Retrospectiva 2015
Mesmo em meio à crise econômica, mercado de carros e motos teve destaques importantes
O ano de 2015 foi difícil para a economia brasileira, e consequentemente, para o mercado automotivo – sofreu com quedas nas vendas, nas produções e inúmeros cortes de funcionários. Entretanto, essa situação serviu de alavanca para o setor de usados, que apresentou crescimento e passou a ser uma opção viável para quem não pode investir muito dinheiro na compra de um zero quilômetro.
“Esta área talvez tenha sido uma das mais afetadas pela crise, e acabou puxando a economia para baixo. Ela não é representada apenas pelas montadoras, e sim por todo um nicho formado também por oficinas, fornecedoras de peças e concessionárias”, analisa Júlio Miragaya, vice-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon).
Para o especialista, um dos principais fatores que ajudou na retração do mercado foi a alta do dólar. “Houve uma combinação entre a alta da moeda norte-americana e a queda de renda das famílias. Com isso, devemos fechar o ano com uma diminuição de aproximadamente 25% nas vendas de veículos”, afirma.
Recentemente, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) divulgou as previsões para 2016. A instituição estima que o mercado de automóveis e comerciais leves deverá continuar em baixa no ano (retração de 5,2%). “É provável que o câmbio melhore, aumentando a exportação e a produção. Entretanto, a renda das famílias deve se manter baixa, o que afeta o setor”, complementa Miragaya.
Mercado de usados
Mas se o mercado de carros zero quilômetros sofreu em 2015, o mesmo não se pode dizer do de usados. Com a economia fraca e menos dinheiro no bolso, os consumidores optando por este tipo de veículo na hora da compra.
Segundo a Federação das Associações de Revendedores de Veículos (Fenauto), 7,13 milhões de veículos usados foram negociados entre janeiro e outubro deste ano. O número representa um crescimento de 5,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Destaques do ano
Eleito o Carro do Ano 2016 no prêmio organizado pela revista Autoesporte, o Jeep Renegade foi um dos grandes destaques de 2015. O veículo começou a ser entregue aos clientes em abril e acabou se tornando um dos mais cobiçados entre os motoristas. “Ele reinventou o segmento dos SUVs compactos no País, trazendo muitas inovações e toda a tradição da marca Jeep”, conta Sérgio Ferreira, diretor geral da Chrysler Brasil e da Jeep para América Latina.
De acordo com o executivo, a previsão é fechar o ano de 2015 com 40 mil unidades do Renegade emplacadas. “Temos no Brasil o melhor market-share global do veículo. Estamos no Top 10 de vendas no atacado e no Top 5 do varejo há alguns meses”, completa.
A popularização do modelo também ajudou a alavancar a marca Jeep no País. “No final de 2014, tínhamos 45 concessionárias. Agora, um ano depois, estamos chegando à nossa ambiciosa meta de atingir 200 pontos de venda. Essa expansão sem precedentes no tamanho e na rapidez era condição imprescindível para que o lançamento do Renegade e o início da nova fase da Jeep no Brasil fossem tão bem sucedidos como planejávamos”, explica Ferreira.
Batendo de frente com o Renegade, o HR-V provou que também chegou para conquistar o coração dos brasileiros. De março (mês de lançamento) até novembro, o SUV registrou 44.621 unidades comercializadas. “A Honda se empenhou para criar um novo modelo que combinasse múltiplos valores buscados pelos consumidores, reunindo de forma inédita os pontos fortes de carros de diversos segmentos com um posicionamento inovador. Por esses motivos, o HR-V tornou-se sucesso de vendas, não apenas no Brasil, mas em outros países também”, afirma Marcos Martins, gerente geral de Vendas da Honda Automóveis
Outro lançamento de destaque do ano foi o Volkswagen up! TSI. O novo motor 1.0 TSI Total Flex é o mais avançado da montadora no Brasil e o primeiro com injeção direta, turbocompressor e tecnologia flexível produzido no País.
Produzido na fábrica da Volkswagen em São Carlos, no interior de São Paulo, o propulsor tem potência máxima de 101 cv a 5.000 rpm, quando abastecido com gasolina, e de 105 cv à mesma rotação, com etanol. O torque máximo é de 16,8 mkgf, com gasolina ou etanol, disponíveis já a partir de 1.500 rpm.
A Renault foi responsável por outro grande lançamento do ano: a Duster Oroch. Fabricado no Brasil, o veículo deu início a um novo segmento de picape compacta-média. A intenção da montadora francesa é juntar fatores relacionados ao conforto de um carro de passeio à praticidade e resistência de um utilitário. Com caçamba com capacidade para 683 litros, o veículo é oferecido com motores 1.6 16V e 2.0 16V e câmbio manual de cinco ou seis velocidades.
Produção nacional
O ano de 2015 também foi marcado pelo início da produção de alguns automóveis no Brasil. A Audi, por exemplo, está montando o A3 Sedan na planta de São José dos Pinhais, no Paraná, e pretende nacionalizar a produção do Q3 em 2016. A BMW, que já fabricava alguns modelos como X1 e X3 em Araquari, Santa Catarina, adicionou o Serie 1 e o MINi Countryman à lista.