SUVs, picapes, vans e minivans são consideravelmente mais propensos a causar atropelamentos ao fazer curvas, fato que permite inferir que os veículos maiores podem não permitir aos motoristas uma visão muito clara de pedestres que atravessam a via. A conclusão faz parte de estudo do Instituto das Seguradoras para a Segurança Rodoviária (IIHS, na sigla em inglês), publicado neste mês nos Estado Unidos. Veja em detalhes.
SUVs e picapes tendem a causar mais atropelamentos em curvas, diz Instituto
Naquele país, as mortes de pedestres em acidentes têm aumentado gradualmente quase todos os anos desde 2009, subindo para 6.500 vítimas fatais (com crescimento de 59%) em 2020, o último ano para o qual há dados disponíveis. Naquele ano, outros 54.700 pedestres ficaram feridos em acidentes de trânsito. O estudo indica a crescente prevalência, desde então, de veículos maiores em circulação como causa do aumento desse tipo de acidente.
“Já sabíamos que veículos maiores causam lesões mais graves quando atingem pedestres”, diz a vice-presidente de pesquisa do IIHS, Jessica Cicchino, uma das autoras do novo estudo. “A ligação entre esses tipos de veículos e certos acidentes comuns de pedestres aponta para outra maneira pela qual o aumento de SUVs nas ruas pode estar mudando o quadro de acidentes”, afirma.
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O IIHS é uma organização científica e educacional independente, sem fins lucrativos, dedicada a reduzir mortes, ferimentos e danos materiais causados por acidentes com veículos automotores, por meio de pesquisa e avaliação e da educação de consumidores, formuladores de políticas e profissionais de segurança.
Picapes e SUVs matam mais em cruzamentos com curvas
No que diz respeito ao tipo de veículo, pesquisas anteriores já mostravam que os SUVs e as picapes – que estão mais difundidos do que nunca na frota dos EUA – são mais letais para pedestres do que os carros comuns. O novo estudo do IIHS mostra que certos tipos de acidentes com pedestres – incluindo aqueles que ocorrem enquanto o veículo está virando – são mais prováveis de ocorrer com SUVs, picapes, vans e minivans.
Os pesquisadores estudaram os tipos mais comuns de colisão entre veículos e pedestres em cruzamentos e em outros locais. Eles, então, examinaram como o envolvimento nesses acidentes variou para os tipos de veículos maiores em comparação com os carros comuns.
Nos cruzamentos, as probabilidades de que um acidente que matou um pedestre na travessia envolver uma curva à esquerda do veículo, em comparação com uma situação em linha reta, é cerca de duas vezes maior para os SUVs, quase três vezes maior para as vans e as minivans e quase quatro vezes maior para as picapes.
As chances de que um acidente que matou um pedestre que estava atravessando a rua envolver uma curva à direita do veículo são 89% maiores para picapes e 63% maiores para SUVs do que para carros. Esses acidentes em curvas foram responsáveis por mais de 900 dos cerca de 5.800 acidentes fatais de pedestres em cruzamentos (ou perto deles) dos EUA durante os anos de 2014 a 2018.
Em outros locais, SUVs e picapes foram associados a chances de 51% e 25% maiores, respectivamente, de matar um pedestre andando ou correndo ao longo da via versus um acidente fatal direto com um pedestre atravessando.
Indústria precisa melhorar design dos veículos, diz pesquisador
“É possível que o tamanho, a forma ou a localização dos pilares A que sustentam o teto em ambos os lados do para-brisa tornem mais difícil para os motoristas desses veículos maiores ver os pedestres atravessando quando eles estão virando”, diz Wen Hu, engenheiro de transportes e também pesquisador do IIHS.
Os pesquisadores afirmam que outros estudos serão necessários para entender melhor o papel da visibilidade nesses acidentes. Estudos anteriores mostraram que os pilares A – os suportes que conectam o teto ao corpo do veículo em ambos os lados do pára-brisa – podem criar pontos cegos que dificultem a visão dos motoristas em relação aos pedestres. E esses pontos cegos cresceram à medida que os pilares A tornaram-se mais amplos.
Embora os veículos de passageiros maiores precisem de pilares mais fortes para proteger os ocupantes em colisões com capotamento, não foi realizada uma avaliação sistemática do projeto do pilar A por tipo de veículo, apontam os pesquisadores. Outros elementos de design dos veículos maiores também podem impedir a capacidade dos motoristas de enxergar os pedestres, como a sua altura e o capô mais alongado.
“Melhorar o design do veículo, além de abordar a infraestrutura rodoviária e a velocidade dos veículos, pode vir a ter impacto importante na redução de acidentes e mortes de pedestres”, diz Hu. “Nossas descobertas sugerem que olhar para o problema através da lente do tipo de veículo também pode ser produtivo”.
Algumas soluções gerais de design de veículos que já se mostraram promissoras incluem sistemas AEB, que podem detectar e evitar pedestres ou reduzir a velocidade do impacto; airbags de capô (também conhecido como airbags de pedestre) e capôs mais inclinados.