Sono e cansaço: perigo nas estradas

Noite mal dormida, alimentação pesada e viagens noturnas aumentam os riscos de acidentes

O sono e o cansaço são a terceira principal causa de acidentes de trânsito, atrás apenas do excesso de velocidade e do consumo de álcool e drogas. Dormir pouco na noite anterior, fazer alimentações pesadas antes de pegar a estrada e dirigir no período noturno e por longas horas são situações que aumentam ainda mais o risco de algo grave acontecer.

Segundo o médico Dirceu Rodrigues Alves Júnior, chefe do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), o sono e o cansaço afetam três funções essenciais que prejudicam os condutores: a cognitiva, responsável pela atenção, concentração, raciocínio e percepção; a motora, que permite reações adequadas ao que acontece a sua volta; e as sensações de tato, visão e audição. “Elas são essenciais para a segurança. Com sono, essas funções são reduzidas e o motorista não está habilitado para uma direção segura”, afirma.

| Foto: Pixabay

Sono e cansaço são a terceira principal causa de acidente de trânsito | Foto: Pixabay

Os acidentes mais graves ocorrem, geralmente, em rodovias com longas retas, sem trânsito e durante a madrugada ou logo após o horário do almoço. Mesmo quem tenha tido um descanso prolongado, deve evitar dirigir durante a noite. É que na ausência de luz o corpo humano produz a melatonina, um hormônio que induz o sono. O pico da produção do hormônio ocorre entre às 2h e às 3h da madrugada. “Logo depois, entre às 3h e às 5h, é o horário em que ocorre o maior número de acidentes”, afirma Alves Júnior.

Mas não é somente à noite que a melatonina é produzida. Entre às 14h e às 15h, há outro pico de produção do hormônio. “É por isso que as pessoas costumam sentir sono após o almoço”, explica. Para quem precisa viajar nesse horário, o médico recomenda que sejam feitas refeições leves e em pequenas quantidades. Tudo o que dificulta a digestão deve ser evitado, como açúcar, doces, massas, frituras e carnes. “Deixe para comer tudo o que quiser quando chegar ao destino”, orienta.

Enquanto na cidade o motorista tem de estar atento ao trânsito, semáforos e caminho a ser percorrido, nas rodovias a monotonia costuma tomar conta do ambiente e o risco de acidente aumenta. “O próprio veículo é indutor do sono. O balanço, o barulho constante e o movimento da cabeça são fatores que induzem o sono. É o mesmo movimento de ninar que a mãe faz para o bebê dormir”, explica.

Quando os sintomas do sono aparecem, Alves Júnior afirma que a única solução é procurar um lugar para dormir. “Não adianta parar para tomar um café ou energético. Tem de deitar e descansar de verdade”, recomenda. E nunca se deve dirigir por mais de seis horas.

Carros inteligentes

Sistema avisa o motorista de que é hora de uma pausa

Sistema da Volkswagen avisa o motorista de que é hora de dar uma pausa | Foto: Divulgação

Alguns carros já são produzidos com tecnologia capaz de prever quando o motorista está perdendo suas capacidades de dirigir com segurança. Caso dos Volkswagen Passat, Passat Variant, CC, Touareg, Tiguan e Golf, equipados com o sistema de controle de fadiga – ele analisa as características de direção do motorista logo no começo da viagem, e durante o percurso, suas atitudes, como ângulo do volante, uso dos pedais e aceleração transversal, são continuamente avaliadas.

Quando os parâmetros começam a se desviar do padrão, o dispositivo é acionado. Nesse momento, ele dispara um alarme sonoro com cinco segundos de duração e emite uma mensagem no painel de instrumento, recomendando que o condutor pare para descansar. Caso não interrompa a viagem dentro dos próximos 15 minutos, o aviso é repetido. Mas o sistema da Volkswagen serve como um alerta, e cabe ao motorista a responsabilidade e o bom senso de seguir as suas recomendações.

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Vinícius Casagrande
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Vinícius Casagrande

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