Novo capítulo da crise automotiva: especialista fala sobre a questão
Veja como os novos fechamentos de fábricas chinesas podem impactar ainda mais a crise automotiva brasileira. Confira o que diz especialista.
Mesmo com o cotidiano voltando ao normal, muitos fatores ocasionados como consequência da pandemia da Covid-19, interferem no cotidiano e na economia, como por exemplo, a crise automotiva. Veja o que diz o especialista do setor de tecnologia voltada ao segmento, sobre o assunto.
Crise automotiva: setor mal se recuperou e deve ser abalado novamente após o fechamento de empresa chinesa
O fechamento temporário de Shenzhen, na China, um dos maiores polos tecnológicos do mundo para mais um período de quarentena, em razão da pandemia de Covid-19, colocou a indústria automotiva mais uma vez em alerta, conforme explica o co-fundador da Wings, empresa brasileira de tecnologia, João Marcelo Barros.
Segundo o especialista, o setor que ainda não superou a crise de semicondutores deve ser novamente impactado por essa parada, comprometendo a produção de veículos que começava a se recuperar.
Afinal, peças como sensores de estacionamento, painéis multimídia e clusters digitais utilizados em nossa indústria são quase todos importados da região.
Marcelo alerta que, ainda que a parada tenha sido temporária, a indústria precisa se preparar. Essa deve ser a primeira de muitas outras quarentenas de regiões chinesas devido a política de Covid zero do governo central, que obriga o fechamento imediato de micro regiões em caso de infecção detectada.
“O caos no segmento de eletrônicos atingirá diversas outras cadeias e o segmento automotivo deve sentir os impactos até, pelo menos, o fim do primeiro semestre.
Mesmo que as fábricas voltem a produzir, haverá o desafio de escoar a produção em uma capacidade logística ainda muito comprometida.” Ressalta o especialista.
Mercado ainda se vê dependente da China: cenário não parece mudar, pelo menos, não de imediato
O co-fundador da Whings afirma que uma independência do sudeste chinês é uma realidade muito distante quando se trata de produtos eletrônicos. Dessa forma, como solução, ele sugere elevar os patamares de estoque para tentar reduzir o impacto desses fechamentos no setor automotivo.
No entanto, é preciso ficar atento, porque isso significa também, um aumento nos custos de produção.
Conforme explica Marcelo, a realidade imediata é de extremo desafio, no entanto, a médio e longo prazo será possível pensar em novas soluções.
Segundo ele, além de diversificar a cadeia de suprimentos, é preciso otimizar os sistemas e componentes atuais buscando soluções mais flexíveis, integradas, que tragam mais praticidade de produção e competitividade de preços.
“Foi seguindo essa fórmula que a Wings conseguiu, por exemplo, atender projetos de diferentes montadoras no auge da crise dos semicondutores, impedindo que as produções nacionais fossem totalmente interrompidas quando grandes fornecedores globais falharam em entregar componentes.”
A grande revolução automotiva já está em curso, conclui o especialista. Veículos eletrificados, autônomos e conectados já fazem parte da indústria globalmente.
Mais do que nunca, é preciso que o setor se reinvente e entenda que a virada tecnológica vai muito além dos produtos finais. A inovação precisa fazer parte de todos os processos dessa cadeia.
Jornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.