O último ano foi registrado por diversos aumentos no mercado automotivo. Seja ele no segmento de seminovos e usados, bem como no de carros zero quilômetro. Mas até onde os aumentos são consequência da alta do dólar, e como a moeda norte-americana influencia no mercado brasileiro? Veja a opinião do diretor de comunicação de startup de compra e venda de veículos, Gustavo Braga, sobre o assunto.
Como a alta do dólar: como a moeda norte-americana influencia o setor automotivo brasileiro
O ano de 2021 encerrou com a mais alta inflação (10,06%) desde 2015, conforme aponta o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e isso reflete no poder de compra, nos preços dos alimentos, produtos e serviços, no valor de aluguéis, salários, assim como em todo o cenário econômico, inclusive no mercado automotivo brasileiro, que no último ano, enfrentou diversas dificuldades, inclusive a falta de insumos para a produção dos veículos nos polos fabris por aqui instalados.
Para o diretor de comunicação da Carup, startup de compra e venda de veículos, Gustavo Braga, outro fator que causa impacto em diversos segmentos é a alta do dólar. Para método de análise, em março do ano passado, a moeda atingiu seu pico de R$ 5,797 e seu menor valor foi em junho, quando equivalia a R$4,905.
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“Com uma média elevada, isso impacta também o setor automotivo, ainda que estejamos falando do valor de carros nacionais.”
Importação de componentes encarece a produção nacional
Braga explica que isso ocorre principalmente porque muitos componentes dos veículos são trazidos de fora. Para se ter uma ideia, mesmo em um modelo de entrada, cerca de 40% de suas peças são importadas.
Ou seja, mesmo com produção nacional, as peças e tecnologia importada para fabricar os veículos, reflete no preço final do produto destinado ao consumidor brasileiror. Segundo a Anfavea, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, estima que o reflexo dessa alta do dólar acarrete uma média de R$ 2.640 a mais na produção dos veículos.
Mercado retraído pode ser consequência da desvalorização do real
Comparando o mercado de carros novos, houve queda de 5,4% nas vendas em relação ao ano anterior, ao passo que o mercado de seminovos e usados cresceu mais de 15% em relação a 2020. Para o ano que se inicia, a expectativa é de melhora no setor. A Anfavea estima uma alta de 4,9% nas vendas de automóveis em 2022.
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Além da alta do dólar, fatores políticos geram alterações no mercado
Gustavo Braga afirma que “ainda é cedo para termos certezas, mas as projeções para este ano são positivas, basta saber se a moeda internacional vai cooperar. Vale lembrar que neste ano haverá eleições presidenciais no país e isso também mexe na economia do Brasil.”
“Temos uma indústria resiliente, que trabalhou de forma intensa para proteger seus funcionários nesses dois anos de crise, mitigar perdas e manter investimentos em produtos, dado que entramos em 2022 com uma nova e rigorosa fase do Proconve para veículos leves, que reduz ainda mais as emissões dos automóveis brasileiros”, destacou. “Apesar das turbulências econômicas e do ano eleitoral, apostamos numa recuperação de todos os indicadores da indústria, que poderiam ser ainda melhores se houvesse um ambiente de negócios mais favorável e uma reestruturação tributária sobre os produtos industrializados”, afirmou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.