Um novo estudo aponta que a revogação de políticas ambientais nos EUA, proposta por Trump, pode elevar o preço da gasolina. Entenda como essa decisão pode afetar o mercado global e o bolso dos motoristas no Brasil.
Uma nova e polêmica proposta da Agência de Proteção Ambiental (EPA) do governo dos Estados Unidos, sob a gestão de Trump, pode ter um efeito inesperado: o aumento no preço da gasolina. A EPA anunciou, em 29 de julho, a intenção de revogar a “descoberta de perigo” de 2009, que embasou regulamentações sobre emissões de gases de efeito estufa.
Gasolina vai ficar mais cara e a culpa é do Trump
Segundo o administrador da EPA,Lee Zeldin, a revogação encerraria “dezesseis anos de incerteza” para montadoras e consumidores, prometendo restaurar a “escolha do consumidor” e economizar “US$ 1 trilhão ou mais em impostos ocultos”. A ideia é permitir que americanos comprem carros mais acessíveis, diminuindo o custo de vida. No entanto, uma análise da Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA) aponta para um cenário oposto.
Apesar das promessas de economia, o relatório da CBS News, baseado em dados da EPA e da EIA, mostra que a revogação das políticas ambientais pode encarecer a gasolina no longo prazo. A lógica é simples: ao desincentivar a compra de veículos elétricos, mais consumidores optarão por carros a gasolina.
Esse aumento na demanda por veículos movidos a combustão, por sua vez, eleva a procura por combustível, impulsionando o preço.
Sem carros elétricos, gasolina fica mais cara – Imagem gerada por I.A
Conforme as projeções da EIA, se as regulamentações da era Biden fossem mantidas, os preços da gasolina tenderiam a cair. O ex-administrador da EIA, Joseph DeCarolis, explicou em um e-mail para a CBS News que existe uma “clara conexão causal” entre a revogação das medidas que incentivam veículos elétricos e a projeção de preços mais altos.
Ele ressaltou que, se a política de Trump prevalecer, “mais consumidores comprarão veículos a gasolina, resultando em maior consumo de gasolina e altos preços da gasolina para todos”.
Enquanto isso, Zeldin evitou o tema do preço do combustível em uma entrevista, focando nos supostos benefícios econômicos da revogação das políticas, que, segundo ele, restringiam “setores inteiros” da economia e, especificamente, o energético.
Reflexo no Brasil: a política externa de Trump e o preço da gasolina
O cenário nos Estados Unidos pode ter um eco direto na vida dos brasileiros. A política de Trump em relação aos combustíveis e ao meio ambiente pode, indiretamente, influenciar o preço da gasolina aqui no Brasil, especialmente por meio da variação do dólar.
Quando a política americana provoca instabilidade nos mercados ou, como neste caso, estimula a demanda por petróleo, o preço do barril pode subir globalmente. Como o Brasil importa parte de sua gasolina e o preço é atrelado ao mercado internacional, qualquer aumento no valor do petróleo, somado à alta do dólar, impacta diretamente o preço final para o consumidor.
Aumento no dólar influencia preços no Brasil – Foto: Getty Images
É como um efeito dominó: a decisão de Trump nos EUA aumenta a demanda por gasolina lá, o que pode pressionar o preço do barril de petróleo. Essa pressão, combinada com a volatilidade do dólar, se reflete nas refinarias brasileiras, que repassam o aumento para as distribuidoras, e, por fim, para o motorista brasileiro na bomba de combustível. Assim, uma decisão política nos EUA, focada em “proteger” a economia americana, pode acabar encarecendo o combustível para famílias do outro lado do mundo, incluindo o Brasil.
Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.