Gigante do setor promete carro híbrido flex para 2024, provavelmente um Fiat

Stellantis anunciou que o primeiro carro híbrido flex da montadora chega ao mercado brasileiro em 2024. Modelo da Fiat é favorito.

A Stellantis anunciou, na última segunda-feira (31), que terá quatro plataformas eletrificadas para a produção de veículos no Brasil: três híbridas conectadas a um motor flex ou a etanol – batizadas de Bio-Hybrid – e uma 100% elétrica. Segundo Antonio Filosa, seu CEO para América do Sul, o primeiro carro híbrido flex da montadora chega ao mercado brasileiro em 2024.

Confira como a Stellantis irá definir qual será seu primeiro carro híbrido flex

“Está tudo testado e industrializado. A aplicação será feita primeiramente nas marcas de maior volume do grupo”, informa Filosa, O executivo confirma que será um modelo de volume –e cita que “estratégias de mercado a serem definidas” definirão qual marca e carro terão a primazia.

Vale lembrar que, no Brasil, a Stellantis fabrica modelos das marcas Fiat, Peugeot, Citroën, Jeep e Ram. 

Considerando-se que o anúncio foi feito no Polo Automotivo de Betim, em Minas Gerais, e os modelos de maior volume do grupo são concentrados sob o guarda-chuva da marca Fiat, é simples deduzir que o primeiro carro híbrido da Stellantis tende a ser ou Fiat Argo ou o Fiat Pulse.

Fiat Argo é um dos candidatos a ser o primeiro carro híbrido da Stellantis (Foto: Divulgação/Stellantis)

Confira o ranking dos modelos da Stellantis mais vendidos no primeiro semestre de 2023:

  1. Fiat Strada – 50.546 unidades
  2. Fiat Argo – 31.920
  3. Fiat Mobi – 30.442
  4. Jeep Compass – 30.350
  5. Fiat Toro – 25.524
  6. Jeep Renegade – 22.322
  7. Fiat Pulse – 21.444
  8. Fiat Cronos – 19.195

Seria surpreendente que a Stellantis optasse pela Fiat Strada, uma picape que tem suas vendas concentradas em frotista e no público que a usa para o trabalho (muitas vezes no ambiente rural). Das mesma forma, o compacto Fiat Mobi, um veículo de entrada, é carta fora desse baralho.

Como o Compass e o Renegade, da Jeep, e a picape Fiat Toro são produzidos no Polo de Goiana, em Pernambuco, o leque de opção tende a se restringir aos citados Argo, um hatch, e o SUV Pulse. É aí que entram as “estratégias de mercado a serem definidas”.

Seja qual for o modelo escolhido, o novo carro híbrido flex deve esquentar o mercado de veículos com essa tecnologia. O pioneiro foi o Toyota Corolla Cross Hybrid, que estreou no ano passado. 

E, além da Stellantis, Volkswagen e Renault já confirmaram recentemente que também produzirão carros que combinam um motor bicombustível com a propulsão elétrica.

Um Fiat Pulse Bio-Hybrid viria para concorrer com o Toyota Corolla Cross Hybrid (Foto: Divulgação/Stellantis)

Conheça as plataformas da Stellantis para a fabricação de carro híbrido flex 

A Stellantis informou que as plataformas Bio-Hybrid foram desenvolvidas pelo Tech Center Stellantis na América do Sul, em associação com fornecedores, pesquisadores e outros parceiros que constituem o ecossistema de inovação impulsionado pela empresa.

“O Bio-Hybrid faz parte da rota tecnológica da mobilidade acessível e sustentável adotada pela Stellantis. Queremos potencializar as virtudes do etanol, como combustível renovável, cujo ciclo de produção absorve a maior parte de suas emissões, combinando a propulsão à base do biocombustível com sistemas elétricos”, ressalta Antonio Filosa.

Os esforços para o desenvolvimento dos Bio-Hybrid começaram no ano passado, com a criação do Bio-Electro, uma plataforma destinada a acelerar tecnologias de propulsão baseadas no sistema híbrido. A montadora articulou um conjunto de parcerias estratégicas, visando acelerar o desenvolvimento e implementação de novas soluções de propulsão para a descarbonização da mobilidade.

O Bio-Electro está baseado em três pilares:

  • Academy – Abrange informação, formação e recrutamento
  • Lab – incubação de ideias e desenvolvimento de ecossistema
  • Tech – materialização de soluções e da inovação

“O Bio-Hybrid é uma tecnologia de descarbonização da mobilidade, que privilegia as características e recursos do Brasil, como o etanol e a energia elétrica limpa”, afirma Antonio Filosa.

O executivo destaca que as novas tecnologias híbridas e elétricas devem constituir uma oportunidade para o fortalecimento da engenharia brasileira e da indústria nacional. “É uma oportunidade de reindustrialização e de reconfiguração da indústria nacional de autopeças, que é diversificada, complexa e muito importante para a economia brasileira”, observa.

A marca já tinha adiantado o assunto no início do ano: Veículos a etanol podem ser barreira para os carros elétricos? 

Além disto, segundo ele, a tecnologia Bio-Hybrid é de aplicação flexível e pode equipar vários modelos produzidos pela Stellantis. É compatível com as linhas de produção das três fábricas da empresa – Betim-MG, Porto Real-RJ e Goiana-PE.

Quatro plataformas para a mobilidade do futuro

Stellantis apresentou quatro plataformas de carros eletrificados (Foto: Divulgação/Stellantis)

A Stellantis desenvolveu quatro plataformas para aplicação no Brasil, baseadas em tecnologias diferentes, que apresentam distintos graus de combinação térmica e da eletricidade na propulsão do veículo: 

  • Bio-Hybrid – Traz como elemento um novo dispositivo elétrico multifuncional, que substitui o alternador e o motor de partida. Trata-se de equipamento capaz de fornecer energia mecânica e elétrica, que tanto gera torque adicional para o motor térmico do veículo quanto gera energia elétrica para carregar a bateria adicional de lítio-íon de 12 Volts, que opera paralelamente ao sistema elétrico convencional do veículo. O sistema gera potência de até 3KW, garantindo melhor performance ao automóvel e redução de consumo de combustível.
  • Bio-Hybrid e-DCT – Conta com o serviço de dois motores elétricos. O primeiro deles é o que substitui o alternador e o motor de partida. Adicionalmente, outro motor elétrico de maiores proporções é acoplado à transmissão. Uma bateria de lítio-íon de 48 Volts dá suporte ao sistema e também é alimentada pelos dispositivos. Uma gestão eletrônica controla a operação entre os modos térmico, elétrico ou híbrido, otimizando eficiência e economia.
  • Bio-Hybrid Plug-in – Conta com bateria de lítio-íon de 380 Volts, recarregada por sistema de regeneração nas desacelerações, alimentada pelo motor térmico do veículo ou, por fim, através de fonte de alimentação externa elétrica (plug-in). A arquitetura conta ainda com motor elétrico que entrega potência diretamente para as rodas do carro. O sistema gerencia operação entre modo térmico, modo elétrico ou híbrido otimizando eficiência e economia.
  • BEV (100% Elétrica) – É totalmente impulsionada por um motor elétrico de alta tensão alimentado por uma bateria recarregável de 400 Volts, por meio de sistema de regeneração ou por plug-in. A arquitetura oferece torque instantâneo, com acelerações rápidas e responsivas. O sistema possui sonoridade customizável e conta com desempenho, mesmo a baixas velocidades.
Escrito por

Paulo Silveira Lima

Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.

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