Por que o crash-test é tão importante para a indústria automotiva?
Na internet, é possível encontrar diversas fotos e vídeos de carros colidindo contra uma barreira física. Os crash-tests realizados por montadoras, associações de defesa do consumidor (como Latin NCAP) ou mesmo por centros de pesquisa especializados, como o CESVI BRASIL, estão cada vez mais diversificados e sofisticados para obter o máximo de informações relacionadas à segurança e ao reparo do veículo.
Segundo Emerson Feliciano, gerente sênior de pesquisa e desenvolvimento do CESVI Brasil, os testes de impacto ajudam a identificar e fazer ajustes necessários no projeto de um veículo, adequando sua estrutura, componentes e a proteção aos ocupantes tanto às normas internas quanto às de homologação do Contran (Conselho Nacional de Trânsito). “Essas adequações de projeto incluem calibração de software de airbags, avaliação de estruturas de banco, ancoragens dos cintos de segurança, desprendimento de peças do painel e até a estanqueidade de combustível, que é a capacidade dos reservatórios em resistir a impactos”, explica.
Com o crash-test funciona
De acordo com o especialista, a realização dos testes são fundamentais para analisar e avaliar o desempenho dos veículos em ambientes nos quais ele pode sofrer com pequenos impactos. Segundo o RCAR, conselho internacional de centros de pesquisa automotivos, do qual o CESVI é membro, 75% dos impactos nos grandes centros urbanos do mundo ocorrem em velocidades inferiores a 35 km/h (o que equivale a um teste de aproximadamente 15 km/h em uma pista de impacto).
“Esse tipo de crash-test não tem a finalidade de avaliar a integridade física dos ocupantes, mas danificam os veículos, que terão seus valores de seguro influenciados de acordo com a sua dificuldade e custo de reparo. Com os testes dianteiros ou traseiros, é possível apurar esses fatores antes que ele seja lançado, a tempo de se fazer ajustes e minimizar custos”, comenta.
Geralmente, os testes são reproduzidos em velocidades que variam com o acordo com a finalidade do ensaio para determinar custos de reparação ou para a proteção aos ocupantes. Com isso, a colisão pode ser feita em velocidades inferiores a 15 km/h (2 km/h, 4 km/h, 8 km/h, 10 km/h e 15 km/h), que identificam a resistência do veículo a impactos que não trazem risco aos ocupantes. Assim, avaliam desde a resistência do sistema de para-choques até os danos mais comuns em impactos corriqueiros nos grandes centros urbanos.
Já os testes em velocidade de 30 km/h, 40 km/h, 50 km/h, 56 km/h e 64 km/h são realizados para avaliar a resistência da carroceria e a proteção aos ocupantes.
Em testes de colisão que avaliam a proteção dos ocupantes, diversas montadoras utilizam os bonecos antropométricos, conhecido como dummies, que simulam em altura e peso o corpo humano.
O boneco mais usado pelo setor automotivo são aqueles do tipo Híbrido III 50%, com 1,75 m de altura e aproximadamente 80 kg, dependendo da quantidade de sensores e acessórios instalados. Além disso, ele é regulamentado por normas internacionais (FMSS | ECE) e por sua qualidade na biofidelidade e na capacidade de instrumentação (pode ser usado com diversos tipos de sensores).
Sua pele é feita de material vinílico com características similares à dos humanos. E sua estrutura interna tem componentes como aço, alumínio fundido, borracha, espuma e polímeros que simulam a resistência de partes do corpo como o pescoço, costelas, estrutura do crânio, pernas e pés.
Clube da vergonha
Na galeria, confira os modelos brasileiros que não tiveram boa nota no Latin NCAP.
