Os carros chineses vão dominar o mercado brasileiro?
Carros chineses representam uma pequena parcela das vendas. Ainda assim representam uma ameaça as empresas tradicionais.
Nos últimos anos, temos observado um crescimento significativo da participação dos carros chineses no mercado automotivo mundial. No Brasil não é diferente, com as marcas chinesas aumentando de forma modesta, mas animadora, sua participação no mercado.
Carros chineses podem dominar o mercado
Duas marcas encabeçam a presença chinesa em relação aos carros elétricos: BYD (Buld Your Dreams) e GWM (Great Wall Motors). A primeira adquiriu a antiga fábrica da Ford em Camaçari (BA), já a segunda, a fábrica da BMW em Iracemápolis (SP).
Ambas planejam iniciar suas produções nacionais em 2024. A BYD com o sucesso de vendas Dolphin e Yuan Plus, e a GWM com o também surpreendente no quesito vendas entre os híbridos Haval H6.
E tem um público esperando esses lançamentos, visto a nova tributação dos carros elétricos importados que começa a valer em janeiro, justamente com a justificativa de nacionalizar a produção.
É uma realidade que vem incomodando montadoras tradicionais instaladas no país há mais tempo, mesmo com uma participação bem pequena das duas.
De acordo com a Fenabrave, a BYD tem apenas 0,64% de participação na categoria, enquanto a GWM tem 0,53% (levando em consideração as vendas de janeiro a outubro).
Tradicionais querem conter ímpeto chinês
Mas porque uma participação tão pequena dá tanto medo às tradicionais? A resposta está no mercado, que ainda é pouco explorado ou tem veículos muito caros pelo que entregam.
Talvez por pressão dessas montadoras o governo tenha sido tão rápido em definir as novas regras para os importados, com alíquota a partir de 10% em janeiro, chegando a 18% em julho.
Isso pode ser apenas uma tentativa de frear o avanço chinês, mas as principais montadoras não parecem muito interessadas em trazer carros menos poluentes para o mercado brasileiro.
VW e GM sequer tem um plano para produzir carros elétricos no país. Só a Stellantis que pretende começar a produzir um modelo híbrido no país em 2024.
Ainda assim não será o suficiente para conter o ímpeto das chinesas que estão ditando os preços dos carros elétricos.
O Dolphin é a prova disso. Desde sua chegada ao mercado fez com que Renault Kwid e-tech, JAC JS-1 e Chery iCar tiveram seus preços ajustados (para baixo) e nem assim chegaram próximo das vendas do hatch.
Além disso, pelo valor de um SUV médio, como o VW Nivus já possível comprar Dolphin 100% elétrico cheio de recursos tecnológicos que os modelos a combustão só oferecem em uma faixa ainda superior de preço.
Números mostram que chineses vão ganhar espaço
As vendas de veículos elétricos e híbridos têm crescido expressivamente no Brasil. Dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) apontam que 2023 é o ano com maior número mensal de emplacamentos de veículos leves eletrificados.
De janeiro a outubro foram 67.047 veículos eletrificados leves (HEV+PHEV+BEV), um crescimento de 73% em relação ao mesmo período do ano passado (38.663 unidades).
Só em outubro, de acordo com a ABVE, foram emplacados 9.537 veículos eletrificados leves emplacados. Um aumento de 114% em relação ao mesmo mês de 2022, quando foram vendidos 4.460 eletrificados. Em relação a setembro (8.458), de 13%.
O Dolphin foi o líder de vendas entre os 100% elétricos em outubro, com 1.366 unidades vendidas. Já entre os híbridos, o GWM Haval H6 só fica atrás do Toyota Corolla Hybrid.
Os desafios são os mesmos para todos: carros chineses ou não
Ainda há desafios complicados para a consolidaçãos dos elétricos, principalmente a desconfiança do público em geral.
Ocorre que tanto as montadoras chinesas quanto as tradicionais vêm investindo em pesquisa e desenvolvimento de veículos elétricos, bem como na expansão da infraestrutura de recarga no Brasil.
Esse avanço das chinesas, assim como a crescente participação dos veículos elétricos, representam mudanças significativas na indústria automotiva brasileira.
Esses movimentos desafiam as montadoras instaladas no país a se adaptarem à nova realidade do mercado, marcada pela competitividade em preços e pela eletrificação dos veículos.
Quem ficar para trás vai perder espaço, principalmente pelo mundo cada vez mais preparado (e necessitado) de carros elétricos.
Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.