Suspender programas de auxílio à saúde mental aumenta riscos no trânsito, diz especialista

A Mobilização Nacional dos Médicos e Psicólogos Especialistas em Trânsito vê com surpresa e preocupação a notícia de que o Ministério da Saúde deve suspender uma série de programas de saúde mental mantidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O temor desses especialistas é que a revogação amplifique os riscos de acidentes nas ruas e estradas brasileiras, agravando a atual insegurança viária que coloca o nosso país na quinta colocação entre os campeões de mortes no trânsito.

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O Ministério da Saúde deve revogar cerca de cem portarias, ameaçando diversos programas e serviços fundamentais prestados à população. Entre os que podem ser suspensos, se o plano for levado adiante, estão o Programa anual de Reestruturação da Assistência Psiquiátrica Hospitalar; o Consultório na Rua; a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas; o Serviço Residencial Terapêutico e a Comissão de Acompanhamento do Programa De Volta para Casa.

A possibilidade de um desmonte de políticas públicas de saúde mental durante a pandemia, que já provocou o aumento dos índices de transtornos mentais, pode ter reflexos negativos no Sistema Nacional de Trânsito.

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“Se deixarmos de tratar o trânsito como uma questão de saúde pública multidisciplinar, assistiremos a um aumento exponencial das mortes no trânsito. A saúde mental, ou a falta dela, afeta diretamente não só a capacidade de dirigir sem se acidentar, como também aumenta as chances de eventos decorrentes de agressividade e fúria, como as brigas de trânsito”, avalia o coordenador da Mobilização e diretor da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (AMMETRA), Alysson Coimbra. “As consequências psicológicas da pandemia não se encerrarão com a vacinação, por isso a manutenção da rede assistencial é primordial para todos, inclusive para os motoristas e demais integrantes do sistema nacional de trânsito.”

O médico especialista em trânsito explica que a condição de saúde dos motoristas está diretamente relacionada à ocorrência de acidentes. “O estresse, ansiedade e outros transtornos ligados à saúde mental têm o poder de reduzir a atenção e a capacidade de reação do motorista. Por outro lado, o aumento crescente da agressividade, efeito colateral da pandemia que pode ser potencializado se esgotados os programas de tratamento pelo SUS, ampliando a violência no trânsito”, avalia o médico.

Entidades médicas alertam ainda que, a revogação desses programas de saúde mental, associada à ampliação dos prazos de validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), trarão efeitos catastróficos ao nosso país e certamente o impacto econômico disso só será revertido com o aumento de impostos para minimizar os gastos do SUS e Previdência Social na assistência dos acidentados.

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Erica Franco
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