Protótipo brasileiro é capaz de rodar 300 km com 1 litro de etanol

Uma equipe de estudantes de engenharia da Universidade Federal do Paraná desenvolveu um veículo capaz de rodar mais de 300 km com apenas um litro de etanol. Batizado de Popygua, ele mede 2,80 m de comprimento, 80 cm de largura e 70 cm de altura. Com essas dimensões, o protótipo só pode levar o piloto, que também não pode ser muito alto.

Criada em 2009, a Equipe Pato a Jato, responsável pelo projeto, tinha a missão de disputar provas de eficiência energética. “O time surgiu, inicialmente, com o intuito de participar da Maratona de Eficiência Energética ― competição nacional, que acontecia no kartódromo Ayrton Senna, em Interlagos (SP), e da qual participavam diversas universidades do País”, conta Matheus Bordignon, administrador de marketing da equipe.

O primeiro desafio foi em 2010, na prova que premiou os veículos que conseguiram rodar mais quilômetros com o menor consumo. Os modelos foram divididos em três categorias: gasolina, etanol e elétricos.

Em 2013 veio o pódio número um para a equipe na competição. Com o protótipo “Empurra que vai”, os alunos paranaenses ficaram em terceiro lugar na categoria etanol. O carro teve uma autonomia de 108,764 km/l. No ano seguinte, um outro pódio, mas agora com a segunda colocação e uma autonomia de 252,014 km/l. O time também ficou em segundo lugar na categoria de motores à gasolina, com o Popygua fazendo sua primeira aparição e tendo alcançado mais de 300 km com um litro do combustível fóssil.

Rumo à America

Este resultado valeu para a Pato a Jato um convite histórico: “A competição de 2014 foi especial, pois além dos resultados, a equipe foi convidada a participar da Shell Eco-marathon 2015, disputada no mês de abril em Detroit, nos Estados Unidos”, relembra Bordignon.

Da Branco Motores, o propulsor do Popygua era originalmente utilizado em roçadeiras |Foto: Divulgação

Com o Popygua agora queimando etanol, a turma paranaense conquistou o vice-campeonato das Américas, na categoria de combustíveis alternativos. A prova consistia em percorrer 10 voltas no traçado feito nas ruas de Detroit, com velocidade mínima de 30 km/h. Ao final, os organizadores mediam o combustível restante no tanque e faziam a média de consumo.

O veículo brasileiro atingiu a marca de 316 km/l com etanol. Com o desempenho, a Pato a Jato conquistou o melhor resultado de um veículo brasileiro na competição.

Tecnologia da F1

A fibra de carbono é um dos materiais mais importantes da história automobilística. Utilizada em massa nos bólidos da Formula 1 – na carroceria, no volante, no chassis, nas asas e até nos assentos -, suas vantagens envolvem baixo peso e alta resistência.

Para Bordigon, o domínio da fibra de carbono foi fundamental para a evolução do projeto do Popygua. “Uma das maiores conquistas foi a de conseguir trabalhar com este material, reduzindo o peso do protótipo em até 15 kg. Ou seja, uma redução de 30% em sua massa final e um aumento na eficiência bem considerável”, explica o estudante. Antes da fibra, a estrutura do veículo era em alumínio, tendo também utilizado o aço em um primeiro momento.

Outra tecnologia inspirada na Formula 1 que a equipe pretende incorporar é a do regenerador de energia, como em um carro híbrido, para ampliar ainda mais a autonomia do automóvel. A meta é utilizar a tecnologia já na Shell-Eco Marathon de 2017. Também está em projeto a utilização da telemetria para que se possa analisar com mais precisão os dados do Popygua.

Escrito por

Leo Alves

Jornalista formado na Universidade Metodista de São Paulo e participante do curso livre de Jornalismo Automotivo da Faculdade Cásper Líbero, sou apaixonado por carros desde que me conheço por gente. Já escrevi sobre tecnologia, turismo e futebol, mas o meu coração é impulsionado por motores e quatro rodas (embora goste muito de aviação também). Já estive na mesma sala que Lewis Hamilton, conversei com Rubens Barrichello e entrevistei Christian Fittipaldi.

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