Fechamento da Caoa Chery em Jacareí (SP): trabalhadores ocupam fábrica 

Cerca de 200 trabalhadores ocuparam a fábrica da Caoa Chery, em Jacareí (SP), na última terça-feira (24). A ocupação, que durou cerca de uma hora e meia, ocorreu em protesto, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região (SindMetal), “contra a falta de compromisso da empresa”, que voltou atrás em acordo assinado em ata com o sindicato.

Os trabalhadores seguem com o acampamento em frente à fábrica, com o propósito de realizar uma mobilização por dia.

Trabalhadores protestam contra fechamento de fábrica (Foto: Roosevelt Cássio/SindMetal)

Caoa Chery recusa proposta do MP e empregados ocupam fábrica

Em assembleia, os funcionários demitidos rejeitaram a proposta patronal – indenização de sete a 15 salários nominais aos demitidos, sem benefícios e sem layoff – e aprovaram a reivindicação apresentada pelo SindMetal, que prevê cinco meses de layoff mais três meses de estabilidade no emprego. 

Também foi aprovada a proposta do Ministério Público do Trabalho (MPT), apresentada em audiência no dia 20, sendo: 20 salários nominais e extensão por 18 meses de todos os benefícios para quem aderir ao plano de indenização social.

Caoa Chery
fábrica da Caoa Chery em Jacareí-SP (Foto: Divulgação/Caoa Chery)

Negociações com Ministério Público terminam em impasse

Os trabalhadores estão em luta contra o fechamento da fábrica e pela adoção do layoff na planta. O SindMetal alega que no último dia 10, a direção da Caoa Chery assinou um documento aprovando o layoff de cinco meses com mais três meses de estabilidade.

“Porém, dois dias após assinar a ata, a Caoa Chery desistiu do compromisso. Desde então, o sindicato tenta avançar nas negociações com a empresa”, afirma o Sindmetal.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) passou a mediar as tratativas. Duas audiências de conciliação, realizadas na sexta (20) e segunda-feira (23), terminaram em impasse.

“A Caoa Chery voltou atrás em todas as propostas que tínhamos construído ao longo deste mês. Os trabalhadores estão indignados com a falta de compromisso da empresa”, desabafa o o presidente do SindMetal, Weller Gonçalves. “Por isso, fizemos essa ocupação como uma determinação de luta. É um momento histórico de mobilização”, afirma.

Procurada pela reportagem da Agência Brasil, a Caoa Chery afirmou que não comenta negociações em curso. Quanto à ocupação, limitou-se a dizer que está acionando os seus advogados para tratar do assunto.

Caoa Chery
Caoa Chery Tiggo 3X (Foto: Divulgação/Caoa Chery)

O fechamento da fábrica

No dia 5 de maio, a Caoa Chery anunciou o fechamento da fábrica de Jacareí e a demissão de cerca de 480 trabalhadores. Na ocasião, a empresa explicou que faria o reposicionamento da sua gama de produtos no mercado nacional, prometendo eletrificar todos os modelos de seu portfólio até o fim de 2023.

A montadora informou ainda que essa readequação tinha por objetivo aumentar sua competitividade no âmbito nacional e internacional, seguindo os movimentos tecnológicos da indústria automotiva mundial.

A adaptação da unidade de Jacareí, de acordo com a montadora, teria como parâmetro os processos produtivos adotados na fábrica da Caoa em Anápolis (GO), que deve receber novos lançamentos no segundo semestre deste ano.

A fábrica em Jacareí era responsável pela produção dos modelos Tiggo 3 e Arizzo 6 e contava com 600 funcionários, 370 deles no setor de produção. Com a desmobilização, a empresa demitiu toda a equipe de produção e metade dos funcionários do setor administrativo.

(Foto: Divulgação/SindMetal)

Paulo Silveira Lima
Paulo Silveira LimaJornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.
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