Indústria automotiva patina em setembro e Anfavea rebaixa previsões para 2023 

A indústria automotiva colheu resultados neutros em setembro, e a Anfavea revisou para baixo as suas previsões para este ano.

A indústria automotiva colheu resultados neutros em setembro. O mês foi marcado por uma leve melhora nas médias diárias de produção e de vendas de veículos, assim como pelo aprofundamento da queda do volume exportado.

O fato levou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) a refazer suas previsões para o ano, esperando agora um crescimento menor do que o estimado em janeiro.

Confira os números alcançados pela indústria automotiva no mês de setembro

Produção nacional de veículos não consegue avançar em 2023 (Foto: Divulgação/Toyota)

Em setembro, a indústria automotiva nacional registrou a produção de 209 mil veículos, uma retração de 8% em relação ao volume produzido em agosto, de 227 mil unidades.

“Isso se explica pelo menor número de dias trabalhados, pois setembro é um mês menor [em comparação a agosto], e por ter tido um feriado-ponte [Dia da Independência, que caiu numa quinta-feira]”, ressalva Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea. 

Pela média diária de produção, assim como a de vendas, os resultados do mês foram positivos.

“Setembro foi o melhor mês de média diária de vendas no ano, com 9,9 mil unidades, à exceção de julho, que teve os efeitos da medida provisória de incentivos governamentais”, afirma Lima Leite.

Por outro lado, a indústria brasileira tem colhido resultados negativos no que tange às exportações de veículos. Setembro foi o pior mês quanto às vendas para o exterior dos últimos 12 meses. 

As exportações vêm numa trajetória declinante desde o início do ano, e no último mês sofreram uma queda de 35 mil para 27 mil unidades embarcadas.

Países como Colômbia (-32%), Chile (-29%) e Argentina (-16%) apresentam reduções expressivas das encomendas à indústria automotiva brasileira no acumulado deste ano.

Essa é uma situação que preocupa o setor, pois podemos verificar que produtos de outros países têm ocupado o espaço dos veículos brasileiros”, afirma o presidente da Anfavea.

Novas previsões

Montadoras registram grandes quedas nas exportações deste ano (Foto: Divulgação/Renault)

O aquecimento do modesto do mercado interno e os desafios enfrentados na exportação levaram a Anfavea a revisar suas projeções para o ano, originalmente feitas em janeiro.

A produção foi levemente revista para baixo, devido ao forte impacto da queda nas exportações. 

A nova previsão é de um fechamento anual com 2,732 milhões de veículos produzidos, 0,1% a mais do que em 2022. Em janeiro, esperava-se um crescimento da ordem de 2,2%.

Na divisão por categorias, o crescimento na produção de automóveis e comerciais leves foi revisto de 4,2% (janeiro) para 3,2% (outubro), enquanto o recuo na produção de caminhões e ônibus foi de 20,4% para 34,2%.

A alta nos emplacamentos é considerada a melhor notícia para o setor no ano.

“Havia um temor de que o mercado se retrairia após o fim dos descontos oferecidos pelo governo federal, mas a média diária de vendas vem crescendo de forma consistente nos últimos dois meses”, afirma Lima Leite.

Com isso, a projeção de crescimento nos emplacamentos foi elevada de 3% para 6% sobre o volume de 2022, com uma expectativa de 2.230 mil unidades no acumulado deste ano, sendo que para os veículos leves foi revista de 4,1% para 7,2% de alta.

“Contudo, dois terços dessa maior demanda do mercado interno vem sendo atendida por produtos importados”, ressalta Leite.

Para os veículos pesados, a Anfavea manteve a previsão de queda de 11,1%, em função do custo das novas tecnologias incorporadas para atender à fase P8 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). Ônibus estão tendo um desempenho além do esperado, mas os caminhões estão vendendo menos do que se previa inicialmente.

As exportações vêm sendo o grande ponto de alerta para a indústria automotiva nos primeiros nove meses do ano.

A crise na Argentina, que fez o tradicional parceiro comercial perder para o México o posto de principal destino das exportações brasileiras, somada à queda de mercados domésticos no Chile e na Colômbia, fizeram com que os envios no ano recuassem 11,2%. 

As projeções da Anfavea quanto às exportações, que eram de queda de 2,9% no ano, foram atualizadas agora para um recuo significativamente maior, de 12,7%.

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Escrito por

Paulo Silveira Lima

Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.

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