Gás natural veicular é alternativa para quem quer gastar menos

Conversão tem de constar no documento do carro e deve ser realizada em oficina certificada pelo Inmetro

Em tempos de crise e de alta nos preços da gasolina e do etanol, optar pelo gás natural veicular (GNV) é uma opção para quem quer economizar e, ao mesmo tempo, agredir menos o meio ambiente. A mudança para o combustível pode ser feita em qualquer veículo, mas deve constar no documento e ser realizada por uma oficina reconhecida pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro).

Só para se ter uma ideia da procura por este tipo de combustível, no primeiro bimestre de 2016, segundo a Companhia de Gás de São Paulo (Comgás), 954 motoristas fizeram a conversão em seus carros, um crescimento de 132% em relação ao número observado no mesmo período do ano passado (412 veículos convertidos). O mês de fevereiro, quando 532 modelos foram adaptados, registrou o recorde da série histórica, acompanhada pela empresa desde janeiro de 2011.

Quando se trata de economia, a Comgás diz que, por quilômetro rodado, ela chega a ser de 57% com GNV na comparação com o etanol e 54% com a gasolina. Conforme essas estimativas, o consumidor paga por quilômetro rodado R$ 0,38 com etanol, R$ 0,35 com gasolina e R$ 0,16 com gás. Os números tomam por base a média de consumo de um veículo com cada combustível e a média de preços apurada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) nos postos de combustíveis paulistas no mês de fevereiro.

“Percebemos que não apenas as pessoas que usam os veículos para o trabalho como frotistas e taxistas vem fazendo conversão, mas também os proprietários de carros particulares que percorrem longas distâncias. Eles estão percebendo no GNV uma alternativa de redução de custos no orçamento familiar”, explica Ricardo Vallejo, gerente de Marketing na área Industrial e de Transporte da Comgás.

Economia com o uso do GNV é de cerca de 50% em relação à gasolina e ao etanol |Foto: Divulgação/Comgás

Instalação do kit GNV

Antes de fazer a conversação para o gás natural veicular, que custa em torno de R$ 3.990, é importantíssimo checar com cuidado as condições do veículo, verificando se existe algum dano na parte mecânica e elétrica, para evitar problemas futuros. A escolha do conjunto que será instalado também requer atenção.

Atualmente, o mercado conta com kits de gerações 3, 4 e 5. “O mais recomendado hoje em dia é o de geração 5. Ele é totalmente eletrônico e garante que a performance do carro praticamente não seja alterada”, explica Fabio Campos, responsável técnico da Rodegás, de Salvador, na Bahia.

De acordo com a Comgás, com este conjunto, a perda de potência é de apenas 3%, algo imperceptível até para um piloto profissional. A companhia comenta ainda que o kit GNV de geração 5 eliminou problemas como o ressecamento de mangueiras ou a necessidade de troca constante de velas. A empresa diz ainda que a partida do automóvel é realizada pelo combustível original. Após o motor atingir a temperatura ideal, que gira em torno de 90ºC, o gás entra em operação.

Esses kits são compostos de diversas peças como chave comutadora, bicos injetores, válvula de abastecimento, redutor de pressão, tubulação e variador de avanço. Mas o mais importante talvez seja o cilindro, e antes de fazer a adaptação é preciso saber que ele ocupa espaço no porta-malas.

Manutenção

Vale a pena salientar que, assim como qualquer item do automóvel, o sistema de gás natural veicular também precisa de manutenção. Nos primeiros 1.500 km após a conversão, a Rodegás recomenda a revisão de todos os componentes do sistema, a inspeção do filtro de ar, das velas de ignição e das conexões elétricas, o reaperto das demais conexões e da cinta de fixação dos cilindro e a verificação de vazamentos.

A cada 10.000 km após a adaptação, a empresa indica trocar o filtro de ar, inspecionar o estado dos cabos de velas e das velas de ignição, trocando se necessário e, mais uma vez, checar se há vazamento nas conexões e também nas emissão de gases de combustão do motor.

Cilindro do kit de gás natural veicular vai instalado no porta-malas do veículo |Foto: Divulgação

Douglas Barbosa de Oliveira, técnico em GNV da Fubá Gás, de Santo André, na Grande São Paulo, sugere, de seis em seis meses, a limpeza do redutor e a troca da mangueira. O serviço custa em média R$ 250.

Além disso, é necessário ficar atento durante a rodagem. “Caso o condutor sinta cheiro de gás, seja na parte interna ou externa do carro, deve procurar o mais rápido possível a empresa responsável”, afirma o especialista.

E a lista de cuidados não para por aí. Também é importante, a cada 30 dias, que o veículo seja abastecido com gasolina ou álcool para lubrificar o motor. E, ao parar em um posto de abastecimento, é fundamental desligar o carro, apagar as lanternas e esperar do lado de fora.

Legalize já

O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) deixa claro que a conversão para o GNV é permitida por lei. Porém, primeiramente, é necessário comparecer ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran) ou órgão de trânsito da cidade e solicitar uma autorização de modificação veicular – se houver débitos pendentes, como multas e atrasos no pagamento de impostos, o documento não será expedido.

Com a licença em mãos, o segundo passo é levar o carro em uma oficina mecânica de confiança para uma inspeção geral e, depois, procurar uma especializada em conversão para GNV. Após a alteração, o automóvel tem de ser levado para uma unidade credenciada pelo Inmetro para inspeção e aprovação.

Tudo certo, é hora de voltar ao Detran ou ao órgão de trânsito da cidade para receber um novo Certificado de Registro do Veículo (CRV). Todo o processo é pago. Em São Paulo, por exemplo, a taxa custa R$ 163,63.

 

Escrito por

Talita Morais

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