Gasolina não baixa o preço: queda do petróleo não chega às bombas por proteção da Petrobras

Descubra por que a Petrobras mantém a gasolina 11% mais cara que a paridade de importação, ignorando a queda do petróleo. Entenda a estratégia de segurar preços para cobrir dívida de US$ 59 bilhões e financiar investimentos de US$ 109 bilhões.

A Petrobras (PETR4) tem adotado uma postura cautelosa e, aparentemente, estratégica, ao manter inalterados os preços dos combustíveis em suas refinarias, apesar da forte queda na cotação internacional do petróleo. Enquanto o preço do barril acelera sua trajetória de baixa desde o início de outubro, a gasolina vendida pela estatal no Brasil está significativamente mais cara do que o referencial de mercado.

Gasolina não baixa o preço

De acordo com dados da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), nesta terça-feira (16), o preço da gasolina cobrado pela Petrobras estava cerca de 11% (R$ 0,29) acima da média do Preço de Paridade de Importação (PPI).

A decisão contraria a lógica de repasse imediato de baixas do mercado internacional, e sinaliza uma possível mudança na estratégia da companhia. Anteriormente, a política defendida pela presidente Magda Chambriard era focar em proteger a fatia de mercado, o que muitas vezes envolvia “abrasileirar” os preços, descolando-os das paridades.

A nova inércia nos reajustes é interpretada por analistas como um movimento para blindar a saúde financeira da empresa em um cenário de petróleo em declínio. Nesta terça-feira, o preço do barril de petróleo WTI operava em US$ 55,64, o menor nível registrado desde janeiro de 2021. O consenso do mercado aponta que essa tendência de baixa ou, no mínimo, de alta volatilidade, deve se manter no próximo ano.

Gasolina não baixa o preço - Foto: Getty Images
Gasolina não baixa o preço – Foto: Getty Images

Medo da Volatilidade e a Lógica do Faturamento

Para Adriano Pires, sócio-fundador do CBIE, a lógica da empresa mudou. “Como a Petrobras está vendo que o preço petróleo em 2026 vai estar volátil, e volátil para baixo, me parece que a companhia vai tentar adiar ao máximo sua perda de receita,” explica Pires. “A lógica mudou. Passa a ser segurar o máximo possível o faturamento.”

Essa necessidade de reforçar o caixa é vista como crucial diante dos compromissos financeiros da estatal. A Petrobras encerrou o terceiro trimestre de 2025 com uma dívida líquida de US$ 59,1 bilhões, um aumento considerável em relação aos US$ 44,2 bilhões registrados um ano antes. Além disso, a companhia possui um robusto plano de investimentos, prevendo US$ 109 bilhões a serem aplicados entre 2026 e 2030.

Integrantes do mercado já vinham alertando há algum tempo que a execução desse plano de investimentos poderia ser comprometida ou dificultada caso o cenário do petróleo se mantivesse com preços mais baixos do que o planejado. Ao segurar os preços internos, a Petrobras tenta manter sua receita estável para honrar dívidas e financiar seus projetos de longo prazo.

Leia aqui: Prepare o bolso: Gasolina e Gás de Cozinha vão subir em janeiro de 2026; entenda novo ICMS

A Petrobras deve repassar a queda do petróleo para o consumidor ou priorizar a saúde financeira da empresa? Dê sua opinião sobre a nova estratégia de preços!

 

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Robson Quirino
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Robson Quirino

Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.