Exclusiva: especialista fala sobre carros elétricos em meio aumentos de combustíveis

Entenda o real cenário brasileiro para o desenvolvimento dos carros elétricos e como o aumento dos combustíveis impacta o setor.

O segmento de carros elétricos pode ser beneficiado com os constantes aumentos de combustíveis, registrados nos últimos tempos. Para especialista no segmento, o Estado deve ser o principal incentivador do desenvolvimento do segmento. Veja os detalhes!

Carros elétricos devem se beneficiar dos novos aumentos de combustíveis (Foto: Pixabay)

Novos aumentos de combustíveis abrem espaço para a expansão dos carros elétricos

Conforme já adiantado pelo Garagem360, na última semana, a Petrobras divulgou novos reajustes para as distribuidoras, onde a gasolina passará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro (alta de 5,18%) e o diesel passará de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro (alta de 14,26%).

Tais aumentos ainda não fazem parte das atuais médias de preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, a ANP. Que constatou que entre os dias 12 e 18 de junho, apurou que o preço médio da gasolina atingiu o valor de R$ 7,232 no território nacional, porém, já atingiu valores de R$ 8,99 no Rio de Janeiro.

Com esse cenário em mente, o segmento de carros elétricos deve ser beneficiado, segundo o porta-voz da Elev, Ricardo David, que é engenheiro eletricista, pós-graduado pela Universidade Federal da Bahia.

Em entrevista exclusiva ao Garagem360, o especialista afirma que o “constante aumento do preço dos combustíveis cria uma situação de insegurança muito grande entre os consumidores, principalmente naqueles segmentos em que a mobilidade é essencial, como transporte urbano e rodoviário, motoristas de aplicativo, táxi, entre outras atividades. Para essas aplicações, o carro elétrico já apresenta grande vantagem econômica.”

Questionado sobre os altos preços para adquirir um modelo elétrico, mesmo considerando os elevados preços dos combustíveis, David explica que para alguns segmentos, o carro elétrico, apesar de possuir um preço de aquisição maior, já é mais econômico, principalmente devido a existência de linhas de financiamento específicas.

Nesse sentido, ele dá o exemplo do Banco do Brasil que recentemente anunciou a possibilidade de juros reduzidos na aquisição dos modelos eletrificados, que fazem com que a prestação seja equivalente à economia de combustível, que, no caso do carro elétrico, chega a ser seis vezes menor que um veículo a combustão.

Além disso, ele destaque que o veículo zero emissão de carbono gera um custo de manutenção muito inferior, além de alguns incentivos já existentes em alguns centros urbanos, a exemplo de São Paulo.

Em determinados locais, gasolina beira os R$ 9,00 (Foto: Pixabay)

Brasil tem condições favoráveis para desenvolver a eletromobilidade no país

Atualmente, a frota de veículos eletrificados no Brasil é representada por uma porcentagem de pouco mais de 2,6% do total de veículos. De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico, o mercado cresceu 78% no último quadrimestre, o os carros híbridos e elétricos devem atingiu um total de 100 mil unidades até o fim de julho.

No entanto, por mais animador que os números sejam, o país ainda caminha lentamente rumo ao futuro eletrificado.

Quando perguntado como desenvolver melhor e mais rapidamente o segmento no país, o porta-voz da Elev destacou que os incentivos do estado são essenciais. De acordo com ele, com uma matriz de produção de energia elétrica composta por 86% de energia renovável, o Brasil tem a excelente oportunidade de fazer a sua conversão para a eletromobilidade completamente de forma sustentável.

“Em todos os países do mundo, a exemplo da China, Alemanha, Noruega, entre outros, o Estado tem sido o grande propulsor do mercado de carros elétricos (…) Bastam políticas integradas que possibilitem o carregamento dos carros elétricos, preferencialmente com energias renováveis, abundantes em nossa matriz.”

A energia solar aliada ao carregamento dos carros elétricos

Ainda sobre o tema de energias renováveis disponíveis do Brasil, Ricardo comenta que no cenário atual as grandes redes de frotistas do Brasil podem se valer dos atuais incentivos para a implantação de energia solar e ter o abastecimento da sua frota completamente realizado por usinas solares voltadas para esse fim.

Ele explica que estas usinas podem ser instaladas tanto em Centros de Distribuição, como podem estar situadas em áreas rurais, aproveitando os benefícios da atual legislação.

“Um cidadão comum também poderá valer-se desse benefício, tornando o carregamento do seu veículo completamente sustentável, por meio de usinas instaladas em suas residências. Imagine garantir um abastecimento do seu veículo apenas com a energia do sol e não se preocupar mais com esses aumentos abusivos de combustíveis.”

Energia solar deve ser aliada do VEs (Foto: Pixabay)

O que é necessário para desenvolver o segmento no Brasil

Por mais promissor que o mercado de eletrificados seja, ainda há muito o que ser feito para desenvolver e popularizar os VEs no país. Nesse sentido, David destaca uma maior participação dos governos Federal, Estaduais e Municipais, por meio de políticas de incentivos à eletromobilidade.

A queda das taxas de juros, que facilitam a aquisição parcelada dos modelos eletrificados e o estabelecimento de uma política industrial voltada para criação de uma cadeia produtiva nacional capaz de atender às exigências específicas do mercado brasileiro, também se faz necessário.

Além disso, uma rede de infraestrutura também precisa ser implantada ao longo do nosso gigantesco país, para permitir um carregamento em vários locais públicos e com um tempo de carregamento cada vez menor.

“Enquanto os veículos comerciais leves a combustão viram suas vendas caírem até maio/2022 em 18% em relação ao mesmo período do ano passado, os veículos leves eletrificados experimentaram um avanço de 54%, no mesmo período. Isso mostra que, apesar das dificuldades, a eletrificação da nossa frota segue em ritmo forte, podendo crescer ainda mais se contar com a redução das barreiras existentes,” conclui o especialista.

Ainda há muito trabalho para desenvolver o segmento no Brasil (Foto: Pixabay)

 

Escrito por

Nicole Santana

Jornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.

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