índia, Malásia, México, África do Sul e Turquia já contam com operadoras de compartilhamento de veículos.
Desde o final de 2014, o Fleety já intermediou 1.500 locações. Mas, segundo Nagüeva, são 20.000 usuários cadastros, então, a previsão é de que esse número aumente consideravelmente em 2016. Atualmente, a companhia conta com dois mil veículos disponíveis nas cidades de Curitiba, Florianópolis e São Paulo.
As montadoras também estão entrando na onda. Recentemente, a Ford divulgou que está testando seu próprio sistema de compartilhamento. Nos Estados Unidos, o processo funciona com pequenos grupos e famílias, que usam o app do Ford Credit Link para agendar o uso de um único veículo. Já na Inglaterra, os motoristas conseguem retirar e entregar os carros disponíveis em um dos 20 pontos GoDrive instalados em Londres. O valor é de 0,17 libras por minuto (aproximadamente R$ 1,00), e já inclui custos de seguro, estacionamento, combustível e pedágio cobrado para quem circula na cidade.
Como funciona
Além da Fleety, existem outras empresas que oferecem serviços de compartilhamento de carros no Brasil, como a PegCar. Nas duas companhias o processo é basicamente o mesmo: os usuários cadastram seus veículos para que outros possam reservá-los e “alugá-los” por um tempo determinado. O local de retirada deve ser combinado com o proprietário, assim como o uso da gasolina. Os valores também são estipulados pelos locatários.
No caso da Fleety, apesar de todos os automóveis cadastrados receberem uma cobertura, é necessário que tenham um plano de seguro automotivo. “Exigimos isso porque é uma forma de garantir que o carro foi vistoriado e está em ordem, já que as seguradoras fazem esse serviço”, explica Nagüeva. Além disso, os modelos não podem ter mais de 10 anos.
A Joycar, outra empresa brasileira de carsharing, trabalha de forma diferente. Ela oferece os próprios carros para serem compartilhados em empresas e condomínios. O plano empresarial pode ser uma boa opção para companhias que precisam de automóveis eventualmente, e eles podem ser usados pelos funcionários. Nos condomínios o processo é similar. O veículo fica estacionado em uma das vagas da garagem (deve ter autorização do prédio) e pode ser usado pelos moradores que precisam de um automóvel para se deslocar de vez em quando.
Eventuais problemas
Quem pensa em compartilhar um automóvel normalmente se preocupa com os cuidados que serão tomados quando outro motorista estiver a bordo. Nagüeva ressalta que em casos de batidas, multas e outros danos, o Fleety recomenda que os usuários tentem resolver o problema conversando entre si. O empreendedor afirma que o processo costuma dar certo, mas se não der, a empresa interfere. “Criamos um departamento legal que tem como objetivo resolver exclusivamente esses tipos de inconveniências”, complementa.