Manutenção dos freios garante a segurança

Verificação preventiva aumenta a eficiência do sistema e diminui os custos

A manutenção preventiva do sistema de frenagem é um dos itens mais importantes para garantir a segurança do veículo. A verificação do desgaste das pastilhas, do disco e do fluido de freio deve ser feita com regularidade para evitar imprevistos. Mas o próprio carro emite o alerta quando algo não vai bem.

O primeiro sinal é o acionamento da luz de freio do painel. Quando ela acende, é necessário encostar imediatamente o carro em uma oficina mecânica para verificar o que há de errado. “A luz nunca mente”, alerta Francisco Satkunas, engenheiro mecânico e conselheiro da Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil).

A atenção deve ser priorizada nas rodas dianteiras, que utilizam freios a disco. As traseiras adotam o sistema a tambor, que exigem menos manutenção. Satkunas afirma que os principais problemas estão relacionados exatamente com o desgaste dos componentes do sistema de freios.

Quando a luz de alerta do painel acende, a causa mais provável é a baixa do nível de óleo no reservatório. Isso pode acontecer por vazamento ou, mais comumente, pelo desgaste das pastilhas. “Nesse caso, o óleo tem de descer mais para o correto funcionamento. Esse óleo não volta ao reservatório e o nível fica muito baixo”, explica.

Nesse momento, é necessário fazer a troca das pastilhas e uma possível sangria (troca) do óleo. Quando o desgaste das pastilhas atinge um nível crítico, elas passam a danificar o disco do freio, que também deverá ser substituído ou feita a retífica da peça. O que ocorre é que nessa situação o suporte da pastilha entra em atrito com o disco. “O ideal é verificar sempre que for trocar o óleo do motor e efetuar a substituição antes do desgaste total. Assim, a manutenção fica mais barata”, orienta.

Ao sair de fábrica, a pastilha de freio tem entre 6 mm e 7 mm de espessura. “Quando atinge menos de 3 mm, ela já está bem gasta e deve ser trocada”, afirma o engenheiro.

Manutenção

Manutenção prolonga vida útil

A quilometragem para a manutenção correta do sistema de frenagem varia de acordo o uso e o estilo de pilotagem. Para prolongar a vida útil, o ideal é que o motorista utilize ao máximo o freio motor, com a redução de marchas para segurar o carro. Segundo Satkunas, os veículos com câmbio automático tendem a ter um desgaste mais rápido. Por isso, a durabilidade pode variar de 30 mil quilômetros a 50 mil quilômetros.

Nos primeiros 200 quilômetros após a substituição, o motorista deve dirigir com cuidado redobrado. É que, de imediato, a pastilha e o disco não contam com um encaixe perfeito e o contato entre as duas peças é feito somente em algumas regiões da pastilha, o que pode gerar um superaquecimento e diminuir o poder de frenagem. “Depois de 200 quilômetros, há o acasalamento e a pastilha pega por inteiro no disco. Isso dissipa melhor o calor e aumenta a eficiência”, explica Satkunas.

De acordo com o engenheiro mecânico, os problemas de vazamento do fluido de freio são mais raros de acontecer. Mas, caso isso ocorra, ele pode ser identificado com o depósito de resíduos no chão onde o carro fica estacionado. “O óleo de freio é incolor e quando você vê ele parece água. Mas ao colocar a mão dá para sentir um pequena oleosidade”, afirma.

ABS

Desde o início do ano passado, todos os carros zero-km produzidos no Brasil passaram a contar com o sistema ABS, que mesmo em situações críticas evita o travamento das rodas. Isso garante o melhor controle da direção e permite frenagens em espaços mais curtos. Apesar da complexidade do sistema, os itens de manutenção são praticamente os mesmos do sistema mais simples.

No entanto, atenção maior deve ser dispensada ao cabo de contato. Por se tratar de um sistema eletrônico que trabalha em temperatura mais elevada, pode haver um desgaste mais prematuro.

A principal preocupação do engenheiro mecânico, no entanto, está relacionada à sensação do motorista ao utilizar o sistema ABS. “Para quem nunca experimentou, é bom fazer o teste. Em uma via livre, acelere um pouco e dê uma freada brusca. O pedal tem a tendência de trepidar. Em uma situação de pânico, o motorista desavisado pode se assustar, soltar o pedal e prejudicar a frenagem. Por isso, é importante saber como ele funciona”, relata.

Outra orientação importante está relacionada à eficiência dos freios quando o motor do carro está desligado. É que o sistema funciona com assistência à vácuo, que só ocorre quando o motor está em funcionamento. Ao pisar no pedal, abre-se a válvula de atuação do vácuo sobre o óleo de freio, que multiplica a força aplicada. “Quando o motor está desligado, a direção e freio ficam muito duros. O freio até funciona, mas é preciso fazer uma força cavalar”, diz.

Escrito por

Vinícius Casagrande

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