Os carros a combustão são os grandes VILÕES do meio ambiente?

Muitos apontam os carros a combustão como os grandes vilões do meio ambiente. Mas será isso realmente um fato ou apenas uma mistificação? Acompanhe o que dizem especialistas sobre este tema.

Serão os carros a combustão os grandes vilões do meio ambiente?

Carros a combustão estão associados à maior parcela de emissão de gases de efeito estufa (Foto: Pixabay)

O aquecimento global e as mudanças climáticas são realidades preocupantes, que podem ser observadas cada vez mais claramente no dia a dia do nosso planeta.

No dia 20 de março, foi lançado o Sexto Relatório de Avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e entre as conclusões de cientistas, está o fato de que o aquecimento global induzido pela humanidade desencadeou mudanças no clima do planeta.

A última década foi a mais quente do que qualquer período nos últimos 125 mil anos. Além disso, o nível do mar aumentou mais rápido do que qualquer século, nos últimos três mil anos.

Neste cenário, a poluição emitida pelos carros a combustão é um dos problemas que merece destaque, já que de acordo com o “Inventário de Emissões Atmosféricas do Transporte Rodoviário de Passageiros no Município de São Paulo”, lançado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente, estes são responsáveis por 72,6% da emissão de gases do efeito estufa.

“Hoje, carros têm catalisadores cerâmicos que convertem gases tóxicos em não tóxicos, mas ainda não controlam as partículas poluentes.

Porém, já é possível encontrar no mercado um sistema de tratamento cerâmico que faz com que não sejam jogadas partículas de carbono não queimadas para o meio ambiente.

Assim, a tendência é que com as movimentações de órgãos que buscam a sustentabilidade, inovações como essa ganhem força em todas as regiões do mundo”, explica Gabriel Amadei, gerente de Vendas para Plataformas Automotivas da Corning na América Latina.

A empresa é uma das líderes mundiais em inovação da ciência de materiais, e desenvolve produtos para as áreas de comunicações ópticas, eletrônicos móveis de consumo, tecnologias para displays, automóveis e ciências da vida.

Biólogo, com certificação em sustentabilidade empresarial pela Universittá Bocconi, da Itália, Luiz Henrique Terhorst afirma que os carros particulares são grandes vilões na poluição e na emissão de carbono nas cidades. 

“Os carros correspondem a 72,6% da emissão de gases do efeito estufa (GEE) em São Paulo.

Como são essas emissões que agravam o aquecimento global, é evidente que o problema precisa ser endereçado. As políticas públicas em torno da mobilidade sustentável estão embrionárias e com dificuldade na implementação das legislações.

Muitas passam por legislações mais transversais, como o Estatuto das Cidades, Lei da Mobilidade Urbana, Normas de Acessibilidade, etc. Assim, recai muito sobre a iniciativa privada (indivíduos e empresas) assumir o protagonismo nessas temáticas”, diz Terhorst. 

O cientista é CEO e fundador da Carbon Free, startup que trabalha com certificação de créditos de carbono.

Os gases de efeito estufa emitidos por carros a combustão prejudicam o nosso sistema respiratório (Foto: iStock)

Poluição afeta de forma direta a vida das pessoas

A poluição do ar também impacta negativamente a saúde das pessoas.

Segundo Larissa Cau, pneumologista, imunologista e membro da Doctoralia, maior plataforma de agendamentos de consultas do mundo, os poluentes do ar interno e externo prejudicam o crescimento dos pulmões das crianças e aumentam o risco de infecções respiratórias.

“Em muitas cidades, as crianças enfrentam poluição do ar interna por combustíveis usados para cozinhar e aquecer, bem como poluição externa por veículos”, diz.

A especialista aponta que, embora a poluição do ar seja bem conhecida por ser prejudicial ao pulmão e às vias aéreas, também pode danificar outros órgãos do corpo. 

“Estima-se que cerca de 500 mil mortes por câncer de pulmão, 1,6 milhão de mortes por Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), 19% de todas as mortes cardiovasculares e 21% dos óbitos por acidente vascular cerebral (AVC), podem ser atribuídos à poluição do ar”, afirma a médica.

Cau ressalta que a poluição também pode afetar o sistema imunológico, ou seja, está associada à rinite alérgica, sensibilização alérgica, doença atópica e ocular e à autoimunidade. 

“No trato respiratório, os principais sintomas e doenças relacionadas são tosse, catarro, dificuldade em respirar e hiperresponsividade brônquica; exacerbações de muitas condições respiratórias; desenvolvimento pulmonar reduzido; transformação da asma em doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); diminuição do desempenho no exercício; diminuição das medições espirométricas (função pulmonar), além de doenças pulmonares intersticiais crônicas”, enumera.

Além disso, o doutor Alexandre Naime, parceiro da Medictalks, plataforma digital de acesso gratuito com conteúdos feitos por médicos, e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que a consequência de problemas pulmonares constantes decorrentes de um ar sujo, pode ser outras doenças ainda mais graves. 

“Quem vive em cidades muito poluídas durante décadas pode enfrentar problemas. A poluição do ar pode causar doenças pulmonares inflamatórias nos seres humanos e isso acaba fazendo com que fiquem mais suscetíveis à infecções”, ressalta Naime.

São por razões relacionadas à saúde da população e preservação do meio ambiente, que instituições têm procurado novas soluções para mudar o cenário global. É esperado que a indústria automobilística siga cada vez mais esse movimento que envolve todos os setores da economia.

“Cada vez mais a sociedade precisa ter consciência de que não dá mais para ignorar os problemas ambientais, principalmente nos grandes centros urbanos”, alerta o gerente de Vendas para Plataformas Automotivas da Corning na América Latina.

Com conteúdo do Piar Group.

Paulo Silveira LimaJornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.
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