Chery Tiggo 3: zero estrelas para adultos e uma estrala para crianças | Foto: Divulgação
Nissan March: uma estrela para adultos e duas para crianças | Foto: Divulgação
A estrutura do compacto se mostrou instável durante os testes de colisão. Com isso, a compressão no peito do adulto foi alta no impacto frontal e marginal no lateral. A falta de lembretes para o uso do cinto de segurança também contribuiu para a nota baixa | Foto: Divulgação
Fiat Mobi: uma estrela de proteção para passageiros adultos e duas para crianças | Foto: Divulgação
Um dos grandes problemas do Mobi foi a proteção fraca à região do peito de adultos em casos de impactos frontais. O desempenho ruim se estendeu aos impactos laterais. Além de oferecerem riscos aos ocupantes, eles abriram a porta traseira do carro, expondo os passageiros a potenciais riscos | Foto? Divulgação
Ford Ka: zero estrela para adultos e três estrelas para crianças |Foto: Divulgação
Em resultado divulgado em outubro de 2017, o Ford Ka não foi bem no impacto lateral, causando lesões graves no tórax do ocupante adulto |Foto: Divulgação
Chevrolet Onix: zero estrela para adultos e três para crianças |Foto: Divulgação
Assim como o Ford Ka, o Chevrolet Onix zerou. O problema também foi o impacto lateral |Foto: Divulgação
Chery QQ: zero estrelas para adultos e crianças |Foto: Divulgação
A versão analisada foi sem airbags, mas a estrutura do New QQ deixou a desejar na avaliação do Latin NCAP em julho de 2015 |Foto: Divulgação
Chevrolet Agile: zero estrelas para adultos e duas para crianças |Foto: Divulgação
Testado também sem airbags, já que em julho de 2013 eles ainda não eram obrigatórios no País, o Agile só conseguiu pontuar na avaliação para crianças no banco traseiro; o modelo siau de linha em 2014 |Foto: Divulgação
Chevrolet Celta: uma estrela para adultos e duas para crianças |Foto: Divulgação
Descontinuado em 2015, o Celta foi avaliado em 2011 sem airbags; a carroceria ficou bastante comprometida após o final do teste |Foto: Divulgação
Chevrolet Classic: uma estrela para adultos e crianças |Foto: Divulgação
Recém-aposentado, o veterano Corsa Classic foi avaliado na mesma época do Celta, em 2011, e foi ainda pior que o hatch na avaliação |Foto: Divulgação
Fiat Palio: uma estrela para adultos e duas para crianças |Foto: By Tomalotuyo (Own work) [Public domain], via Wikimedia Commons
O modelo antigo do Palio foi um dos primeiros a ser analisado pelo Latin NCAP, mas também não conseguiu proteger muito bem seus ocupantes |Foto: Divulgação
Fiat Uno: uma estrela para adultos e duas para crianças |Foto: Divulgação
Assim como o Palio, o Uno também não foi bem, conseguindo as mesmas estrelas que seu irmão maior no teste realizado em 2011 pelo Latin NCAP |Foto: Divulgação
Ford Fiesta: zero estrelas para adultos e duas para crianças |Foto: Divulgação
Na verdade o modelo analisado pelo Global NCAP, na Europa, foi o Ford Figo, versão indiana do antigo Fiesta Rocam brasileiro; sem airbags, o hatch foi mais um que decepcionou na avaliação |Foto: Divulgação
Ford Ka: uma estrela para adultos e três para crianças |Foto: Divulgação
A geração antiga do Ka também foi avaliada sem airbags e decepcionou na proteção para adultos em teste realizado em 2011 pelo Latin NCAP |Foto: Divulgação
Jac J3: uma estrela para adultos e duas para crianças | Foto: Divulgação
Testado em 2012 pelo Latin NCAP, o J3 conseguiu as mesmas notas que diversos hatchs brasileiros, mas a versão do chinês tinha airbag duplo, que pouco adiantou para contribuir em sua nota |Foto: Divulgação
Kia Picanto: zero estrela para adultos e uma estrela |Foto: Divulgação
No Brasil o Picanto sempre teve aibags, mas a versão testada não tinha as bolsas infláveis, o que contribuiu para a avaliação ruim do hatch |Foto: Divulgação
Lifan 320: zero estrela para adultos e crianças |Foto: Divulgação
Também não foi analisado com airbags, mas sua carroceria fiou bastante deformada após o impacto |Foto: Divulgação
Nissan Tiida Sedan: zero estrela para adultos e duas para crianças |Foto: Divulgação
Nunca fez muito sucesso no Brasil, assim como seu crash-test sem airbags feito pela Latin NCAP em 2015 |Foto: Divulgação
Peugeot 207: uma estrela para adultos e duas para crianças |Foto: Divulgação
Sucedido pelo 208, o hatch é mais um a não conseguir boa nota na versão sem airbags na avaliação do Latin NCAP |Foto: Divulgação
Renault Clio: zero estrela para adultos e uma para crianças |Foto: Divulgação
Próximo da aposentadoria no Brasil, o Clio decepcionou no teste realizado em 2013 pelo Latin NCAP |Foto: Divulgação
Renault Kwid: zero estrela para adultos e duas para crianças |Foto: Divulgação
Confirmado para o Brasil, o Kwid não foi bem no teste feito pelo Global NCAP; tanto a versão sem airbag como a equipada com a bolsa inflável para o motorista receberam a mesma nota; a Renault se manifestou e disse que a versão nacional terá estrutura reforçada e seguirá as normas nacionais |Foto: Divulgação
Renault Sandero: uma estrela para adultos e duas para crianças |Foto: Divulgação
A geração antiga do Sandero foi mais um hatch a decepcionar sem os airbags; a avaliação foi feita em 2012 pelo Latin NCAP |Foto: Divulgação
Suzuki Swift: zero estrela para adultos e uma para crianças |Foto: By OSX (Own work) [Public domain], via Wikimedia Commons
O Swift foi vendido no Brasil somente na versão esportiva, mas no teste feito pelo Global NCAP, com uma versão mais básica e sem airbags, o hatch japonês teve desempenho abaixo da média |Foto: Divulgação
Volkswagen Gol: uma estrela para adultos e duas para crianças |Foto: Divulgação
Em 2010, em um dos primeiros testes do Latin NCAP, o Gol foi testado e não foi bem na versão sem airbags |Foto: Divulgação