Preço da gasolina volta a subir, aponta ANP; diesel também está em alta
O preço da gasolina nos postos do País voltou a subir na última semana, segundo dados da ANP. O diesel teve alta pela 1ª vez desde junho.
O preço da gasolina vendida nos postos do País voltou a subir nos últimos sete dias, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O valor médio foi de R$ 4,86 para R$ 4,88, uma alta de 0,41%. É a segunda semana consecutiva com aumento do combustível, após um período de queda de preços iniciado no final do mês de junho.
Por sua vez, o diesel teve seu preço médio do litro avançando de R$ 6,51 para R$ 6,59, um aumento de 1,22%. Foi a primeira alta do combustível desde o fim de junho. O litro do etanol também subiu, passando de R$ 3,46 para R$ 3,54, um avanço de 2,31% na semana. Foi a terceira alta seguida no preço do biocombustível.
Preço da gasolina em alta aponta para o enfraquecimento de medidas adotadas no período pré-eleitoral
O valor máximo encontrado nos postos pela ANP para a gasolina foi de R$ 6,99. Preços acima dos R$ 7 (em algumas localidades, superior a R$ 8) eram uma realidade em todo o País até junho, quando tanto a gasolina como o diesel haviam alcançado os maiores valores nominais desde que a ANP passou a fazer o levantamento semanal de preços, em 2004.
No dia 30 daquele mês foi aprovado, pelo Congresso Nacional, uma emenda à Constituição Federal fixando um limite de 17% no Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incide sobre a comercialização da gasolina, do diesel e do etanol.
A medida precedeu em apenas dois dias o início do calendário das campanhas eleitorais – dia 2 de julho, “data a partir da qual são vedadas aos agentes públicos, servidores ou não, condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos”, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo as pretensões governistas, o limite ao ICMS iria ajudar no controle da inflação, aliviando o bolso do consumidor. O que de fato ocorreu até a semana terminada em 8 de outubro (na qual ocorreu o primeiro turno da eleição). O preço da gasolina, na média, recuou gradualmente para um patamar na casa dos R$ 5.
Por seu lado, os opositores do governo afirmaram, desde o início, que o teto do ICMS não traria, no médio prazo, redução significativa de preços nas bombas, além prejudicar áreas como saúde e educação com a redução de verbas.
“A bolha artificial do preço reduzido dos combustíveis estourou de vez. Gasolina volta a subir pela segunda semana seguida e rompe de novo o patamar de R$ 5 o litro. Imagina depois da eleição”, acusou nesta segunda-feira (24) a deputada eleita Gleisi Hoffmann (PT-PR), via Twiter.
Novos aumentos?
Apesar de, ao divulgar o resultado de seu último levantamento, a ANP afirmar que os dados dão “sinais de estabilização nos preços dos combustíveis após semanas consecutivas de queda”, tudo indica que tanto a gasolina como o diesel continuarão em trajetória de alta.
Esta semana, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) alertou para uma defasagem 12% entre o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras e a paridade de importação. No caso do diesel, a defasagem seria ainda maior, de 16%.
Como, desde o Governo Michel Temer, a estatal do petróleo tem usado a paridade internacional de preços para balizar os valores de venda nas refinarias, é de se esperar que, nas próximas semanas, a Petrobras volte a fazer o repasse dessas defasagens. O que, inevitavelmente, resultará uma gasolina e um diesel mais caros em breve nas bombas de abastecimento de todo o País.
Vale ressaltar que, no momento, a Petrobras está há 20 dias sem reajustar o diesel e há 38 dias sem alterar o preço da gasolina. Segundo o jornal Valor Econômico, na semana passada, o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Fernando Borges, confirmou que a empresa tem demorado mais a repassar os aumentos internacionais aos preços do mercado interno.
“Ao repassar mais amiúde a redução e demorar um pouco para repassar a subida de preços, nós estamos beneficiando a sociedade brasileira. Quanto se escutou: ‘cadê a contribuição da Petrobras?’. Na medida do possível, ela tem sido feita”, justificou Borges durante um evento.
Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.