Produção de veículos em julho é a maior desde novembro de 2020

A produção de veículos registrou em julho o maior volume de produção desde novembro de 2020. Houve um crescimento de 7,5% em relação a junho.

Um mês após ter baixado suas expectativas de crescimento de produção de veículos para o ano de 2022, devido aos resultados modestos colhidos no primeiro semestre, o setor automotivo registrou em julho o maior volume de produção desde novembro de 2020. No mês passado 218.950 veículos saíram das linhas de montagem – um crescimento de 7,5% em relação a junho e de 33,4% sobre julho de 2021.

O balanço mensal foi apresentado nesta sexta-feira (5) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No acumulado do ano, as 1,3 milhão de unidades produzidas já estão no mesmo patamar dos sete primeiros meses do ano passado, o que reacendeu o otimismo do setor.

Volume de produção de veículos aumenta e renova o otimismo do setor

Chegada de componentes eletrônicos melhora fluxo de produção (Foto: Divulgação/Audi)

O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, relata que ainda há muitos veículos incompletos nos pátios das montadoras, apenas à espera de componentes eletrônicos. “Esses modelos só entram na estatística de produção quando são totalmente finalizados, o que vem ocorrendo com maior frequência – e isso explica essa melhora no fluxo de produção nos últimos três meses”, explica Leite. 

“Ainda temos restrições de insumos e logística, como mostram essas paradas de fábrica [foram quatro paralisações apenas em julho], mas estamos recebendo mais semicondutores do que no ano passado e do que no primeiro trimestre deste ano”, comemora o executivo.

A associação dos fabricantes não divulgou novas projeções para 2022. “Este é um momento de monitoramento, para entender o que está acontecendo no mercado e o que acontecerá nos próximos meses”, justifica Leite. 

O presidente da associação queixa-se do atual patamar das taxas de juros, responsabilizando também esse fator pelo desempenho abaixo do esperado em 2022. “A alta de juros naturalmente gera maior dificuldade de acesso ao crédito e o nosso setor depende fundamentalmente do crédito”, afirma.

Os dados da Anfavea mostram uma redução contínua das operações de financiamento ao consumidor para a compra de veículos.

“Este ano, apenas 35% das vendas até aqui foram a prazo e 65% a vista. No ano passado essa conta era o oposto – chegamos a bater quase 80% de vendas a prazo”, pontua. “Este é um ponto de alerta: o crédito é importante. Uma taxa de 30% ao ano acaba dificultando uma troca de carro – dificulta, inclusive, a descarbonização.”

Vendas no mercado interno e exportações

Exportações de automóveis tem bom desempenho no ano (Foto: Divulgação)

Em julho foram registradas vendas de 181.994 unidades, segundo melhor mês do ano, atrás apenas de maio. Mas se consideradas as vendas por dia útil, julho teve a maior média de 2022, com 8,7 mil unidades licenciadas por dia, ante 8,5 mil de maio e junho. 

Na comparação do total de vendas ao mercado interno, em julho houve avanço de 2,2% sobre o mês anterior e de 3,7% sobre julho de 2021. No acumulado do ano, a defasagem ainda é de 12%, com 1,1 milhão de emplacamentos.

Em julho, foram exportados 41,9 mil veículos, 11,4% a menos que em julho e 76,3% a mais que em julho de 2021. No total do ano, o volume de 288 mil unidades supera em 28,7% o resultado de igual período do ano passado.

As exportações se mantiveram num patamar considerado “bom” pelo setor, apesar de um pequeno recuo em julho, após três meses seguidos de crescimento. A Anfavea credita o resultado à crise financeira na Argentina, cujo governo vem limitando a saída de dólares. Embora o Brasil tenha aumentado, durante o ano, sua presença em importantes mercados da América Latina, a Argentina ainda responde por 30% dos embarques de veículos aqui produzidos.

Redução no IPI sobre automóveis é comemorada

Além da produção de veículos em alta, Anfavea comemorou a inclusão dos automóveis de passageiros na nova etapa de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que passou a vigorar desde o início de agosto. A redução do IPI subiu de 18,5% para 24,75% sobre as alíquotas praticadas antes da primeira redução, no dia 1º de março.

Ao contrário de picapes, furgões e vans, os automóveis haviam ficado de fora da segunda redução, efetivada no dia 29 de abril, e que também contemplou vários outros setores industriais.

Da mesma forma que ocorreu na redução de março, os veículos que já estão nas lojas, ainda não vendidos, poderão ser refaturados com a nova alíquota de IPI. “Foi uma decisão sensata do governo federal, no sentido de ataque ao Custo Brasil e da busca de uma carga tributária mais compatível com a de outros países produtores de veículos”, considera o presidente da Anfavea.

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Paulo Silveira Lima
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Paulo Silveira Lima

Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.

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