Montadoras investem em ações sustentáveis
Projetos incentivam a redução de consumo e a preservação dos recursos naturais
Atualmente, fala-se muito sobre sustentabilidade. E não é a toa, afinal, o conceito é essencial para equilibrar a harmonia entre produção e preservação. No caso das montadoras, praticamente todas elas se preocupam com o assunto e, por isso, desenvolvem constantemente projetos para preservar recursos e ecossistemas.
A Fiat, por exemplo, tem iniciativas para reduzir os níveis de gás carbônico dos veículos e aumentar a produção feita por meio de recicláveis. “Nossas fábricas contam com processos voltados à contínua prevenção e redução do impacto ambiental, assim como a otimização de recursos naturais”, explica Luciana Costa, coordenadora do Núcleo de Relações com Comunidade e Sustentabilidade da empresa.
Em 1994, a marca italiana implantou na unidade fabril de Betim, em Minas Gerais, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA). E de lá para cá, garante, tem registrado queda contínua dos indicadores de geração de resíduos, consumo de água e de energia – até 2013, a queda no consumo de energia elétrica por produção de veículo foi de 55%; a utilização de água caiu em 68%, e a geração de resíduos teve redução de 51%.
Nos últimos anos, os investimentos diretos em gestão ambiental realizados pela Fiat ultrapassaram R$ 40 milhões. Esses recursos foram destinados ao desenvolvimento de tecnologias mais eficientes e eficazes para prevenir e reduzir os impactos ambientais. Um exemplo é o Complexo de Tratamento de Efluentes Líquidos, construído em 1998 e modernizado em 2010, que permite o reúso de 99% da água.
A Ilha Ecológica é mais uma ação da montadora e, desde 1994, recebe todos os resíduos gerados na fábrica para identificação, triagem e gestão, com foco na destinação e no tratamento adequados. Com isso, hoje em dia, 95% dos resíduos são reciclados e 5%, reaproveitados.
Outra fabricante de automóveis que se preocupa com o meio ambiente é a Hyundai. Por meio da CAOA Montadora, a empresa destina grande parte da área da unidade de Anápolis, em Goiás, ao reflorestamento da região Centro-Oeste do país – no terreno, ela abriga a reserva ambiental onde estão mudas de árvores típicas do Cerrado que são utilizadas para o replantio da vegetação.
Além disso, a planta reutiliza as sobras líquidas da produção, e todo o processo é feito em uma estação de tratamento. Assim que a água é descontaminada e purificada, ela volta para as caixas d’água e passa a ser usada nos banheiros, na irrigação dos jardins e no abastecimento do viveiro de mudas instalado no local. Já a água potável é utilizada para fins mais nobres, o que também contribui para a preservação deste recurso.
Reciclagem e água
No caso da Renault, suas conquistas nesta área, entre 2007 e 2013, foram redução de 51% no consumo de energia elétrica, de 32% no de gás natural e de 52% no de água por veículo produzido no Complexo Industrial Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, no Paraná. Para alcançar estes resultados foram implantadas novas práticas, sistemas operacionais mais modernos e a substituição de equipamentos e treinamento de equipes.
Além de administrar o consumo de recursos naturais envolvidos em todos os seus processos, a companhia recicla os resíduos gerados na produção como metal, isopor, papelão, plástico e borra de tinta. Em 2013, o volume de reciclagem atingiu cerca de 70 mil toneladas.
A marca francesa assegura que as questões ambientais estão contempladas em todas as fases da vida do carro, desde o desenvolvimento e a produção, até a destinação dos componentes ao final da sua vida útil. Atualmente, ela consegue reciclar 95% dos componentes dos automóveis.
A Volkswagen, por sua vez, trabalha com o conceito “Think Blue” – a meta é, até 2018, reduzir o impacto ambiental de suas fábricas em 25%. No Brasil, ele se aplica a diversas iniciativas já realizadas pela empresa há alguns anos como o investimento em energias renováveis, por meio da construção da Pequena Central Hidrelétrica, a reciclagem e a reutilização de materiais na produção, a captação de água da chuva e o desenvolvimento de veículos com o conceito BlueMotion.
Mais um exemplo de sustentabilidade empregado pela montadora alemã é a pintura ecológica. Com ela, na fábrica de Taubaté, no interior de São Paulo, foram reduzidos em cerca de 23% o consumo de água por veículo produzido e em 30% o consumo de energia, em comparação a uma pintura convencional. A área também utiliza tintas à base d’água, permitindo uso mínimo de solventes e gás natural.
Vida animal em foco
Além de investir em iniciativas para preservar recursos naturais, algumas montadoras empregam seus recursos em projetos focados na vida animal. É o caso da Toyota, que conta com o programa APA Costa dos Corais. Ele visa a conservação de mais de 413 mil hectares em oito municípios de Alagoas e três de Pernambuco. A área abriga cerca de 185 espécies de peixes, bem como animais ameaçados de extinção (mero, tartarugas marinhas e peixe-boi-marinho são alguns deles).
A montadora japonesa também apoia o projeto Arara Azul, para preservar o animal e outras aves nativas da região ameaçadas de extinção e ainda promover a conservação da biodiversidade do Pantanal, no Mato Grosso do Sul. No total, são monitoradas aproximadamente três mil aves, que vivem em 455 ninhos espalhados por 57 fazendas da região.
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