Remédios e exames podem tornar o motorista incapaz de dirigir

Acidente na Rodovia Rio-Santos traz alerta sobre medicamentos que provocam sonolência, alteração da atenção e redução dos reflexos

Na tarde da última terça-feira (15/03), uma mulher capotou o carro na Rodovia Rio-Santos, ao sofrer um mal súbito enquanto dirigia para casa após passar por uma endoscopia. Segundo médicos, a realização desse exame exige o uso de anestésicos que podem causar efeitos sedativos prolongados, exigindo um tempo de recuperação de, pelo menos, oito horas. 

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(Foto: Pixabay)

Acidente na Rodovia Rio-Santos traz alerta sobre remédios e exames

“Essas drogas podem, mesmo após o despertar ao fim do exame, levar a graus variáveis de sedação residual e provocar amnésia anterógrada (relativa a fatos recentes)”, afirma o cirurgião e médico do tráfego Rui Lafaiete Brasil Júnior. “É possível, assim como o paciente sob efeito do álcool, perder a consciência, reflexos e memória”, alerta.

De acordo com o médico, pacientes que recebem sedação devem evitar dirigir – assim como manusear máquinas ou realizar outras atividades que exijam atenção – por um período que varia entre 8 e 12 horas. “Por isso, o paciente que faz uma endoscopia deve, obrigatoriamente, estar acompanhado por outra pessoa legalmente capaz, que será responsável pela condução do paciente de volta a seu lar em segurança”, ressalta Brasil Júnior.

Lista de medicamentos impeditivos é grande

O médico Alysson Coimbra, especialista em Medicina do Tráfego e diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), enumera outros procedimentos e medicamentos que também podem afetar diretamente a capacidade do motorista dirigir em segurança, aumentando as chances de ocorrência de acidentes de trânsito. 

“O uso de antidepressivos, ansiolíticos, sedativos, antialérgicos, anticonvulsivantes, analgésicos opióides e medicamentos que reduzem a glicose no sangue podem provocar efeitos como sonolência, alteração da atenção, redução dos reflexos e aumento do tempo de reação”, explica.

Segundo Coimbra, os efeitos variam de acordo com o indivíduo e dependem da dose. “Não é incomum a ocorrência de efeitos colaterais após o início de uso de algumas medicações orais e subcutâneas, então costumamos contraindicar a direção veicular por até duas semanas, em média.”

O especialista reforça a importância de se seguir as recomendações médicas sempre que o motorista for iniciar algum tratamento. Antes de voltar a dirigir, é necessário aguardar a reavaliação com o profissional que prescreveu a medicação.

“Pacientes que fazem hemodiálise também não devem dirigir antes e nem imediatamente após serem submetidos ao tratamento”, acrescenta Coimbra, que foi um dos autores da diretriz adotada pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) sobre doença renal crônica dialítica e condução veicular.

acidente na Rodovia Rio-Santos

(Foto: Um Como)

Fator humano responde por 90% dos acidentes

Segundo entidades que atuam na segurança viária, os fatores humanos – como sonolência, desatenção e comportamentos imprudentes – são responsáveis por cerca de 90% dos sinistros de trânsito.

“O cuidado com a saúde física e mental é fundamental para garantir a segurança de todos no trânsito, por isso existem avaliações médicas e psicológicas regulares, previstas em lei, durante o processo para obtenção e renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH)”, reforça Coimbra.

“Além de avaliar a aptidão para dirigir, esses exames ajudam a detectar precocemente muitas doenças e agravos, sendo para muitos brasileiros, a única oportunidade de contato com um profissional da saúde.”

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(Foto: Volante por Elas)

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Paulo Silveira Lima
Escrito por

Paulo Silveira Lima

Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.

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