Posso comprar um carro em outro estado e aproveitar o IPVA mais barato?

Descubra se é legal comprar e emplacar um carro no Amazonas (que reduziu o IPVA em 50% para 2026) e rodar em outro estado. Entenda os riscos de fraude fiscal e o que diz a lei brasileira.

Com a aprovação de leis que prometem transformar o Amazonas no estado com o menor IPVA médio do Brasil a partir de 2026, a tentação de emplacar um veículo na região e rodar em outro estado com alíquotas mais altas acende o debate entre motoristas de todo o País.

Posso comprar um carro em outro estado e aproveitar o IPVA mais barato?

Por exemplo, a nova legislação sancionada pelo governador Wilson Lima reduz em 50% as alíquotas para todas as categorias e isenta a maior parte das motocicletas, criando um atrativo fiscal significativo.

Lá, um veículo acima de 1.000 cilindradas (como SUVs e picapes) terá a taxa reduzida de 4% para 2% no AM. Carros populares e motos de baixa cilindrada passam de 3% para 1,5%. No entanto, especialistas em legislação de trânsito e tributária são categóricos: a economia só é legal se houver mudança real de domicílio.

Posso comprar um carro em outro estado e aproveitar o IPVA mais barato? Foto: Reprodução

A Regra é Clara: Emplacamento onde você mora

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e o entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) são claros: o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) é devido ao estado (e, consequentemente, ao município) onde o proprietário do veículo reside ou tem domicílio.

Portanto, a prática de comprar um carro ou moto no Amazonas (ou em qualquer outro estado com IPVA mais baixo) e tentar registrá-lo lá, mantendo a residência em um estado de alíquota mais alta, é considerada ilegal. Essa ação configura:

  • Fraude Fiscal: Tentar pagar menos imposto do que o devido ao seu estado de residência.

  • Falsidade Ideológica: Declarar um endereço de residência falso no momento do emplacamento.

Consequências e Fiscalização

Tentar burlar a lei apenas para economizar no IPVA pode gerar sérios problemas administrativos e até criminais. O Código de Trânsito Brasileiro classifica a falsa declaração de domicílio como uma infração gravíssima, sujeita a multas e pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Além disso, pode haver enquadramento em falsidade ideológica, que pode levar a penas de reclusão.

Foto: Reprodução

A fiscalização se modernizou e está cada vez mais eficiente. As Secretarias de Fazenda Estaduais (Sefaz) utilizam tecnologias avançadas para coibir essa prática, incluindo:

  • Cruzamento de dados: Verificação de informações fiscais, como notas eletrônicas e dados declarados no Imposto de Renda (IR).

  • Monitoramento Eletrônico: Câmeras inteligentes que leem placas e podem identificar veículos que circulam rotineiramente em um estado, mas estão registrados em outro.

Quando a Transferência é Legal

A única situação em que é legítimo transferir a placa e o registro do veículo para um novo estado é quando há uma mudança efetiva e comprovada de residência ou domicílio.

Para que a transferência de propriedade seja realizada no Detran de outro estado, o proprietário precisa apresentar documentos válidos que comprovem a nova residência (como contas de água, luz ou contrato de aluguel reconhecido em cartório). Caso a pessoa compre um veículo em outro estado, como o Amazonas, e seu domicílio real seja, por exemplo, em São Paulo, ela deve, obrigatoriamente, transferir o registro para São Paulo no prazo legal.

Embora o Amazonas crie um ambiente fiscal atraente para seus moradores, é fundamental que os proprietários de veículos estejam cientes das regras e evitem a tentação de burlar a legislação de trânsito e tributária para evitar complicações legais e financeiras futuras.

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Robson Quirino
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Robson Quirino

Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.