SUV com motor 1.0 aspirado é manco ou é suficiente para o dia a dia?
Descubra se um SUV com motor 1.0 aspirado é realmente "manco" ou uma opção econômica. Analisamos dados do Citroën Basalt e VW Tera, e os impactos no desempenho em diferentes cenários
A popularização dos SUVs no Brasil trouxe consigo uma diversificação nas opções de motorização. Com a busca por custos mais baixos e economia de combustível, o motor 1.0 aspirado tem se tornado uma realidade em alguns modelos de entrada. Mas será que um SUV com motor 1.0 aspirado é “manco”, ou seja, fraco e incapaz de oferecer um desempenho adequado?
Vamos analisar essa questão com base em dados de modelos como o Citroën Basalt 1.0 aspirado e o VW Tera 1.0 MPI, além de uma perspectiva mais ampla do mercado.
SUV com motor 1.0 aspirado vale a pena?
A principal preocupação ao equipar um SUV com um motor 1.0 aspirado é a relação peso-potência. SUVs, por sua própria natureza, são veículos mais pesados e com maior área frontal, o que naturalmente exige mais força para se deslocar. Motores 1.0 aspirados, por sua vez, são projetados para oferecer economia, não alta performance.
Vamos aos números dos exemplos citados:
Citroën Basalt 1.0 Aspirado (Motor Firefly de 3 cilindros):
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Potência: 71 cv (gasolina) / 75 cv (etanol)
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Torque: 10 kgfm (gasolina) / 10,5 kgfm (etanol)
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Aceleração (0 a 100 km/h): 16,4 segundos (gasolina) / 15,2 segundos (etanol)
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Velocidade máxima: 154 km/h (gasolina) / 157 km/h (etanol)
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VW Tera 1.0 Aspirado (Motor MPI):
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Potência: 77 cv (gasolina) / 84 cv (etanol)
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Torque: 9,6 kgfm (gasolina) / 10,3 kgfm (etanol)
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Aceleração (0 a 100 km/h): 14,3 segundos (gasolina) / 13,8 segundos (etanol)
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Velocidade máxima: 158 km/h (gasolina) / 162 km/h (etanol)
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Observando os dados de aceleração, especialmente do Basalt, percebe-se que são números que indicam um desempenho mais comedido. Ultrapassagens em estradas e subidas íngremes podem exigir mais planejamento e paciência do motorista. O VW Tera apresenta números ligeiramente melhores, mas ainda assim, não se espera um desempenho esportivo.
O que os números significam na prática?
Para o uso urbano, onde as velocidades são mais baixas e as arrancadas não exigem tanta força, um SUV 1.0 aspirado pode ser suficiente.
A economia de combustível, um dos pontos fortes desses motores (como 13 km/l na cidade com gasolina para o Basalt), é um atrativo para o dia a dia. Modelos como o Citroën Basalt, que se posiciona como o SUV mais barato do Brasil, visam exatamente esse público que busca um carro mais espaçoso e com a “cara” de SUV, mas sem abrir mão da economia no consumo e no preço de compra.
No entanto, em situações que exigem mais do motor, como:
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Viagens em estradas: Ultrapassagens podem ser lentas e exigir uma boa distância de segurança.
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Subidas íngremes: O motor pode sofrer para manter a velocidade, especialmente com o carro carregado.
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Carro cheio (passageiros e bagagem): O desempenho é ainda mais comprometido, e o motor precisará trabalhar em giros mais altos.
Nesses cenários, a sensação de que o carro é “manco” se torna mais evidente. O motorista precisará explorar mais as marchas e talvez até reduzir a velocidade para ter força suficiente.
Concorrência e alternativas
É importante notar que a maioria dos SUVs compactos vendidos no Brasil oferece motores 1.0 turbo ou 1.6/2.0 aspirados em suas versões de entrada ou intermediárias.
Motores turbo, como o 1.0 TSI da Volkswagen, TDGi da Hyundai, T200 da Stellantis (Fiat, Peugeot, Citroën, etc), entregam um torque muito maior em baixas rotações, resultando em acelerações mais vigorosas e retomadas de velocidade mais rápidas, mesmo com cilindrada reduzida. Isso explica a preferência do mercado por essa tecnologia.
Um SUV com motor 1.0 aspirado é, de fato, mais limitado em desempenho quando comparado a opções com motores maiores ou turbo. Ele não entregará a agilidade esperada por quem está acostumado com veículos mais potentes ou busca uma condução mais dinâmica. A sensação de ser “manco” pode ser real, especialmente em situações de maior exigência.
No entanto, para o consumidor que prioriza o preço de compra baixo, a economia de combustível no trânsito urbano e um porta-malas espaçoso, e que não faz questão de acelerações rápidas ou viagens com o carro muito carregado, um SUV 1.0 aspirado pode ser uma opção viável e até mesmo inteligente. É uma questão de expectativa vs. realidade e do perfil de uso do motorista.
Você consideraria um SUV com motor 1.0 aspirado para o seu uso diário? Ou prefere investir em um motor mais potente?
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Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.