Muito além dos carros
Montadoras investem em iniciativas para melhorar a vida da população
O foco das montadoras, todo mundo sabe, é a produção e a venda de automóveiss. Mas não é só isso. A maioria delas também se preocupa, e muito com a sociedade e o meio ambiente, tanto que possui uma série de programas focados nestes temas. Além de ajudar as pessoas, as ações servem para aproximar as empresas da comunidade.
Um bom exemplo é a Volkswagen. A fabricante criou, em 1979, a Fundação Volkswagen, que atualmente conta com dez projetos relacionados à sociedade – são sete educacionais e três sobre desenvolvimento social. “Eles têm como objetivo promover a qualidade de vida das pessoas nas comunidades de baixa renda e melhorar a qualidade da educação pública. A estratégia de atuação baseia-se no desenvolvimento de um trabalho articulado em rede, por meio de parcerias entre os setores públicos, privados e a sociedade civil organizada”, explica Keli Smaniotti, diretora de Relações Institucionais da entidade.
Entre as iniciativas mais comentadas está a parceria com o Instituto Baccarelli, associação civil sem fins lucrativos voltada para o ensino da música nas suas diferentes modalidades, e cuja meta é contribuir para a transformação social e proporcionar desenvolvimento pessoal e oportunidade de profissionalização.
Desta forma, desde 2000 é oferecida formação artística para crianças, adolescentes e jovens moradores da comunidade de Heliópolis, em São Paulo, por meio do Coral da Gente e da Orquestra Sinfônica Heliópolis.
Os alunos que compõem a sinfônica são de família de baixa renda e recebem bolsa auxílio para que possam se dedicar ao estudo instrumental. Já as atividades do coral são realizadas no contraturno escolar, de modo a não prejudicar o estudo regular dos participantes.
Outra ação da montadora alemã é o Entre na Roda, programa de formação presencial e a distância para educadores, técnicos, gestores e voluntários. O objetivo é desenvolver rodas de leitura; estimular o prazer de ler; ampliar o universo cultural de crianças, jovens e adultos; fortalecer a parceria entre unidades educacionais e comunidade e conhecer e valorizar a cultura local.
As demais iniciativas realizadas pela Volkswagen são: Brincar, Jogo da Vida em Trânsito, Plataforma do Letramento, Pró-Educar Brasil, Costurando o Futuro e Volkswagen na Comunidade. “Apenas por meio de seus projetos educacionais, a instituição já beneficiou na última década 1.374.630 alunos em todo Brasil e ofereceu formação continuada a 18 mil educadores da rede pública de 407 cidades e 18 estados. Os projetos de desenvolvimento social, por sua vez, já beneficiaram 26.598 mil pessoas”, relata Keli.
Cultura e saúde
A Toyota também se preocupa com a comunidade e, para isso, criou, em 2009, a Fundação Toyota do Brasil. Seus projetos envolvem as áreas da educação e da cultura. O Ambientação, por exemplo, atua em 48 escolas da rede municipal de ensino e consiste em passar conhecimentos de sustentabilidade para que os alunos possam aplicá-los em seu dia-a-dia.
Já o Memória Local na Escola busca desenvolver o conceito de cidadania nas escolas públicas. Professores e alunos da 3ª e da 4ª séries são capacitados para realizar entrevistas com moradores da cidade e, com isso, coletar dados que ajudarão a resgatar a história do lugar. Além do incentivo cultural, os trabalhos ajudam a treinar a leitura, a escrita e a organização.
O programa acontece em São Bernardo do Campo, Indaiatuba, Sorocaba, no estado de São Paulo, e Guaíba, no Rio Grande do Sul – cidades onde a Toyota possui fábricas -, e já atingiu 15 mil alunos e 950 educadores. A iniciativa é fruto de uma parceria com o Museu da Pessoa e a organização não-governamental Avisa lá.
Junto com ações educacionais (como alfabetização e profissionalização), a Ford conta com campanhas ligadas à área da saúde. É o caso do Ford Odontomóvel, que percorre o Brasil oferecendo atendimento dentário gratuito para caminhoneiros e populações carentes. Ao longo de oito anos, já foram atendidas 20 mil pessoas.
A Fiat, por sua vez, desenvolve dois projetos ligados ao âmbito social. “Nós entendemos que a empresa não está dissociada da comunidade em que está inserida. É preciso buscar o relacionamento baseado no estímulo ao desenvolvimento local e no reforço da cidadania por meio da execução de projetos com planejamento e monitoramento”, explica Luciana Costa, coordenadora do núcleo de relações com comunidade e sustentabilidade da montadora.
A Casa Fiat de Cultura, em Minas Gerais, investe na difusão da arte por meio de atividades culturais. Já a Árvore da Vida busca fortalecer comunidades com a realização de oficinas de canto coral, percussão, cursos de empreendedorismo, suporte psicossocial e formação de educadores.
“Nosso levantamento mostrou que os adolescentes de 11 a 18 anos que participam ou participaram do programa têm 3,6 vezes mais chance de continuar a estudar e 4,8 mais probabilidade de ter curso superior”, garante Luciana
A General Motors também se preocupa com as questões sociais. Em 1993, a empresa criou o Instituto GM, que apóia diversos programas educativos, ambientais e filantrópicos nas comunidades próximas as suas fábricas e instalações comerciais.
Na área de edução, o Projeto Foco – Formação com Competência beneficia jovens a partir de 16 anos, desempregados, idosos e profissionais sindicalizados pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, e Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, no Rio Grande do Sul. O objetivo é atualizar conhecimentos, preparar e reinserir os sindicalizados no mercado de trabalho, além de resgatar a confiança e o espírito cidadão destas pessoas.
O programa Sopa Solidária é voltado para crianças de dois a 14 anos atendidas pela Casa de Lucas, em Santo André (SP), e creche Obra Social Célio Lemos, em São José dos Campos (SP). A ideia é complementar a alimentação por meio de uma sopa, preparada todos os dias com os alimentos que não foram direcionados aos balcões dos restaurantes da General Motors, e que é distribuída nas entidades para o lanche da tarde.
As outras ações da montadora são: Um Dia Sem Carne (uma vez por mês os funcionários da fábrica de São Caetano do Sul deixam de comer carne no refeitório e o dinheiro economizado é usado para comprar alimentos que serão doados), Campanha do Agasalho (ajuda pessoas de baixa renda e socialmente vulneráveis doando agasalhos no período do inverno) e Jovem Cidadão (auxilia jovens na faixa etária de 16 anos a conseguir o primeiro emprego).