Elaborada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (USP) e criada em 1973, a tabela Fipe é o principal parâmetro de precificação de veículos usados no mercado brasileiro.
Pesquisa revela se a tabela Fipe ainda é confiável ou não
Em tese, os valores que nela constam, que são atualizados mensalmente, refletem a média de preços praticados nas negociações País afora. Mas será que hoje, em 2023, a tabela Fipe ainda é confiável? Pesquisa recente traz uma resposta surpreendente.
Pesquisa realizada pela equipe de Estatísticas da Mobiauto, plataforma de comercialização online de veículos, mostra que as cotações de preços podem, no entanto, apresentar largas distorções por fenômenos sazonais. O estudo leva em conta as diferenças regionais de preços para os mesmos veículos.
VEJA TAMBÉM
A Mobiauto promoveu um levantamento com os 13 principais SUVs do mercado brasileiro, estendendo sua pesquisa para veículos de anoe modelo 2022, 2021, 2020 e 2019 e particularizando as variações de preços das cinco Regiões do País.
Os SUVs analisados foram: Chevrolet Tracker, Citroën C4 Cactus, Fiat Pulse, Honda WR-V e HR-V, Hyundai Creta, Jeep Renegade, Nissan Kicks, Peugeot 2008, Renault Captur e Duster e Volkswagen Nivus e T-Cross.
Na pesquisa, a Mobiauto apurou diferenças de dados da tabela Fipe frente aos preços reais praticados na Região Sudeste para os modelos citados acima. A apuração foi realizada em fevereiro de 2023 e apontou variações negativas de mais de 7%.
Em outras palavras, alguns modelos, hoje, valem efetivamente menos do que aponta a cotação da Fipe. Em sentido inverso, outros modelos chegam a valer até 4% a mais do que o preço da tabela.
Essa faixa de variação de mais de 11 pontos percentuais, no caso dos SUVs pesquisados na Região Sudeste, é incomum, visto que a Fipe costuma ter grande precisão em seus dados.
Ocorre que o mercado automotivo tem variado fortemente nos últimos 36 meses. Primeiro foram os aumentos aplicados aos modelos 0 km, que puxaram as cotações dos seminovos para o alto.
Em seguida, com a regularização do abastecimento de componentes, houve um fenômeno inverso de início de depreciação – que acabou se acentuando com os resultados pífios de vendas no primeiro bimestre do ano.
Quando o zero está com as vendas estagnadas, as promoções de vendas do varejo trazem os preços pra baixo e isso impacta diretamente os seminovos. Era isso o que estava ocorrendo em fevereiro, quando a pesquisa da Mobiauto foi realizada.Quem explica é o especialista automotivo Sant Clair Castro Jr., CEO da Mobiauto:
“Só que esse fenômeno não é uniforme e as variações de preços também são consequências de ações de varejo mais ou menos agressivas de determinadas marcas, o que provoca, portanto, mudanças repentinas nas cotações e uma certa dificuldade em monitorá-las instantaneamente. Como a Mobiauto acompanha esses preços diariamente, temos condições de mapeá-los de imediato”.
Por outro lado, por realizar uma pesquisa em todo o País e apurar preços de diversos outros bens de consumo – não apenas de automóveis seminovos e usados –, a Fipe não tem condições de acompanhar a velocidade de variação em razão desse histórico recente de sobe-e-desce dos preços.
Após mapear os preços dos 13 SUVs compactos em todo o País, a empresa concluiu que a discrepância média de cotações entre os preços reais e a tabela Fipe é praticamente nula: 0,16%. “Mas aí entram as particularidades regionais, como no caso da Região Sudeste, onde essa média é de cerca de -0,46%, mas que em alguns casos pode passar de -7%”, ressalta Castro Jr.
Veja os 5 modelos com maior variação negativa em relação à Fipe:
A partir dessas diferenças, a recomendação é de que o consumidor tenha atenção e utilize mais de uma fonte de pesquisa na hora de definir a venda de seu SUV. “Entre no site da Mobiauto e faça uma apuração mais precisa, levando em conta a cidade em que você reside. No caso mencionado acima, a definição do valor de venda de acordo apenas com a tabela Fipe implicará tempo perdido para efetivar a venda”, recomenda o especialista.
