Motoristas de aplicativo reclamam de repasse e acusam Uber de reter a maior parte da tarifa
Motoristas de Uber reclamam que plataforma retém mais de 50% da tarifa, repassando menos da metade em corridas caras. Entenda a polêmica e os relatos sobre o repasse injusto.
A relação entre os motoristas parceiros e as plataformas de transporte por aplicativo, especialmente a Uber, vive um momento de crescente tensão. Relatos e análises de ganhos têm circulado entre os condutores, apontando que a fatia retida pela empresa, a chamada “taxa de serviço”, tem chegado a patamares considerados abusivos, em muitos casos, ultrapassando 50% do valor total pago pelo passageiro.
Motoristas de aplicativo reclamam de repasse e acusam Uber de reter a maior parte da tarifa
Apesar de a Uber ter se afastado do modelo de taxa fixa no Brasil em 2018 para adotar um cálculo baseado em distância e tempo reais, o que se observa na prática é uma retenção variável e, em corridas mais longas ou em momentos de alta demanda, extremamente alta para a plataforma, deixando o motorista com menos da metade do que é cobrado do cliente.
O problema se torna visível nos extratos de corrida, onde a discrepância entre o valor pago pelo usuário e o repassado ao condutor é gritante.
O motorista parceiro, João (nome fictício para evitar represálias da plataforma), aceitou uma corrida de longo percurso, com alta demanda, que totalizava R$ 160,00 para o passageiro. Após 55 minutos de direção e considerando o desgaste do veículo e o consumo de combustível, João conferiu o repasse.

| Detalhe da Corrida | Valor |
| Tarifa Total (Paga pelo Passageiro) | R$ 160,00 |
| Repasse para o Motorista | R$ 78,00 |
| Taxa Retida pela Plataforma | R$ 82,00 |
| Porcentagem Retida | 51,25% |
O risco de precarização
A principal queixa dos motoristas é que a Uber estaria utilizando o mecanismo de cálculo variável para maximizar sua receita em momentos estratégicos (como o preço dinâmico), sem garantir um piso mínimo justo de repasse.
Segundo relatos de fóruns e comunidades de motoristas, a média de ganho do motorista em muitas cidades fica próxima a 40% a 50% da tarifa, com picos de retenção acima de 60%. Esse desequilíbrio é alarmante, pois todas as despesas operacionais – combustível, manutenção, seguro, depreciação do veículo – recaem integralmente sobre o parceiro.
O resultado prático é o aumento da insatisfação e a busca por estratégias para maximizar os lucros, como a recusa de viagens de baixo valor ou a migração para plataformas que ofereçam taxas de serviço mais transparentes ou repasses mais favoráveis.
A Uber afirma que sua taxa de serviço visa cobrir custos operacionais, desenvolvimento de app e suporte, mas a falta de transparência sobre o cálculo exato e as altas retenções em corridas caras continuam sendo o principal foco de atrito na relação com seus parceiros.
Você é passageiro ou motorista? O que você pensa sobre a taxa da Uber? Comente sua experiência!
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Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.