Food truck está na moda

Saiba o que é preciso para ter um restaurante sobre rodas 

Os food trucks atraem a atenção das pessoas graças à variedade de alimentos no cardápio. Mas o fato de serem restaurantes dentro de veículos não passa despercebido. As vans e os caminhões modificados funcionam como um chamariz, afinal, é muito mais divertido comprar comida de um modelo personalizado do que em uma praça de alimentação comum.

11854051_10206188325319366_1322311913_n
Empreendedora Vanessa Morais em breve colocará nas ruas seu restaurante móvel | Foto Divulgação

A categoria, que já era bem conhecida nos Estados Unidos, se popularizou rapidamente em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Além de oferecer opções gastronômicas variadas, os preços também agradam – normalmente ficam na faixa de R$ 20.

“O público procura os food trucks por terem comida boa e com muitas opções em um só lugar. Geralmente os espaços também contam com bandas ou dj’s”, comenta Vanessa Morais, de 20 anos, que depois de estudar gastronomia, decidiu montar o seu food truck, chamado Carnivore Bros. O veículo já está em uma oficina de São Paulo e vai trabalhar com carnes como costelinha, coxinha da asa de frango e lanches.

Modificações

Antes de montar um food truck, no entanto, é fundamental escolher o veículo (novo ou usado) que melhor se adapte às necessidades do proprietário – o que depende totalmente dos pratos que serão servidos – e que possa ser modificado. De acordo com a empresa Truckvan, também da capital paulista, os modelos mais recomendados são Iveco Daily, Ford Transit, Mercedes-Benz Sprinter, Renault Master, Kia Bongo e HR Hyundai.

Feitas as escolhas, aí é hora de preparar o caminhão ou a van para a nova função. Algumas das modificações pelas quais ele deve passar são higienização interna e aplicação de inox por dentro do baú. Também é necessário fazer instalações elétricas, recuo pra botijão de gás (externo), colocação de bancadas de inox e equipamentos específicos para cada variedade de comida e aberturas para passagem dos alimentos e entrada e saída de pessoas.

Equipe do Quitenete na Rua escolheu o Sprinter da Mercedez-Bez | Foto: Divulgação
Equipe do Quitenete na Rua montou seu restaurante em um Mercedes-Benz Sprinter | Foto: Divulgação

“Hoje existem muitos veículo frágeis sendo utilizados como food trucks, o que pode causar sérios problemas futuros. Escolhi o 608D da Mercedes-Benz, por conta da sua fama de ser um caminhão para a vida toda, e fora que ele é um charme”, relata Vanessa.

Luiz Morillo, de 29 anos, um dos idealizadores do restarante sobre rodas Quitinete na Rua, mais uma vez de São Paulo, optou por um Sprinter da Mercedes-Benz. Ele conta que toda parte de construção da carroceria foi feita pela Tota Implementos Rodoviários. “Para fazer o visual, contratamos um escritório de arquitetura. A ideia era ele parecer um container, e incluímos vidro para que as pessoas pudessem enxergar a comida sendo preparada na hora”, relembra o empreendedor.

Além das mudanças já citadas, existem outras. Os veículos feitos pela Truckvan, por exemplo, também recebem a instalação de um sistema hidráulico. “Trabalhamos com um mecanismo formado por duas caixas d’agua de aço inox, uma para água limpa e outra para a água servida; engate rápido para mangueiras e bomba automática para atender tudo isso. Existe uma válvula simples para o descarte que os donos dos food trucks fazem de acordo com seu operacional. A capacidade varia de 80 a 100 litros, dependendo do chassi do veículo”, explica Rômulo Jesus, responsável pela área comercial da empresa.

Quanto à parte elétrica, o especialista diz que alguns cuidados são necessários. “Nossos projetos possuem distribuição elétrica com quadro geral, disjuntores e circuitos dimensionados de acordo com a potência de cada equipamento interno, e cabo elétrico de 25 metros com tomada para plugar nos locais de trabalho”, explica Jesus.

Preços

É preciso obter um Termo de Permissão de Uso para as atividades | Foto: Divulgação/TruckVan
Atividades com food trucks exigem autorização da prefeitura | Foto: Divulgação/Truckvan

Pelas informações da Truckvan, montar um restaurante sobre rodas custa entre R$ 190 mil e R$ 220 mil. Só a customização do baú de alumínio, feita pela empresa, varia entre R$ 75 mil e R$ 85 mil. A versão mais completa inclui os equipamentos de cozinha e a instalação dos sistemas elétrica, hidráulico e de gás com Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

Legislação

A infraestrutura necessária para montar um food truck tem de ser planejada para atender às necessidades de preparação e comercialização dos alimentos e sempre segundo as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) municipal e estadual, Prefeitura, Departamento Nacional de Trânsito (Denatran, Departamento Estadual de Trânsito ( Detran) e Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

Em São Paulo, a Lei 15.947/2013 aprova a venda de comida de rua, que pode ser comercializada em barracas desmontáveis, carrinhos, tabuleiros e veículos automotores (com comprimento máximo de 6,30 metros) – o Rio de Janeiro segue praticamente as mesmas determinações, mas nos demais estados do País ainda não existem legislações específicas para cozinhas sobre rodas.

Mas é importante salientar que eles não podem atuar onde bem entenderem. Conforme a legislação, para a ocupação dos espaços públicos ou privados de uso comum destinados a esse tipo de comércio é necessários possui o Termo de Permissão de Uso. O documento vale por dois anos, e o pedido é feito junto à Subprefeitura do local onde se pretende instalar o restaurante móvel.

É preciso manter o veículo limpo por dentro e por fora | Foto: Divulgação/TruckVan
Montagem do food truck, normalmente, fica entre R$ 190 mil e R$ 22 mil | Foto: Divulgação/Truckvan

Depois que o Termo de Permissão é liberado, o permissionário tem 90 dias para se instalar efetivamente no local. Nesse prazo, ele também deverá realizar uma inspeção junto à Coordenação de Vigilância Sanitária.

Além disso, é preciso comprovar a regularidade das alterações do veículo junto ao órgão de trânsito. A fiscalização relacionada à parte higiênica e sanitária fica por conta da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa). E quem trabalha com a comida tem de fazer adquirir o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO).

Em caso de infrações, os empresários podem tomar advertências, multas ou ter os equipamentos e as mercadorias apreendidos. Alguns casos ainda não passíveis da suspensão das atividades e o cancelamento do Termo de Permissão de Uso.

 

ASSISTA AGORA
Veja mais ›
Fechar