Lenda do automobilismo, Niki Lauda morre aos 70 anos
O mundo do automobilismo perdeu um de seus maiores nomes. Aos 70 anos, Niki Lauda faleceu na noite de ontem em decorrência de problemas renais. Dono de três títulos mundiais da Fórmula 1 (1975, 1977 e 1984), Andreas Nikolaus Lauda brilhou a bordo de Ferrari, Brabham e McLaren, foi dirigente da extinta Jaguar e atualmente era um dos líderes da Mercedes. No ano passado, o austríaco precisou de um transplante pulmonar e estava afastado das pistas desde então.
Niki Lauda: carreira vitoriosa
A estreia de Lauda na F1 foi em 1971, durante o GP da Áustria. Seu debute foi a bordo de um carro da March. Dois anos depois, em 1973, ele trocou de escuderia e partiu para a BRM, conseguindo bons resultados e despertando o interesse da Ferrari. E seu primeiro grande momento na categoria foi justamente a bordo do carro de Maranello, conquistando seu primeiro título mundial em 1975.
No auge, Lauda viveu uma das maiores rivalidades da história da F1 em 1976, quando enfrentou a McLaren de James Hunt e precisou lutar para sobreviver pela primeira vez. Durante o GP da Alemanha, disputado no temido circuito de Nürburgring Nordschleife, ele perdeu o controle de sua Ferrari e bateu. Seu carro foi envolto em chamas e Niki sofreu queimaduras por todo o corpo. Internado em estado grave, ele foi dado praticamente como morto, chegando até a receber a extrema-unção de um padre.
Niki Lauda e suas cias aéreas: quando um campeão da F1 resolveu trocar o volante pelo manche
Só esqueceram de avisar a Lauda que era a hora de morrer. Contrariando as previsões, ele se recuperou e voltou às pistas apenas 40 dias depois de seu acidente. No fim, ele acabou perdendo o título para Hunt na última corrida, abandonando a prova no Japão por conta das más condições climáticas.
A história desta temporada parece tanto um roteiro de filme que foi adaptada para o cinema. O longa Rush: No Limite da Emoção, de 2013, é estrelado por Daniel Brühl, que faz o papel de Lauda, e Chris Hemsworth, escolhido para viver o boêmio James Hunt, piloto que faleceu em 1993.
Era Brabham e aposentadoria
O título que escapou em 1976 veio no ano seguinte. Após conquistar seu segundo campeonato, Niki decidiu mudar de ares e foi correr pela Brabham. Com apenas dois triunfos pela equipe nas duas temporadas, o austríaco decidiu investir em sua outra paixão, os aviões. Assim, após o final da temporada de 1979, ele se retirou das pistas pela primeira vez e fundou sua primeira companhia aérea, a Lauda Air.
Volta pela McLaren
A aposentadoria, entretanto, durou pouco. Ele voltou à categoria em 1982, agora pela McLaren, e conquistou sua primeira vitória em sua terceira corrida pela equipe, durante o GP de Long Beach. Dois anos depois, em 1984, ele faturou seu terceiro e último título, derrotando seu companheiro Alain Prost por apenas 0,5 ponto.
Lauda se despediu definitivamente das pistas em 1985, aos 36 anos. Em seu currículo, além dos três títulos, exibe 171 GPs, 25 vitórias, 24 poles, 24 melhores voltas e 54 pódios.
Estudioso, obcecado pela vitória e um dos primeiros pilotos a enxergar o automobilismo como um esporte profissional, Niki jamais se afastou totalmente do automobilismo. Nos últimos anos, ajudou a Mercedes a se tornar a força dominante da F1, sendo fundamental para os oito títulos da equipe (quatro de pilotos e quatro de construtores).
Seu legado e sua superação jamais serão esquecidos. Niki agora vai poder reviver a rivalidade com Hunt em outro plano. Ela deixa a vida para entrar no hall dos grandes astros do automobilismo que já não estão mais aqui, como Ayrton Senna, Juan Manuel Fangio, Jim Clark, Jack Brabham e Graham Hill.
Jornalista formado na Universidade Metodista de São Paulo e participante do curso livre de Jornalismo Automotivo da Faculdade Cásper Líbero, sou apaixonado por carros desde que me conheço por gente. Já escrevi sobre tecnologia, turismo e futebol, mas o meu coração é impulsionado por motores e quatro rodas (embora goste muito de aviação também). Já estive na mesma sala que Lewis Hamilton, conversei com Rubens Barrichello e entrevistei Christian Fittipaldi.