Montadoras tentam deixar o trânsito mais seguro, mas a decisão final é do motorista

Por mais que as montadoras invistam em tecnologias para promover a segurança, o resultado de um trânsito mais seguro depende dos motoristas.

Com o passar do tempo, os veículos, principalmente os carros, ficaram cada vez mais tecnológicos. Esses sistemas pensados pelas montadoras visam uma segurança maior, consequentemente, a redução de acidentes. Mas no final das contas, quem decide por um trânsito mais seguro é o motorista.

Trânsito mais seguro depende dos motoristas (Foto: Divulgação)

Novas tecnologias são essenciais para um trânsito mais seguro, mas apenas elas não bastam

Frenagem autônoma de emergência, assistente de permanência em faixa, e controlador de velocidade são apenas alguns dos inúmeros itens de série disponíveis nos carros mais recentes. E engana-se quem pensa que tais tecnolgias são restritas dos automóveis mais caros.

Hoje, até mesmo os veículos mais vendidos, ou seja, de maior interesse do público, possuem tecnologias que promovem a segurança veicular. No entanto, por mais que as montadoras tentem e invistam em novos sistemas que prezam pela segurança, a decisão final ficará por conta do próprio motorista.

Segundo dados do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) e da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), 90% das sinistralidades nas estradas são causadas por falhas humanas. 

Distrações ao volante, desrespeito às leis de trânsito e comportamentos de risco, como excesso de velocidade, fadiga e uso de celular, estão entre os principais fatores responsáveis por sinistros de trânsito nas rodovias brasileiras.

Proteger vidas, minimizar perdas e garantir operações seguras não se tratam apenas de dirigir com cuidado, mas de adotar uma postura vigilante e uma mudança cultural em relação à segurança no trânsito.

Pedestres viram vítimas

No primeiro semestre de 2024, São Paulo teve um aumento alarmante de mortes de pedestres, consolidando-se como o período mais mortal dos últimos cinco anos.

De acordo com o portal Infosiga, administrado pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), foram registradas 700 mortes de pedestres, um aumento significativo em comparação com as 585 fatalidades no mesmo período de 2023.

Pedestres viram vítimas de motoristas imprudentes (Foto: Freeik)

Esse aumento de 19,7% reflete uma crescente crise de segurança viária que afeta uma das maiores cidades do Brasil, onde o álcool está presente como uma das causas. Além disso, o número é ainda mais preocupante quando comparado a 2022 e 2019, quando o número de fatalidades subiu para 678 no primeiro semestre do ano.

Esse cenário reforça a necessidade urgente de implementar medidas mais eficazes para proteger os pedestres, que, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), devem ter prioridade nas ruas.

A lei determina que o motorista que desrespeitar o ponto de travessia de pedestres incorre em infração grave ou gravíssima, com multas que variam de R$ 195,23 a R$ 293,47, dependendo da gravidade da infração, além do acúmulo de pontos na carteira de motorista.

No entanto, a frequência desses acidentes é uma evidência de que as penalidades atuais, juntamente com as exigências de seguro do carro, não têm sido suficientes para mudar o comportamento dos motoristas.

Tem como reduzir o número de acidentes no trânsito?

“Medidas proativas, como treinamentos de condutores, monitoramento constante e o cumprimento de práticas seguras de condução, são essenciais para mitigar esses riscos”, destaca Alfredo Peracetta, especialista há mais de 20 anos em direção defensiva e que atua no programa de prevenção de sinistros no trânsito da Global 5.

A questão também é cultural, porém, medidas simples como ensinar noções básicas de trânsito nas escolas influenciam positivamente em um trânsito mais seguro.

Entidades de ensino também têm um papel fundamental na construção cultural sobre educação no trânsito. De acordo com Danielle Romera, gestora do Colégio Cristão Baruk, localizado em Guarulhos, a entidade de ensino promove atividades sobre regras e o dia a dia no trânsito.

Alunos aprendem noção básica de trânsito (Foto: Arquivo pessoal Colégio Baruk / Divulgação)

Segundo ela, essas ações, além de promoverem conscientização nos futuros motoristas, também são responsáveis por influenciar o trânsito atual.

“Aqui eles aprendem a necessidade de usar o cinto, o que as cores dos semáforos representam, a importância da cadeirinha infantil e acabam virando monitores dos próprios pais, [os alunos] relatam que quando estão no carro e os responsáveis adotam uma prática irregular, eles mesmos chamam atenção para o erro.” Afirma Romera.

Antecipar possíveis perigos é essencial para um trânsito mais seguro

Alfredo Peracetta reforça ainda que a chave para minimizar os números de acidentes nas estradas está em prevenir possíveis perigos e reagir antes que eles se tornem uma ameaça. “O motorista precisa estar atento não só aos seus próprios erros, mas também às ações imprevisíveis de outros agentes do trânsito, como os demais motoristas, ciclistas e pedestres.”

Seja nas ruas ou rodovias, é fundamental manter a velocidade adequada, respeitar as placas de sinalização e entender que a fadiga é uma das principais causas de acidentes. Na visão de Peracetta, o sucesso dessas iniciativas depende diretamente da mudança de comportamento e, principalmente, da mentalidade de motoristas.

Por fim, de acordo o instrutor dos motoristas do V1, plataforma de mobilidade urbana que atua no aluguel e assinatura de carros, Alexsandro Laurescom, a prática mais fundamental no trânsito, a direção responsável, segue um conceito simples: obedecer estritamente às leis de trânsito.

Ações como indicar corretamente as mudanças de direção, usar cinto de segurança, respeitar os limites de velocidade e as prioridades das vias, não dirigir sob a influência de álcool e não mexer no celular enquanto dirige são algumas das normas essenciais que todo motorista deve seguir.

“Pode parecer simples, mas muitos condutores acabam desrespeitando uma ou outra lei por causa de conforto, comodidade e pela falta de fiscalização. Isso pode prejudicar não apenas o próprio motorista, mas também os pedestres e os cidadãos em geral”, afirma Laurescom.

Um trânsito mais seguro depende do motorista (Foto: Freepik)

Escrito por

Nicole Santana

Jornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.

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