Mobilidade urbana sustentável requer política integrada, diz especialista

De acordo com especialistas o desenvolvimento de mobilidade urbana sustentável requer políticas que integrem diferentes meios de transporte.

De acordo com especialistas, o desenvolvimento de meios de mobilidade urbana necessitam de políticas integradas, afim de quebrar um ciclo iniciado ainda no século XX, período de origem da urbanização das cidades brasileiras, veja.

Mobilidade urbana sustentável vai muito além de modelos elétricos (Foto: Pixabay)

Mobilidade urbana e sustentável necessita de políticas que integrem meios de transporte motorizados e não motorizados

Atualmente, muito se fala no desenvolvimento de novos meios de transporte. Nesse caso, a intenção é desenvolver uma fórmula mais saudável para a locomoção do dia a dia. No meio automotivo, os famosos city cars, veículos mais compactos e de motorização elétrica, fazem parte da aposta atual.

Para as especialistas no setor, Arquitetas e Urbanistas Angélica Tanus Benatti, e Viviane Manzione Rubio, a mobilidade urbana sustentável é um direito essencial da população e se traduz no aproveitamento igualitário dos diversos modos de transporte, sejam eles motorizados e não motorizados.

Elas explicam que desde meados do século XX, o modelo de urbanização das cidades brasileiras se apoia no transporte motorizado individual, especialmente no automóvel.

Com isso, o aumento exponencial de infraestrutura viária das cidades contribui para o espraiamento urbano, ou seja, para a segregação socioespacial e para os longos deslocamentos casa-trabalho.

No entanto, a ação se torna um círculo vicioso, para a multiplicação de automóveis particulares, problemas de saúde pública, impactos no clima e, consequentemente, deterioração da qualidade de vida da população.

Assunto é discutido no país desde 2004, porém, ainda falta muito para um cenário ideal

Segundo elas, no Brasil, o conceito de mobilidade urbana sustentável vem sendo construído desde 2004 com a publicação do “Caderno Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável” pelo Ministério das Cidades.

No entanto, somente em 2012, com a instituição da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei federal 12.587), o tema passou a ser incorporado na política de desenvolvimento urbano e incluído no sistema de planejamento urbano municipal.

Taxa de motorização cresceu 15% (Foto: Pixabay)

O Plano Diretor Estratégico de São Paulo (PDE, Lei Municipal 16.050/2014), principal instrumento de planejamento urbano da maior cidade do Brasil, propõe uma visão sistêmica entre transporte, uso do solo e desenvolvimento urbano.

Porém, de acordo com as arquitetas, apesar de sua importância, as diretrizes do PDE ainda vêm surtindo poucos efeitos no alcance da mobilidade urbana sustentável.

Dados da última Pesquisa Origem — Destino 2017, realizada a cada dez anos pela Companhia do Metrô de São Paulo, indicam que cerca de 67% das 42 milhões de viagens diárias produzidas na região metropolitana de São Paulo são realizadas por modos motorizados (coletivo + individual) e 33%  por modos não motorizados (a pé + bicicleta).

Dessa forma, observa-se que, no período de dez anos (2007-2017), a taxa de motorização cresceu 15%; um aumento de 10,3% no total de viagens diárias; os deslocamentos por meios motorizados cresceram 12,4% e por não motorizados, 6,2%. O principal crescimento de viagens motorizadas ocorreu no modo individual (15%).

Entre os modos não motorizados, as bicicletas cresceram 24%, mas representam apenas 1% do total das viagens, e os percursos a pé 6%, atingiram 32% de todos os deslocamentos, segundo o Metrô.

“É evidente que o uso dos modos não motorizados — especialmente “a pé” e “bicicleta” — vem, ainda que vagarosamente, se ampliando. No entanto, o espaço público da maioria das cidades brasileiras não se encontra preparado para ampliar a predisposição e a segurança dos pedestres e ciclistas” afirmam.

Elas também reforçam dizendo que a ausência de um planejamento integrado entre sistema de transporte e uso do solo, em interface com projeto e desenho urbano do espaço público, somente corroboram para o cenário atual.

“A mobilidade urbana sustentável requer uma visão sistêmica envolvendo o planejamento do uso do solo, com atividades e densidades diversificadas, o desenho do espaço urbano com implantação de infraestrutura completa para pedestres e ciclistas e outros modos não motorizados, e a integração dos diversos modos de transporte motorizados.”

Elas finalizam dizendo que todos esses aspectos, em constante transformação na cidade contemporânea, dependem do contexto e das especificidades de cada. “Enfim, é preciso preparar as cidades para as pessoas com vistas à uma vida mais saudável, pressuposto básico da mobilidade ativa.”

Transporte coletivo e individual é a maior taxa de deslocamento registrada em São Paulo (Foto: Pixabay)

 

 

Escrito por

Nicole Santana

Jornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.

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