Etanol pode ser ainda mais econômico do que gasolina, diz pesquisa; saiba calcular

Uma pesquisa liderada pelo Instituto Mauá de Tecnologia, com apoio da União da Indústria de Cana-De-Açúcar (Única), revelou que o uso do etanol pode ser ainda mais vantajoso do que os padrões atuais estabeleciam. Até então, a medida mais aceita era a do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), que dizia que o desempenho médio do combustível vegetal em relação à gasolina comum era de até 72,1%. De acordo com o novo estudo, esse número saltou para até 75,4%.

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Combustível ruim pode aumentar nível dos gases tóxicos emitidos pelo carro

De acordo com o professor e chefe da Divisão de Motores e Veículos do Instituto Mauá, Renato Romio, o resultado do teste coloca em xeque a relação dos 70% que é adotada pelos motoristas na hora de abastecer. O número é referente ao poder calorífico do etanol em relação à gasolina e criou a equação de dividir o preço do litro do álcool pelo o do derivado do petróleo.

Caso o resultado seja menor que 0,7, então o combustível vegetal é mais vantajoso. Se for maior, então a gasolina renderia mais. Porém, se for considerado o novo estudo, este número aumentaria para 0,75.

Na prática, por exemplo, se o litro de gasolina custa R$ 3,60, o de etanol seria melhor opção até se custasse R$ 2,70.

Evolução flex

Segundo Romio, o resultado é por conta da evolução dos motores flex nesses 14 anos de mercado. “Essa regra dos 70% surgiu na época que eles começaram. Ainda não havia o programa de economia de combustível, que exige números menores de emissão de CO2”, afirma o acadêmico. “Com isso, os motores evoluíram muito. Antes, por conta da taxa de compressão baixa, era como se fossem propulsores a gasolina adaptados para rodar com álcool. Hoje isso se inverteu, pois a taxa em geral é mais apropriada para o etanol, por ser mais alta.”

Para realizar o estudo foram utilizados quatro segmentos distintos, com cinco veículos representando cada um deles. O Fiat Uno foi escolhido para ser o popular 1.0. Já o Toyota Corolla 1.8 flex automático defendeu os sedãs médios. Para os SUVs, o Renault Duster 2.0 era o eleito, e coube ao Hyundai HB20 ser o modelo popular 1.6.

Todos os veículos foram calibrados e alinhados antes de cada etapa do teste, além de passarem por revisões mecânicas antes do início das medições. Ao todo cada carro percorreu 15 vezes o trajeto de 27 km no ciclo urbano e de 30 km no ciclo rodoviário.

Ao contrário do teste do PBEV, que utiliza a gasolina com 22% de etanol na composição, o Instituto Mauá adotou a E27, com 27% de combustível vegetal adicionado. Romio optou por essa troca por se tratar do padrão vendido nos postos de todo o País.

Vale ressaltar que, embora a pesquisa afirme que o álcool pesa menos no bolso do consumidor, isso não significa que ele tenha consumo menor, já que a gasolina segue proporcionando a maior autonomia. A justificativa econômica é por conta do preço dos dois.

Menos CO2 que um elétrico

Além da economia, Romio afirma que um veículo flex brasileiro pode ser mais ecológico que um carro elétrico europeu. “Um modelo queimando etanol no Brasil gera menos CO2 na atmosfera que um elétrico, que, por mais que este não gere gases poluentes, na Europa a produção de energia é por meio das termoelétricas, que poluem muito mais a atmosfera.”

Leo Alves
Leo AlvesJornalista formado na Universidade Metodista de São Paulo e participante do curso livre de Jornalismo Automotivo da Faculdade Cásper Líbero, sou apaixonado por carros desde que me conheço por gente. Já escrevi sobre tecnologia, turismo e futebol, mas o meu coração é impulsionado por motores e quatro rodas (embora goste muito de aviação também). Já estive na mesma sala que Lewis Hamilton, conversei com Rubens Barrichello e entrevistei Christian Fittipaldi.
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