Mais uma montadora anuncia paralisação de fábrica
A Scania fará paralisação programada de dois dias por semana em sua fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, a partir da próxima sexta-feira (28). A montadora também dará férias coletivas de dez dias para os seus trabalhadores, a partir de 10 de julho. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, os trabalhadores foram informados sobre a decisão da empresa na semana passada.
Entenda os motivos para a nova paralisação de fábrica de montadora
De acordo com a montadora sueca, a medida é tomada devido à desaceleração do mercado de caminhões no Brasil e em outros países da América Latina, como a Argentina. As medidas são asseguradas pelo acordo de flexibilidade de jornada negociado com o sindicato em 2013.
“A situação foi agravada ainda mais pela falta de peças, pela antecipação das vendas em 2022 de modelos Euro 6 e, principalmente, pela queda no consumo e das altas nas taxas de juros em nosso país”, afirma Carlos Caramelo, vice-presidente do sindicato.
O quadro da Scania é formado por 4,5 mil trabalhadores, sendo que 3 mil deles atuam nas áreas produtivas da montadora.
A queda nas vendas já levou a companhia a encerrar o segundo turno da unidade, no qual operavam por volta de 200 funcionários, no final do mês de março. Pela mesma razão e na mesma época, a montadora decidiu não renovar os contratos de trabalhadores que atuam na empresa em regime temporário.
O ano de 2023 tem sido negativo para as montadoras de caminhões. As projeções da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotivos (Anfavea) mostram uma retração nas vendas de 11% na comparação com o volume comercializado em 2022. Já a produção projetada deverá ser 20% menor.
Crédito escasso e caro dificulta aquisição de veículos pesados
As vendas de caminhões tem sido prejudicada pelo cenário de juros em alta, crédito escasso e, ao mesmo tempo, economia desaquecida, o que reduz a procura por caminhões para o transporte de mercadorias. Esse contexto foi agravado pela mudança de motorização para o padrão Euro 6, que elevou os preços dos caminhões entre 20% e 30%.
Montadoras como Volvo, Mercedes-Benz e Volkswagen também têm convivido com dificuldades para colocar os seus caminhões no mercado, tendo recentemente anunciado, igualmente, paralisações em suas linhas de montagem.