Fechamento da fábrica da Caoa Chery: tudo o que você precisa saber

Entenda os motivos por trás do fechamento da fábrica da Caoa Chery por um período de três anos. Baixo número de vendas é um deles.

Conforme já anunciado, a Caoa Chery irá paralisar a produção da linha de montagem de sua fábrica no interior de São Paulo por três anos. O retorno das atividades está previsto para 2025, junto com a produção de carros híbridos e elétricos.

Entenda os motivos do fechamento da fábrica da Caoa Chery (Foto: Roosevelt Cássio)

Fechamento da fábrica da Caoa Chery em São Paulo: veja os motivos da decisão

No início do mês de maio, a Caoa Chery anunciou o fechamento temporário de sua fábrica em Jacareí, interior de São Paulo.

De acordo com a montadora, a decisão foi pensada para que a unidade fosse atualizada para agregar a nova linha de modelos da marca, que será de eletrificados, entre híbridos e elétricos.

A intenção da montadora é eletrificar seu portfólio até 2023, no entanto, a produção na planta de Jacareí só retornará em 2025.

Conforme explicou a montadora, essa é a primeira vez que a fábrica, inaugurada em 2015, passará por uma atualização desse porte. A unidade fabril passará por mudanças para adequação dos processos produtivos que permitirão a introdução de novos produtos concebidos a partir de plataformas de última geração, equipados com propulsores híbridos ou 100% elétricos.

A montadora destacou ainda que a adaptação da unidade de Jacareí terá como parâmetro os processos produtivos já adotados na fábrica da CAOA Montadora, localizada em Anápolis (GO).

A planta de Anápolis se destaca pelos processos produtivos flexíveis desenvolvidos pela CAOA, para permitir a fabricação de vários modelos na mesma operação industrial.

Baixo número de vendas, crise automotiva e produção bem abaixo das capacidades intensificaram a decisão

Por mais que a montadora afirme que a decisão foi tomada com a intensão de renovar a linha de produtos. Para especialistas do setor, a atitude também foi influenciada por fatores como baixo número de vendas e a crise automotiva, que fez com que a produção se ficasse bem abaixo das capacidades.

A fábrica que tem capacidade de produzir cerca de 150 mil veículos por ano, vendeu em 2021, apenas 12.268 unidades de modelos como Tiggo 2, Tiggo 3X e Arrizo 6.

Porém, os veículos em questão tiveram destinos diferentes. O Tiggo 2 saiu de linha logo no início desse ano, enquanto o 3X passa a ser descontinuado a partir da decisão de fechamento da fábrica, enquanto o sedã Arrizo 6 passará a ser importado.

Tiggo 3x (Foto: Divulgação)

Além do baixo número de vendas, a fábrica situada em Anápolis rende à marca melhores incentivos fiscais, o que torna a produção por lá, mais rentável.

“Devido a incentivos fiscais, é muito mais barato produzir em Anápolis do que em Jacareí. Além disso, é mais vantajoso concentrar a produção em um só local para cortar gastos. Custa muito dinheiro manter tamanha capacidade ociosa em São Paulo, não compensa, não tem como sobreviver” destacou o sócio da Bright Consulting, Cassio Pagliarini, ao Uol Carros.

Entenda os motivos do fechamento da fábrica da Caoa Chery (Foto: Roosevelt Cássio)

Sindicato tenta saída para que não haja demissão em massa no local

Com a paralisação da produção prevista por um período de três anos, dos 600 funcionários do local, cerca de 480 seriam demitidos.

Como tentativa de evitar o acontecimento, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região protocolou na Câmara Municipal de Jacareí, na última segunda-feira (9), uma proposta de projeto de lei para proibir o encerramento das atividades da Caoa Chery na cidade.

O projeto também pede o reconhecimento da indústria automotiva como sendo de interesse estratégico para o desenvolvimento regional. Cobra, ainda, a exigência de contrapartida aos benefícios tributários recebidos pela montadora na sua fase de implantação.

“A Caoa Chery tem o dever de cumprir sua responsabilidade social, principalmente diante de tantos benefícios recebidos e do esforço dos trabalhadores para a construção e crescimento dessa fábrica. O encerramento das atividades é uma afronta a toda população, que deve se somar a essa luta contra o fechamento.

O Sindicato defende a estatização da fábrica como forma de manter os empregos e termos no Brasil, finalmente, uma montadora nacional”, afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.

Representantes do Sindicato e da Caoa Chery reúnem-se, nesta terça-feira (10), para discutir a situação dos trabalhadores da fábrica em Jacareí.

O Sindicato vai levar para a mesa de negociação a proposta de licença remunerada e layoff com estabilidade no emprego, já aprovada pelos trabalhadores.

Arrizo 6 será importado (Foto: Divulgação)

Escrito por

Nicole Santana

Jornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.

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