Mobilidade Urbana: 1º semestre decepciona fabricantes de bicicletas

No primeiro semestre deste ano, a produção de bicicletas no País caiu 5,6%. O resultado decepcionou a associação dos fabricantes.  

No primeiro semestre deste ano, foram produzidas 335.744 bicicletas no País, volume 5,6% menor ao registrado no mesmo período do ano passado.

O resultado decepcionou a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) que revisou para baixo a sua estimativa de produção para 2022.  

A nova perspectiva é fechar o ano com 750 mil unidades produzidas, praticamente empatando com o resultado obtido em 2021, quando 749.320 bicicletas saíram das linhas de montagem. A expectativa inicial dos fabricantes era atingir, em 2022, a marca de 880 mil bicicletas produzidas.

Falta de peças afeta a produção de bicicletas em 2022

Característica de mobilidade sustentável atrai adeptos para a bicicleta nas cidades (Foto: Getty Images)

O vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo, Cyro Gazola, afirma que o segmento de bikes continua impactado pela escassez de peças e componentes, “um problema global que atinge diversos fabricantes”. 

Cerca de 50% dos insumos utilizados nas linhas de montagem brasileiras são provenientes de fornecedores mundiais, principalmente do continente asiático. Entre os componentes que estão em falta, destacam-se sistemas de freios, sistemas de transmissões, suspensões e selins.

Segundo o executivo, os fabricantes de bikes no País estão trabalhando para ajustar suas linhas de produção e negociando com toda a cadeia logística para atender a um novo momento do mercado. Gazola explica que esse ajuste de produção “não acontece de uma hora para a outra e requer um novo planejamento, bastante minucioso”.

O vice-presidente da Abraciclo afirma que o segmento registrou, em dois anos consecutivos, aumento significativo na demanda pelo modal – utilizado nas mais diversas formas como transporte individual, instrumento de trabalho e lazer.

“Esse foi um movimento que aconteceu no mundo inteiro, principalmente no Brasil. Hoje passamos por uma nova realidade e estamos adaptando a produção para atender a nova demanda”, explica. 

“As bicicletas de entrada, que tiveram um boom de vendas nos últimos dois anos, agora têm uma procura menor, enquanto os modelos de médio e alto valor agregado tiveram aumento significativo na demanda”, afirma Gazola.

Imagem Fapespa.gov

Os resultados do primeiro semestre

Ao avaliar o cenário atual, o executivo afirma que a bicicleta está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas. “O modal virou sinônimo de mobilidade segura, sustentável e saudável, e muitas pessoas incorporaram o hábito de pedalar no seu dia a dia. O Brasil adotou a bicicleta aos seus hábitos de vida e pedalar está se tornando um programa de família cada vez mais difundido”, ressalta.

Com 214.025 unidades, a Moutain Bike (MTB) foi a categoria mais produzida nos seis primeiros meses do ano. Esse volume corresponde a 63,8% da produção das fabricantes instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM).

“A MTB é a preferida pelos brasileiros por ser mais versátil. Apesar de ter sido desenvolvida para uso em terra, é possível pedalar em diversos tipos de terreno, inclusive no asfalto. Além disso, é equipada com suspensões e maior número de marchas, entre outros itens, que garantem mais desempenho e conforto para o ciclista”, afirma.

Em segundo lugar, ficou a categoria Urbana/Lazer (90.314 unidades e 26,9% do volume produzido), seguida pela Infanto-Juvenil (22.187 bicicletas e 6,6% da produção).

(Foto: Divulgação)

Com relação às vendas, no acumulado do ano, a região Sudeste foi a que recebeu o maior volume de bicicletas fabricadas no PIM. Foram enviadas 198.052 unidades, o que corresponde a 59% do total fabricado.

Em segundo lugar, ficou a região Sul (66.275 bicicletas e 19,7% da produção). Na sequência, vieram o Nordeste (31.696 unidades e 9,4%), Centro-Oeste (22.897 bicicletas e 6,9%) e Norte (16.824 unidades e 5%).

Em termos porcentuais, o maior crescimento foi registrado na região Norte, com alta de 32,6%. No primeiro semestre de 2021, os Estados dessa região ficaram com 12.684 bicicletas produzidas no Polo Industrial de Manaus.

Bikes elétricas em alta

Bikes elétrica ganha espaço nas ruas brasileiras (Foto: Divulgação/Eletricz)

Gazola destaca o bom desempenho recente das bicicletas elétricas no País. Há três anos, esse segmento representou apenas 0,3% do volume produzido no primeiro semestre. Neste ano, o índice subiu para 1,6%. 

“A bicicleta elétrica é uma opção para quem quer aderir ao transporte limpo e sustentável. Excelente alternativa de mobilidade urbana, é tendência de vendas em todo o mundo, representando mais de 50% das vendas de bicicletas no mercado europeu”, afirma.

O surgimento de novos serviços relacionados à mobilidade sustentável são um indício de que as bikes elétricas vieram para ficar.

“As bikes elétricas possuem diferenciais incríveis, se comparado com os carros. Além de ser uma escolha muito mais sustentável, leva ao usuário a diminuição dos gastos com combustíveis, já que utiliza apenas energia elétrica”, destaca Gabriel Arcon, CEO e fundador da E-Moving, empresa de locação de bicicletas elétricas. 

Escrito por

Paulo Silveira Lima

Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.

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