Mulheres no mundo das motos: relatos de quem vive sobre duas rodas

Conheça histórias de mulheres que mudaram a vida após entrarem no mudo das motos. Seja por lazer ou trabalho, elas vêm conquistando o espaço no segmento que ainda é majoritariamente masculino.

Conheça histórias de mulheres que tiveram a vida transformada por conta de experiências com as motos, seja por trabalho ou lazer
Érika Di Lório é uma das mulheres que tiveram a vida transformada por conta de experiências com as motos (Foto: Divulgação/ Abraciclo)

Mulheres e as motos: relação de trabalho e aventura

Conduzir uma motocicleta é uma ação que cresce a cada dia entre as mulheres brasileiras. De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), analisados pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – Abraciclo, hoje 8.884.345 pessoas do gênero feminino possuem carteira de habitação na categoria A. Em 2013, havia 5.034.139 habilitadas. No comparativo, há um crescimento de 76,5% em nove anos.

Com esse tipo de carteira de motorista, é possível conduzir veículos de duas ou três rodas, com ou sem carro lateral.

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Apesar desse crescimento bastante expressivo, elas ainda são minoria e representam 24% dos habilitados. Em 2013, esse índice era de 20,2%. Dentre os fatores atribuídos para o aumento de condutoras está o empoderamento feminino.

Este é, aliás, o lema da administradora de empresas Érika Di Lório, de 50 anos, moradora da cidade de Belém (PA). Quem a vê hoje, com um modelo de alta cilindrada, não imagina que até pouco tempo, essa mineira de Belo Horizonte, apesar da vontade, não se sentia apta a conduzir uma motocicleta.

Essa história ganhou um novo capítulo durante uma viagem a Brasília. “Fui com meu marido até uma concessionária. Quando vi uma motocicleta, foi paixão à primeira vista. Comprei, mesmo sem ter a carteira de habilitação”, relembra.De volta para casa, se matriculou numa moto escola.

“As primeiras voltas de moto eram restritas ao meu condomínio. Depois de um tempo fiquei mais confiante. Mas sempre digo que andar de motocicleta é uma superação constante”, diz ela que é uma das integrantes da Confraria Harleyros do Pará.

Assim como Erica, a amazonense de Itacoatiara e costureira, Waldesta de Oliveira Costa, de 42 anos, também adotou a motocicleta como estilo de vida. O início aconteceu por obra do acaso. Inscrita no concurso “Rainha do Rio Madeira”, ela conquistou o primeiro lugar e ganhou um modelo 50 cc. A partir daí, não largou o guidão.

Quando se mudou para a capital amazonense, em 1992, Waldesta conta que havia poucas mulheres motociclistas na cidade. “Pilotava um modelo de alta cilindrada e isso, na época, chamava a atenção. Até desconfio que era a única motociclista da cidade”, diverte-se.

Numa de suas andanças, recebeu – e, é claro, aceitou – o convite para integrar um motoclube. Até que, em 2017, decidiu fundar “As Amazonas”, o primeiro exclusivo para mulheres. Hoje o grupo conta com cerca de 20 integrantes. “Somos unidas pela paixão pelas duas rodas e queremos incentivar outras a descobrirem essa sensação de liberdade”, afirma.

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Waldesta de Oliveira Costa (Foto: Divulgação/Abraciclo)

A motocicleta como profissão

Com muitos quilômetros na bagagem, Josilda Maria Maciel (46 anos) e Karime Abrão (42) transformaram o amor pelas motocicletas em profissão.

Nascida em Tracunhaém, cidade do interior de Pernambuco, Josilda fez parte da primeira turma do curso de Motofretista, promovido pelo SEST/SENAT (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte). “Éramos eu e mais uma garota”, relembra.

No início, fazer entregas representava uma forma de garantir uma renda extra até que se transformou na principal fonte de sustento.

“Quando comecei na profissão, usava aqueles guias impressos para chegar nos endereços. Hoje temos o GPS que facilita muito a nossa vida”, compara. “Ainda existe preconceito, mas acredito que avançamos bastante e, com muita competência, conquistamos nosso espaço”, destaca.

Paulista de Ribeirão Preto, Karime tem opinião semelhante. “Provamos nossa capacidade”, diz, orgulhosa. “No primeiro dia de trabalho, até chorei porque não conseguia chegar a um endereço e entregar um documento”, relembra, aos risos. “Mas, sou persistente. Nasci para encarar e superar desafios”, ressalta.

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mulheres e as motos

Habilitações por faixa etária

A faixa etária que concentra o maior número de habilitações, tanto para homens como para mulheres, é a que vai dos 31 a 40 anos. No total, elas somam 7.790.504 motociclistas e eles totalizam 11.871.802 habilitados.

Em segundo lugar, estão as pessoas com idades entre 41 e 50 anos. O gênero feminino responde por 6.520.793 habilitações e o masculino por 10.774.078 das carteiras na categoria A.

Na terceira colocação, está o público acima 60 anos: são 3.988.122 mulheres motociclistas e 11.068.970 homens.

De acordo com dados do IBGE/Denatran, no Brasil existe uma mulher habilitada a conduzir uma motocicleta a cada oito pessoas do gênero feminino.

Perfil do consumidor

Levantamento das associadas da Abraciclo revela que os homens são os principais compradores de motocicletas e foram responsáveis por 62% dos contratos fechados em 2022.

Em 2012, esse índice era de 74%.

Na análise de preferência por modelos, a motoneta é a categoria mais procurada pelas mulheres (69%). O uso das scooters é maior entre os homens (60%).

 

Nicole Santana
Nicole SantanaJornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.
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