“Mais etanol na gasolina pode comprometer o funcionamento do carro”, diz engenheiro
Mudança anunciada pelo governo prevê que o combustível contenha 27% de álcool
O Ministério de Minas e Energia anunciou que a gasolina irá passar a contar com 27% de etanol anidro, em substituição aos 25% atuais, em sua mistura a partir da próxima segunda-feira (dia 16). Apesar de pequeno, o aumento pode causar efeitos negativos nos automóveis que utilizam somente este combustível.
“Qualquer variação na mistura pode afetar o funcionamento e o desempenho do motor”, alerta o engenheiro mecânico Henrique Pereira, da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade – SAE Brasil. O profissional explica que carros movidos exclusivamente à gasolina foram desenvolvidos para funcionar com uma determinada quantidade de etanol na mistura e, por isso, o aumento pode apresentar falhas de dirigibilidade, dificuldade de partida a frio, aumento nas emissões de gases e desgaste prematuro de alguns componentes.
Além disso, a modificação irá refletir no consumo. “Embora pareça imperceptível, o motorista irá perder, em média, meio litro de autonomia do combustível no consumo a cada tanque cheio. Isso equivale dizer que ele deixará de rodar cerca de 3 km a 5 km com a nova fórmula”, afirma. O preço do combustível nos postos, no entanto, não deverá sofrer alta.
Aumento da produção
A adição de mais álcool, combustível que tem poder antidetonante e auxilia na limpeza do motor, foi defendida por empresas do ramo que viam a alteração como uma forma de amenizar a crise vivida pelo setor. O Brasil produz atualmente 12 bilhões de litros de etanol por ano, número que deverá subir para R$ 1 bilhão, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento, por conta da alteração da sua quantidade na gasolina.
Rodrigo Loureiro é repórter do site Garagem 360 e da Agência Entre Aspas. Em 2014 atuou na redação do portal UOL Esporte e também já escreveu para as editorias de tecnologia e turismo de outros portais e publicações.