Stellantis pode perder marcas importantes caso desejo de americanos seja acatado
Stellantis pode perder marcas importantes caso desejo de americanos seja acatado. Veja o que o mercado espera para o grupo.
Os americanos estão com o pé atrás com a Stellantis. O senador eleito Bernie Moreno, que assume em janeiro, quer redefinir a política automotiva durante o segundo mandato de Trump. E seu primeiro trabalho será fazer com que o grupo perca marcas importantes no país.
Senador quer que Stellantis perca marcas importantes nos EUA
A agenda de Moreno quer promover a separação da Stellantis NV da Jeep, Ram, Dodge e Chrysler. Segundo ele, o motivo seria a administração “grosseiramente mal administrada” por interesses europeus e por isso devem voltar às mãos americanas.
“Eles têm sido péssimos administradores das marcas”, disse Moreno por telefone, na quarta-feira, enquanto dirigia um utilitário esportivo Jeep Grand Wagoneer. “Espero que John Elkann faça a coisa certa e desmembre a Chrysler Corporation e a coloque de volta na propriedade americana.”
Moreno, senador recém-eleito e um revendedor de carros, manifestou uma profunda preocupação com a gestão dessas marcas, sobretudo a administração do italiano John Elkann, que ajudou a formar a Stellantis NV no início de 2021.
A Stellantis NV nasceu da fusão do Grupo PSA e da Fiat Chrysler em uma negociação encabeçada por Elkann e pela família francesa Peugeot.
Atualmente, o mandatário do grupo procura por um novo CEO após a demissão do ex-CEO Carlos Tavares no início deste mês.
Tavares teve uma relação considerada tensa com os funcionários de fábricas, executivos e concessionários dos EUA, além de ser o mentor por trás do fim do V8 Hemi.
Esse não é o primeiro episódio buscando a separação das marcas norte-americanas da Stellantis. Recentemente, Frank Rhodes Jr., herdeiro do fundador da Chrysler, pediu a mudança de gestão.
“Com quase 100 anos de história nos EUA, as marcas icônicas Chrysler, Dodge, Jeep e Ram estão no centro da estratégia da Stellantis”, respondeu a marca à Bloomberg News. “Juntamente com nossos parceiros e stakeholders, continuaremos construindo a Stellantis como a empresa automotiva do futuro.”
O que a Stellantis pode perder?
A divisão norte-americana da Stellantis foi originada principalmente da antiga Chrysler LLC, que já detinha os direitos da Dodge. Já a Jeep foi adquirida pela Fiat em 2014 e também entrou na divisão.
Com a perda dessas marcas, dificilmente a Stellantis não seria profundamente afetada. O motivo é um só e se chama Jeep. Embora as vendas não vão bem, ainda representam muito para o grupo.
O Grand Cherokee, por exemplo, vendeu nos Estados Unidos 160.939 unidades de janeiro a outubro – 12% a menos do que no mesmo período do ano passado. Já o Renegade, foi descontinuado após mais de 30% de redução nas vendas.
No entanto, em outros mercados como o europeu, sul-americano e indiano a marca tem grande participação no market share da Stellantis, o que iria comprometer seus números.
Mesmo que o mercado americano seja importante, as vendas em outros países iriam impactar a receita e não valeria a pena. Em outras palavras, o desejo de Moreno não vai se concretizar, pelo menos com a Jeep.
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Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.