Especial fabricantes nacionais: FNM, a empresa que uniu o Brasil e a Itália
Em 13 de julho de 1942, nascia na cidade de Duque de Caxias (RJ) a Fábrica Nacional de Motores – também conhecida pela sigla FNM e pela pronúncia “fênêmê”. O propósito da empresa estatal era produzir motores para a aviação, em virtude da Segunda Guerra Mundial. Apesar disso, a fábrica só passou a operar em 1946, após o final dos combates.
Isso gerou uma profunda crise na empresa, que chegou a ser colocada à venda na época, mas sem sucesso. Após três anos de indefinições, a FNM fechou um contrato em 1949 com a italiana Isotta-Fraschini. A ideia era iniciar a produção de caminhões da empresa no Brasil. O FNM D-7300 foi o primeiro montado no País, com 30% de nacionalização de peças.
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Ainda no início dos anos 1950, houve mais uma dificuldade para a empresa brasileira. A Isotta faliu na Itália e suspendeu o envio de peças para o Brasil. Com isso, a FNM fechou contrato com a também italiana Alfa-Romeo, inicialmente para produzir versões de seus caminhões e ônibus.
A montagem começou em 1952, com o caminhão D-9500 sendo o primeiro fruto dessa parceria. Nesse primeiro ano, todas as peças eram importadas. A partir de 1953, foi iniciado o processo de nacionalização do modelo. Alguns anos depois, em 1957, chegou ao mercado o caminhão D-11000, maior e mais potente que o D-9500.
JK
No dia 21 de abril de 1960, mesma data em que a cidade de Brasília foi inaugurada, a FNM entrava no mundo dos automóveis. O escolhido foi o Alfa-Romeo 2000, rebatizado de FNM JK (e, posteriormente, de FNM 2000). Ele homenageava o presidente Juscelino Kubitschek, um dos grandes incentivadores da indústria automobilística brasileira.
O sedã era um dos veículos mais caros do mercado na época. E, mesmo com o alto preço, ele ficou marcado por conta de inúmeros problemas de assistência técnica. Além disso, por conta do Golpe Militar de 1964, a situação da montadora nacional ficou ameaçada, já que havia uma pressão para que a empresa fosse privatizada.
Em 1968, a própria Alfa-Romeo passou a ser a nova proprietária da empresa, em uma das primeiras privatizações da história do Brasil. Entretanto, o caminhão D-11000 e o FNM 2000 seguiam em linha.
Era Alfa-Romeo
Naquele mesmo ano, durante o Salão do Automóvel, o FNM 2000 seria reformulado e mudaria seu nome para 2150. Seu motor passou a ser o de 2.132 cc, substituindo o anterior de 1975 cc, o que justificou a mudança do nome. O visual foi levemente alterado, com uma frente mais limpa, com capô liso e para-choque menor.
Um ano depois, em 1969, a Fiat comprou a Alfa-Romeo, que passou a fazer parte de seu grupo. Quatro anos depois, a nova proprietária adquiriu 43% das ações da FNM. Ainda em 1973, as últimas unidades dos caminhões da série D-11000 foram fabricadas.
Da Fiat para o fim
Um novo sedã foi lançado em 1974. O Alfa-Romeo 2300 não levava a marca FNM, para tentar afastá-lo da imagem negativa que ficou na série 2000/2150. Mesmo assim, o modelo sofreu com problemas de montagem e má qualidade de peças. Isso só foi resolvido em 1978, quando sua produção passou para a fábrica da Fiat, em Betim (MG).
Dois anos depois, em 1976, três novos caminhões foram fabricados, os Fiat 70, 130 e 190 E – este último era um caminhão FNM 180 com motor da empresa italiana. No mesmo ano, a fabricante passou a ser proprietária de 94% das ações da FNM, comprando a parte que era da Alfa-Romeo.
No ano seguinte, todos os caminhões eram vendidos com o nome da Fiat. Ainda em 1977, a razão social da FNM foi mudada para Fiat Diesel Brasil S.A.. Após diversos planos de expansão e exportação, as baixas vendas determinaram o fechamento da empresa em 1985. Em 1986, foi a vez do sedã 2300 sair de linha.
Fonte de pesquisa: Lexicar e Alfa-FNM
Jornalista formado na Universidade Metodista de São Paulo e participante do curso livre de Jornalismo Automotivo da Faculdade Cásper Líbero, sou apaixonado por carros desde que me conheço por gente. Já escrevi sobre tecnologia, turismo e futebol, mas o meu coração é impulsionado por motores e quatro rodas (embora goste muito de aviação também). Já estive na mesma sala que Lewis Hamilton, conversei com Rubens Barrichello e entrevistei Christian Fittipaldi.